O propósito deste artigo é apresentar o pensamento de política externa brasileira no Segundo Reinado e na Primeira República. Argumenta-se que o posicionamento do Brasil em relações bilaterais com grandes potências entre 1845 e 1866 e na participação em conferências multilaterais entre 1906 e 1907 é enunciado pelas antíteses particular/universal e civilização/barbá-rie. Por meio da primeira, os gestores da diplomacia inscrevem o país no raio de um padrão de relacionamento intraeuropeu, mantendo um debate a respeito dos limites que as normas internacionais podem impor à prática soberana. Por meio da segunda antítese, os gestores da diplomacia repudiam a inclusão do Brasil no conjunto de países sujeitos a um padrão de relacionamento extraeuropeu. Afirmam, em seu lugar, um imperativo de modernização da sociedade pelo Estado, como forma de evitar os desrespeitos à soberania territorial brasileira e de legitimar a inserção do país no padrão intraeuropeu.
RESUMO O artigo realiza uma análise textual dos escritos de Joaquim Nabuco na fase abolicionista para sustentar a tese de que, em sua reflexão, o Brasil forma-se a partir do mar. Essa formação é apresentada, em diálogo crítico com o historiador Oliveira Martins, como uma passagem da colônia deformada, enclausurada no Atlântico Sul imoral do tráfico de cativos, para a nação reformada, integrada ao oceano unificado sob hegemonia inglesa em torno de valores humanos. Embora não descarte um modo de vida telúrico no futuro, o autor se revela cético quanto à ideia de uma sociedade afastada do influxo eurocêntrico do mar. O artigo contrapõe-se a duas tendências da literatura especializada: reduzir o espaço brasileiro à terra brasileira e esvaziar o alcance da reflexão de Nabuco sobre a ordem mundial. Procura contribuir, nesse sentido, para a compreensão de uma perspectiva transoceânica de Nabuco, qualificado como um pensador marítimo sobre a realidade política e social brasileira.
From the mid-1930s, with Raízes do Brasil , to the mid-1960s, with O extremo Oeste , Sérgio Buarque de Holanda undergoes a significant change in his understanding of Brazilian space. Initially, in a close dialogue with Gilberto Freyre, the author conceives the country drawing on the notion of the tropics, a fluid space where Portugal could be recreated through the bond with the ocean. In Monções and Caminhos e fronteiras , the historian develops a deliberately opposed vision, conceiving the country from the notion of frontier, a rough space where a foreigner’s adaptability reaches its limit. In this phase, Jaime Cortesão and his thesis of Brazil-island became an invariable target of criticism.
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