Este artigo busca apontar um deslocamento na concepção lacaniana sobre a ética, a partir de uma comparação entre as perspectivas do Seminário, livro 7 - a ética da psicanálise e do Seminário, livro 20 - mais, ainda. Enquanto a primeira perspectiva privilegiaria a organização de uma lei simbólica, cuja ultrapassagem culminaria na concepção do gozo impossível de das Ding, a última destacaria o gozo do corpo como não-todo organizado pelo simbólico. Passa-se, assim, de uma ética da transgressão, que visa a um ponto além do princípio do prazer e do serviço dos bens, para uma ética onde esse além do princípio do prazer já invade o campo de saída. A lógica da contingência é o modo como Lacan pretende formalizar uma maneira de fazer com que a necessidade simbólica e a impossibilidade do desejo inscrevam-se nos registros do contingente e do possível.
Este artigo é uma revisão teórica que aborda a produção da teoria lacaniana dos discursos como laços sociais e suas implicações na compreensão do inconsciente. Partimos da concepção lacaniana de que o inconsciente é estruturado como uma linguagem e das implicações teóricas da lógica estruturalista, indicando que as estruturas de linguagem precedem o sujeito e as possibilidades de laço social. Tomamos o Seminário XVII como ponto de partida, levando em conta o contexto histórico de sua transmissão. Apresentamos a ideia lacaniana de que o campo da linguagem é o que baliza a relação do sujeito com o outro, mas que, nessa relação, algo fracassa, possibilitando o surgimento do sujeito a partir da perda de um objeto. Desse lugar, toma forma o objeto a, o objeto para sempre perdido na operação de constituição do sujeito, que implica na alienação e no endereçamento ao Outro. Apresentamos a estrutura dos discursos, os elementos que os compõe, seus lugares e, por fim, a lógica presente em cada um dos quatro discursos (mestre, histérica, universitário e analista) chamados por Lacan de radicais. O que a teoria dos discursos nos ensina é que a articulação significante produz a amarração social, ao mesmo tempo em que, como efeito de seu tropeço, nos apresenta o sujeito do inconsciente.
Pretende-se situar a psicanálise lacaniana em relação ao estruturalismo. Para isso, os autores descrevem tanto a apropriação feita por Lacan dos conceitos derivados do estruturalismo linguístico e antropológico quanto o movimento de subversão produzido por ele. O sujeito do inconsciente é o operador nuclear que permite apontar o estatuto particular da corrente estrutural no pensamento de Lacan, diferenciando-o do estruturalismo filiado às propriedades da ciência moderna. Se a estrutura da linguagem, num certo momento do ensino desse autor, é o campo epistêmico que define a especificidade do dispositivo psicanalítico, essa estrutura, no entanto, situa, numa posição de inclusão-externa, um ser que lhe é estranho: o sujeito.
O objetivo deste artigo foi rastrear nas Obras Psicológicas de Freud os diversos momentos em que ele utiliza o termo gozo (Genub) e o verbo gozar (genieben), para compreender-lhes os sentidos, a regularidade e/ou a diversidade de significações, e também, quem sabe, que ele sirva de subsídio para uma discussão e possível revisão dos termos assinalados na edição luso-brasileira. Nesse percurso, situaremos o gozar da civilização, dos privilégios e das boas coisas da vida, e da realização de desejo; o gozar das bênçãos da graça divina; o gozar do prazer humorístico, da diversidade dos acontecimentos mentais, e o gozo sexual.
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