Há mais de 170 anos, feministas questionam o conceito de mulheridade, observando como a definição do que é ser mulher perpassa múltiplas e complexas questões. A diversidade da categoria “mulher” impulsionou a construção de vários conceitos, teorias e metodologias no arcabouço feminista, tais como a interseccionalidade, o lugar de fala, a teoria do ponto de vista, os saberes localizados, o feminismo negro, o feminismo decolonial, o feminismo dialógico, entre outros. Lídia Puigvert e Márcia Tiburi têm teorizado sobre o feminismo dialógico, demonstrando que é possível pensar em um feminismo que, por meio de um posicionamento ético, como um lugar de fala e de escuta, de diálogo e de solidariedade entre diferentes vozes, perceba as desigualdades sociais e lute contra as diversas formas de opressão. Neste artigo, visamos desenvolver uma reflexão a partir do cotejamento de ideias propostas por Lídia Puigvert e Márcia Tiburi sobre o feminismo dialógico com alguns conceitos propostos por Mikhail Bakhtin, verificando de que modo o pensamento bakhtiniano pode colaborar para um feminismo dialógico. Com esta reflexão, é possível observar que muitos conceitos elaborados por Bakhtin, como diálogo, relações dialógicas, heterodiscurso, posições axiológicas, ato ético, alteridade e excedente de visão, podem contribuir para um feminismo dialógico, tanto como teoria quanto como práxis, iluminando facetas de uma abordagem de alto poder heurístico para promover espaços democráticos plurais.
O presente trabalho tem por objetivo analisar o discurso intolerante contra a mulher nas redes sociais, especificamente no Facebook. Com a internet, a intolerância se propagou, sendo a mulher um alvo constante de insultos. A misoginia, a incitação ao estupro, o assédio moral e outros tipos de violência estão se tornando recorrentes no ambiente virtual e são amplamente disseminados por meio de discursos divulgados por perfis “fakes” ou por pessoas que se identificam. Nesse contexto, as comunidades do Facebook que se autodenominam machistas compartilham discursos de ódio ou repúdio contra as mulheres. Sendo assim, a escolha desse tema justifica-se pela reflexão crítica que se faz necessária sobre como a mulher tem sido exposta a discursos intolerantes nas redes sociais. A rede social escolhida foi o Facebook, devido às inúmeras comunidades de cunho machista que defendem seu posicionamento. A metodologia utilizada para esse trabalho iniciou com a pesquisa dos termos “machismo” e “machista”, nessa rede social. A partir disso, foram escolhidas algumas comunidades para a análise de seus discursos intolerantes, com o auxílio da referência bibliográfica em livros, revistas, artigos científicos e sites. O referencial teórico fundamenta-se pelas ideias do Círculo de Bakhtin, referindo-se às noções de dialogismo, enunciado e signo ideológico. Essa análise pretende dar conta de como é construída discursivamente a intolerância contra a mulher na referida rede social.
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