O presente estudo teve como objetivo compreender o que foi denominado pelas mães, nas redes sociais, de "Lado B da maternidade". Foi realizado um estudo qualitativo envolvendo falas de mães, ao longo do primeiro ano de vida do bebê, extraídas de 101 blogs, que tinham como tema central o "Lado B da maternidade". As falas das mães nos blogs foram analisadas por meio de análise temática e expressaram sentimentos de desamparo, solidão e ambivalência, característicos do período de dependência. Há um confronto das expectativas sociais idealizadas em relação à maternidade com a experiência materna cotidiana com o bebê, que acaba gerando na mãe, também, sentimentos de culpa por não estar correspondendo ao ideal social. As mães relataram dificuldades em lidar com as exigências que perpassam sua vida pessoal, social e conjugal. Os resultados sugerem que nos espaços de blogs com referências explicitas ao "Lado B" da maternidade as mulheres falam sobre aquilo que, normalmente, permanece oculto e negado no discurso social, rompendo, assim, com a visão idealizada da maternidade. Poder falar livremente sobre aspectos da experiência da maternidade usualmente cindidos e negados – o lado B da maternidade –, oportuniza, para além do alívio, diminuição de angústia e de culpa.
Atualmente, muitas mães têm utilizado o ambiente digital, a exemplo dos blogs, como ferramenta de compartilhamento de experiências sobre a maternidade. No presente estudo, buscamos analisar as temáticas das postagens, bem como em que medida apresentam uma função prescritiva ou informativa, para além da função de compartilhamento de experiências. No caso das postagens com função prescritiva ou informativa, o presente estudo buscou também verificar o embasamento explícito dessas postagens. Foi realizada uma análise de frequência de 845 postagens dos 10 blogs brasileiros sobre maternidade mais acessados. As principais temáticas abordadas estão relacionadas a preocupações quanto ao desenvolvimento infantil, gestação e parto, práticas parentais e exigências da maternidade. Com exceção das postagens envolvendo a última temática, a maioria tinha função prescritiva ou informativa. Os resultados deste estudo confirmam que os conteúdos que circulam nesses blogs se apoiam em discursos construídos no campo da saúde, essencialmente prescritivos, sobre como agir como mãe.
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