Escritora bell hooks morre aos 69 anos nos Estados Unidos". Esse foi o tema em vários meios de comunicação, em 15 de dezembro de 2021, quando, junto com a profunda tristeza, ficou também a vontade de continuar lendo e compartilhando a luta da intelectual negra feminista que com suas reflexões impactou muitas mulheres, defendeu o diálogo, o pensamento coletivo, a luta por reconhecimento, respeito, espaço e deixou evidente a importância da educação mais justa e inclusiva.Voltando os olhos para a sua produção, o seu legado permanecerá nos livros, que são o suporte das ideias e das provocações de uma escrita que revelou uma mulher forte, determinada e engajada numa causa que extrapolou os limites geográficos do lugar onde nasceu e, ouso dizer, que suas palavras atingiram e mudaram a postura e o percurso dos seus leitores 1 .Em 1952, no sul dos Estados Unidos, em Hopkinsville, nascia Gloria Jean Watkins. Ela optou pelo pseudônimo de sua bisavó, Bell Blair Hooks, que foi uma mulher "que não teve medo de erguer a voz", mesmo numa época e sociedade segregadas. A grafia do nome em minúsculo vai a contrapelo das produções acadêmicas e busca enfatizar mais a escrita e as reflexões do que a figura do autor. bell hooks estudou língua inglesa na Universidade de Stanford, na Califórnia, fez o mestrado na Universidade de Wisconsin Madison e o doutorado pela Universidade da Califórnia Santa Cruz, "onde escreveu sua dissertação sobre a escritora negra estadunidense Toni Morrison" (Editora Elefante, 2020).Erguer a voz: pensar como feminista, pensar como negra é publicado em português, em 2019, com tradução de Cátia Bocaiuva Maringolo e prefácio à edição brasileira da historiadora Mariléa de Almeida. A publicação original em inglês, Talking Back: Thinking Feminist, Thinking Black, em 1989, nos faz pensar que somente trinta e quatro anos depois da publicação original o livro chegou aos leitores e leitoras brasileiros que não dominam a leitura no idioma inglês. A editora responsável pela edição do livro no Brasil foi a Elefante, que destaca a recepção calorosa dos títulos no país e que, com início em 2019, em breve terá treze livros da autora publicados no total (Editora Elefante, 2020).O livro Erguer a voz foi dividido em 23 capítulos e mais uma entrevista por Yvonne Zylan.Com uma linguagem forte, bell hooks provoca os leitores e leitoras com reflexões sobre seu percurso: na infância e adolescência numa cidade segregada, Hopkinsville, nos Estados Unidos; nas dificuldades e desafios na pós-graduação; na escrita de Ain't I a woman, a que se dedicou durante