O estado do Pará se caracteriza como uma região de bioma amazônico, mantendo sua base econômica, sócio ecológica e cultural ligada, fortemente, às atividades extrativas e/ou agroextrativistas. Devido tamanha diversidade e complexidade nas relações entre sociedade e natureza, predominam agroecossistemas familiares com alta complexidade e, portanto, difíceis de serem compreendidos com abordagens disciplinares. Cientes de tal limitação se propôs uma adaptação da metodologia MESMIS para uma leitura sistêmica e comparada de distintas realidades amazônicas, mesmo estando todas no estado do Pará. O objetivo deste trabalho foi estabelecer uma reflexão a respeito dos pontos positivos e negativos da utilização do MESMIS no estado do Pará, em avaliações voltadas a agroecossistemas familiares diversificados e integrados.
A sustentabilidade das práticas agrícolas é um tema cada vez mais em evidência no contexto atual de aumento na degradação socioambiental em diversas regiões do globo. Objetivou-se, neste estudo, identificar e avaliar processos de modificação em agroecossistemas familiares na região do Baixo Tocantins, município de Cametá,PA a partir da influência de intervenções externas, abordando, principalmente, asustentabilidade multidimensional. A metodologia utilizada se baseou no Marco para aAvaliação de Sistemas de Manejo de Recursos Naturais Incorporando Indicadores deSustentabilidade (MESMIS). Foram avaliados 11 indicadores de sustentabilidade, adaptados à realidade local e contemplando as dimensões ambiental, social e técnico-econômica em 11 agroecossistemas, com diferentes graus de intervenção externa, localizados em umacomunidade de várzea do município de Cametá, PA. As ferramentas de coleta de dados utilizadas foram: questionários, roteiros semiestruturados, caderno de campo e observação participante. A sustentabilidade ampla dos agroecossistemas avaliados foi considerada satisfatória, sendo que apenas 1 agroecossistema apresentou nota inferior ao nível crítico, o valor correspondente à metade do valor total da escala de avaliação. Observou-se diferença nos valores obtidos entre os agroecossistemas que sofreram maior intervenção externa, em comparação aos que não sofreram. Concluiu-se que uma intervenção em nível de agroecossistema afetou mais diretamente os elementos constituintes das dimensões técnico-econômica e ambiental, enquanto os elementos da dimensão social sofreram maior influência de intervenções que ocorreram numa escala maior da realidade (nível comunitário, por exemplo).
Uma das mudanças nas recentes políticas sociais ligadas ao contexto agrário brasileiro é o reconhecimento da agricultura familiar como categoria estratégica no novo processo de desenvolvimento rural brasileiro. No entanto, as dificuldades metodológicas e de percepção de sua heterogeneidade sócio-ambiental limitam a efetividade das políticas públicas, particularmente do Pronaf. No porção Sudeste do Pará, Amazônia brasileira, os avanços no processo de regularização fundiária não têm refletido nos investimentos produtivos. Alguns fatores reforçam uma visão descontextualizada de sustentabilidade que se limita, geralmente, à dimensão econômica. Entre eles se destacam os entraves na liberação dos recursos disponíveis, o desequilíbrio na distribuição desses recursos, o engessamento burocrático das agências financiadoras e a falta de uma visão sistêmica e de percepção integral dos agroecossistemas pelos agentes de desenvolvimento. O presente artigo chama a atenção para a necessidade de abordar o tema da sustentabilidade para além do aspecto econômico e não mais conceber a sustentabilidade como "ponto de chegada". O caminho escolhido foi tentar compreender o desenvolvimento sustentável como um processo, rumo à construção de sua nova episteme. Tanto do ponto de vista teórico quanto metodológico esse é um desafio imprescindível de ser enfrentado.
O Território Sudeste do Estado do Pará mantém a agricultura familiar como sua categoria social mais representativa. Ao longo das últimas três décadas, esta região assumiu o caráter de fronteira agrícola amazônica e sua ocupação se deu através de políticas de incentivos fiscais, sendo estas indutoras de uma forte dinâmica de desmatamento e ocupação empresarial via pecuária extensiva. A partir da década de 1990, uma nova política agrária assegurou significativo volume de recursos dedicados exclusivamente a esta categoria social. O presente estudo reflete sobre as dimensões social, ambiental e técnico-econômica das unidades familiares, tomando como contexto do ambiente do assentamento rural sob a égide da atual política agrária nacional. A unidade de estudo assumida é o agroecossistema familiar. O MESMIS (Marco de Avaliação de Sistemas de Manejo Incorporando Indicadores de Sustentabilidade) norteou a análise mediante um conceito de sustentabilidade contruído a partir de uma noçã dos atores envolvidos no contexto local (técnicos e famílias assentadas). Dentre os melhores desempenhos observados, se destaca a opção pela diversidade de atividades produtivas. Os agroecossistemas mais frágeis estão associados a uma continuidade da pecuária extensiva como projeto familiar, reproduzindo a necessidade progressiva do desmatamento da novas áreas.
Fruto de anos de reflexão com apoio do CNPq (Edital REPENSA 22/201 0), um grupo dedocentes e pesquisadores de várias regiões brasileiras buscaram sintetizar reflexões e oentorno de um dos temas mais polissêmicos da contemporaneidade – Sustentabilidade e suas imbricações com as lógicas familiares de produção. Outro aspecto importante que sepode ressaltar é o uso do Marco para la Evaluación de Sistemas de Manejo de Recursos Naturales incorporando Indicadores de Sustentabilidad (MESMIS) em distintas realidades e regiões na perspectiva sistêmica. Tal “utopia”, quem sabe, pode nos dar essa resposta, pois, como dizem Fernando Birri e Eduardo Galeano, ela é como o horizonte: nós o vemos, ao longe, porém nunca o alcançaremos; mas serve para que continuemos sempre a caminhar. Talvez a sustentabilidade seja assim: significa o próprio processo da caminhada por um ideal que nos motiva a caminhar incessantemente por sua afirmação. O objetivo do presente ensaio foi o de apresentar uma noção de sustentabilidade capaz de contemplar não só as diferentes experiências de ensino, pesquisa e extensão dos autores, como, também, que retrate as diferentes realidades da agricultura familiar de base ecológica inseridas em diferentes regiões brasileiras.
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