O primeiro objetivo deste estudo piloto é descrever a influência dos repertórios linguísticos dos reality show estadunidense RuPaul Drag Race, e da websérie brasileira do youtube Girls In The House, no repertório linguístico dos adolescentes, jovens e adultos na comunidade LGBTTI. Para o desenvolvimento deste estudo, foram considerados os aspectos ideológicos e identitários (BAUMAN, 2005; MOITA LOPES, 2002) que permeiam as expressões linguísticas desses grupos. Além disso, ao refletir sobre o atual contexto de superdiversidade (VERTOVEC, 2007), de globalização (KUMARAVADIVELU, 2006) e de contatos linguísticos-culturais muito mais intensos (RYMES, 2010), notamos que o repertório linguístico que nasce dentro de grupos LGBTTIs (e que é disseminado pelos programas), também reconfigura-se em grupos de adolescentes e jovens adultos que se identificam com os aspectos culturais e ideológicos de grupos LGBTTI, sem necessariamente fazerem parte dessa comunidade. Um segundo objetivo deste estudo piloto é descrever e analisar o repertório de adolescentes e jovens adultos, por meio de dados retirados do Facebook, especificamente de postagens do grupo secreto LDRV: Melodrama Era que, atualmente, possui mais um milhão de membros. Posteriormente, foi realizado um estudo de caso a partir de entrevistas com membros do grupo a fim de descrever e analisar, os usos linguísticos adotados pelos indivíduos e relacioná-los ao repertório dos programas de televisão e da comunidade LGBTTIs. Os resultados apontam que as séries funcionam como modelo de uso linguístico para os falantes que, assim, expressam suas ideologias e questões identitárias.
O presente estudo, de base qualitativa interpretativista, busca tecer possíveis reflexões sobre as performances linguísticas de drag queens da cidade de Juiz de Fora (MG), de forma a contribuir para os estudos da linguística aplicada indisciplinar, transgressiva de desaprendizagem. Compreendido que as performances de drag queens são estilos parodísticos e reiterações estilísticas com potencial crítico de subversão de sistemas sexistas, a proposta de uma análise discursiva dessas performances possibilita uma reflexão linguística decolonial, antiessencialista, que perpassa questões de gênero e sexualidade. Com base nos estudos de análise de narrativas, que emergem das entrevistas semiestruturadas realizadas com as drag queens, propõe-se uma reflexão a respeito do repertório biográfico dessas artistas sob a ótica da práticas translíngues, afastando-se de perspectivas monolíticas e colonialista de linguagem. Partindo dos estudos decoloniais e das epistemologias do Sul, bem como atrelandose a questões de gênero e sexualidade, que perpassam a subjetividade dessas artistas, procurase pensar na importância de sair de um conceito limitador de língua, que potencialmente invisibiliza e marginaliza seus repertórios. Para tanto, a presente pesquisa é dividida em sete capítulo: 1) Introdução; 2) Performatividade Drag: Teorias e Discussões; 3) Decolonialidade: Resgatando os Saberes Ausentes; 4) Ideologias, Performatividade e Práticas Translíngues; 5) Metodologia; 6) Reflexão Sobre os Dados; 7) (In)Conclusões. As discussões propostas, com base nas perspectivas epistemológicas mencionadas, buscam traçar caminhos teóricos e analíticos para os estudos linguísticos contemporâneos transdisciplinares que visam justiça social e cognitiva
O presente artigo propõe traçar entendimentos sobre questões de colonialidade e decolonialidade (SANTOS, 2010), refletindo sobre a performance drag e sua relação com o sistema moderno-colonial de gênero (LUGONES, 2020) que caracteriza o pensamento moderno ocidental abissal. Embasado na perspectiva da Linguística Aplicada Indisciplinar e Transgressiva (PENNYCOOK, 2006), assumindo, em seu interior, um compromisso com Epistemologias do Sul (SANTOS, 2018), este artigo pretende refletir em que medida as performances drag configuram-se ou qualificam-se como ações de resistência a colonialidades, ou em que medida elas reforçam padrões e normas do próprio sistema colonial de gênero do qual são opositoras. Com efeito, considera-se o contexto de superdiversidade (VERTOVEC, 2007), simultaneamente local e universal, bem como perspectivas de linguagem que entendem a importância de reconhecer e validar os conhecimentos produzidos por pessoas que têm sofrido, sistematicamente, opressão, exclusão, dominação e injustiças causadas pelo eurocentrismo, pensamento abissal e patriarcado. Para tanto, serão analisadas narrativas de textos retirados do Instagram de uma drag queen de Juiz de Fora (MG). Por fim, chega-se a compreensões temporárias, que apontam para uma concepção de que o fazer decolonial é um constante processo de desamarras de crenças instituídas nos corpos, que, por meio de atos performativos, potencializam resistências a sistemas de poderes e a categorias sociais.
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