O presente artigo tem como objetivo refletir sobre a potência da educação freireana frente ao ímpeto conservador autoritário do Brasil contemporâneo, expondo a ascensão do movimento reacionário em curso no Brasil. Para tanto, aponta como a história do Brasil é marcada pelo autoritarismo, em que se produziu a morte de milhares de povos originários; o processo de escravidão, que humilhou e vilipendiou centenas de outras pessoas; as ditaduras e a profunda desigualdade social encravada no país. Metodologicamente, tem-se um estudo exploratório que propicia uma reflexão sobre o legado da obra de Paulo Freire frente à afirmação de valores plurais e democráticos, necessários para realizar uma educação dialógica e problematizadora. Apresenta ainda elementos autoritários que já estão postos no contexto educacional brasileiro sob o espectro sombrio do perigo totalitário. Nesse sentido, este estudo ancorou-se nas luzes do pensamento arendtiano a respeito do sistema totalitário, reportando-se a um tempo de limitações de liberdade, de rigorosa perseguição política e de injustiça social. Entretanto, é pela indignação que se faz mover o mundo, sem perder a esperança de poder apreciá-lo na “boniteza” que a construção pedagógica, politicamente assumida, leva à liberdade. Assim, quando as raízes da educação são fincadas no horizonte da equidade, da amorosidade com as pessoas e da plena cidadania, a educação se torna humanizadora. Com isso a educação libertadora, sob a égide do pensamento de Paulo Freire, pode ancorar-se, sem sombra de dúvidas, em princípios éticos, para se alcançar os mais altos graus da escala do desenvolvimento humano.
As distâncias entre pobres e ricos tornam-se cada vez mais acintosas no Brasil, isso se evidencia pelas desigualdades sociais. Os paradoxos existentes entre as teorias sobre pobreza e seus indicadores, a educação do pobre e as desigualdades sociais levam as pessoas a fazerem escolhas educacionais pautadas pela dimensão econômica, o que faz evidenciar as desigualdades sociais e o preconceito contra o pobre. Perpetuam-se, assim, as segregações sociais baseadas nas desigualdades de origem. Nesse contexto, este escrito reflete sobre a educação dos pobres, sob a égide das desigualdades sociais, como forma de desqualificação educacional. Esclarece os conceitos polissêmicos sobre pobreza e os indicadores que denunciam as desigualdades sociais no Brasil. Trata-se de um estudo bibliográfico e documental com base em organismos nacionais e internacionais, no qual infere-se que a pobreza vista somente sob os aspectos socioeconômicos intensifica os propósitos neoliberais ao alimentar a cultura da pobreza. Por fim, a educação que se volta ao pobre corre o risco de entregar à sociedade uma pessoa que atenda às expectativas do “mercado” de trabalho, ainda que de forma desqualificada. O que ratifica, infelizmente, um modelo de escola pobre para os pobres.
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