Este artigo adotaa análise de discurso crítica(ADC) como caminho para analisar os títulos de webjornalismo no período de 2016 a 2019, veiculadas no G1, uma das maiores plataformas de jornalismo digital no Brasil, para verificar como os discursos midiáticos persistem nas práticas narrativas que culpabilizam as mulheres vítimas de estupro. A despeito dos progressos alcançados no ordenamento jurídico e nas políticas públicas de combate à violência, no campo da linguagem as mulheres vítimas de estupro, continuam sendo culpabilizadas. Os dados coletados indicam que os títulos das notícias digitais, no período de 2016 a 2019, utilizam expressões linguísticas que atribuem à mulher a culpa pela violência sofrida, o que contribui para a reprodução e manutenção da violência de gênero.
Este trabalho apresenta uma análise sobre a patologização do machismo por meio das narrativas dos jornais O Popular e Diário da Manhã de 2016 e 2017. Procura-se categorizar a construção e os argumentos dessas narrativas no que tange à temática da violência de gênero e do processo de revitimização. Para tanto, buscou-se articular leituras de gênero, comunicação e direitos humanos com o fito de evidenciar a ocorrência de violência de gênero no processo de revitimização das mulheres violentadas, convertidas em objeto de representações jornalísticas. A forma como as mulheres em situação de violência foram abordadas nas matérias analisadas denotou que estas apresentam conteúdos e narrativas estruturadas a partir de regimes simbólicos correntes em outros campos da vida social que naturalizam relações violentas e desiguais. Assim, as dinâmicas jornalísticas também assumem o papel de agentes de violência – numa dimensão simbólica – nesse processo, em que se encontra a dinâmica da revitimização midiática.
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