O processo de globalização trouxe para as grandes organizações uma série de consequências, entre as quais a prática das aposentadorias incentivadas, em que diversos trabalhadores experientes foram dispensados, muitos sem qualquer preparação para uma vida que pode durar mais do que o tempo dedicado ao trabalho. Hoje muitas organizações já reconhecem o valor dos trabalhadores mais velhos, que, se atualizados, podem continuar tão motivados quanto já demonstraram em capacidade e experiência. Entretanto, alguns precisam ou desejam se aposentar, aproveitando o tempo livre para realizar atividades de desenvolvimento pessoal, de lazer, de cuidado com a saúde, desenvolvimento de projetos pessoais, relacionamentos sociais e familiares e mesmo para o engajamento em uma atividade profissional mais prazerosa. Este artigo pretende oferecer uma perspectiva do envelhecimento dos trabalhadores nas organizações e do desafio de lidar com a aposentadoria, analisando-se aspectos e variáveis que podem facilitar ou dificultar o bem-estar das pessoas nessa transição. Mais do que focar nas teorias que estariam fundamentando os Programas de Preparação para a Aposentadoria (PPAs), o artigo apresenta algumas pesquisas empíricas, de forma a incentivar a reflexão dos psicólogos sociais, organizacionais e orientadores profissionais sobre as suas possibilidades de inserção nessa área de atuação.
O aumento da população idosa é um dos fenômenos mais notáveis nos últimos tempos, e vem ocorrendo tanto nos países centrais quanto nos periféricos. Esse novo cenário demográfico provocou diversas mudanças em todos os setores da sociedade, inclusive nas organizações. Nesse sentido, alguns pesquisadores vêm estudando as variáveis que podem influenciar a decisão trabalho-aposentadoria. Este estudo discute os aspectos que podem fazer aumentar a permanência dos trabalhadores na organização, sua saída definitiva do mercado ou a adoção do bridge employment (o emprego que tem vez após o rompimento com a estrutura formal do trabalho). São analisados os aspectos individuais (idade, percepção de saúde, expectativa subjetiva de vida, situação e relacionamento familiar e status financeiro), aspectos de trabalho (percepção e controle do trabalho, flexibilidade de horário) e a preparação para a aposentadoria, que podem influenciar a decisão desses trabalhadores. Por fim, discutem-se os limites e as possibilidades de transposição dos achados de pesquisas estrangeiras sobre a decisão de aposentadoria para o contexto brasileiro, e são apresentados alguns desafios para a gestão da aposentadoria no Brasil.
This study examines the influence of social predictors on the attitudes towards retirement in 517 Brazilian and New Zealand top executives. The social predictors were represented by four measures: the job perception scale (JPS), the diversity of time allocation of activities and relationships index (SOD), the influence of family and friends on retirement decision (FFIRD); and the perception of quality of life in the country (PCQL). The influence of these predictors were analysed by multiple regression on other two scales: the executive's perception of gains in retirement (EPGR) and the executive's perception of losses in retirement (EPLR). The results point out that the importance of gains is increased by the influence of family and friends on retirement decision, for both nationalities. This is also increased by the diversity of time allocation for activities and relationships, but only for Brazilians. Brazilian executives who perceive their jobs positively have more positive attitudes towards relationships, leisure, hobbies and cultural activities in retirement. The perception of the quality of life in the country does not influence retirement attitudes, but represents the main significant difference between Brazilians and New Zealanders.
RESUMO Este artigo apresenta aspectos relevantes ao planejamento da aposentadoria percebidos por 121 trabalhadores com 45 anos ou mais, de cargos não-gerenciais em grandes organizações, no município de Resende, RJ. A pesquisa validou a escala de fatores-chave para o planejamento para a aposentadoria (KFRP - Key Factors on Retirement Planning), para trabalhadores não-gerentes. A escala de15 ítens apresentou índice de consistência interna satisfatório (α = 84). A análise fatorial extraiu quatro dimensões denominadas bem-estar pessoal e social (α = 0,76); fatores de risco ou de sobrevivência (α = 0,73); começo de uma nova carreira (α = 0,73) e relacionamentos familiares (α = 72). É inegável o interesse destes trabalhadores em continuar em atividade (92%) após a aposentadoria. Os resultados sugerem aos recursos humanos a atualização de conhecimentos e tecnologia aos trabalhadores mais velhos que desejam continuar no mercado de trabalho; e a implantação de Programas de Preparação para a Aposentadoria para os que desejam se aposentar.
Este estudo analisou as percepções dos servidores públicos federais sobre o bem-estar na aposentadoria e como estavam se preparando para esta transição. O objetivo foi contribuir para o entendimento do processo de aposentadoria e subsidiar políticas públicas e programas de preparação para aposentadoria. O estudo foi realizado na Universidade Federal de Viçosa, MG e a amostra foi composta por docentes e técnico-administrativos. A coleta de dados foi realizada entre agosto de 2010 e fevereiro de 2011, sendo realizadas entrevistas semi-estruturadas. As análises de significância do bem-estar na aposentadoria foram baseadas no modelo da análise de discurso proposto por Patrick Chareudeau. Os resultados sugerem que os fatores percebidos como essenciais para o bem-estar na aposentadoria foram saúde e tranquilidade financeira, que estão ligados à dimensão fatores de risco e sobrevivência. Os fatores considerados positivos em relação ao bem-estar foram educação, relacionamento familiar, saúde e envolvimento em atividades culturais e de lazer. Os fatores negativos foram a perda das perspectivas de trabalho na aposentadoria, da segurança financeira e da falta de conhecimento prévio do processo de aposentadoria, que juntos predizem dificuldades na transição. Os resultados enfatizaram a importância de incluir a família na preparação para a aposentadoria como ressaltado em pesquisas anteriores. É evidente, ainda, a falta de preparação para aposentadoria pelos participantes desta pesquisa. Ao final, destaca-se que o conhecimento dos fatores-chave que contribuem para o bem-estar na aposentadoria para cada categoria profissional pode levar a maior adesão aos programas, e, consequentemente, ao bem-estar em geral para os aposentados e suas famílias.
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