RESUMO Objetivo: este texto foi escrito como um ensaio tal qual proposto por Adorno e atravessado por premissas da hermenêutica crítica e filosófica. Nele, somos norteados por um incômodo fundamental: A quem serve a pesquisa em Administração? Provocações: tomamos como base a reflexão sobre as diferenças discursivas e sociais entre o campo acadêmico e o mundo de significação dos praticantes da Administração, para perceber o quanto contraditório se tornam nossas práticas e estruturas institucionalizadas de comunicação na medida em que elas não atendem ao objetivo fundamental da ciência, qual seja, a transformação da realidade na qual se debruça. Conclusões: o hermetismo de nossa área não é um problema sem solução, basta ver que em outros campos a aplicabilidade do conhecimento científico acontece. É preciso que a nossa comunidade acorde para isso, antes que a sociedade se dê conta de que, da forma como está, somos dispensáveis.
Resumo Neste ensaio metodológico propomos uma abordagem crítico-emancipatória para análise de discurso (AC-ED) sob os contributos da hermenêutica e da epistemologia lacaniana. Consideramos que esse tipo de análise se trata de um proceder interpretativo epistemologicamente orientado, em relação ao qual a discussão sobre protocolos procedimentalistas não é central. Pelo aparato meta-analítico da AC-ED, argumentamos em favor da virtude da consciência do(a) pesquisador(a) sobre o próprio discurso científico, o que lhe torna mais vigilante em relação a sua postura analítica e, consequentemente, sua postura emancipatória em relação à realidade. Desenvolvemos nosso argumento apreciando a polissemia do termo emancipação, exemplificada a partir diferentes paradigmas versados em análises críticas de discurso: da produção, da comunicação e da linguagem. Construída a partir do paradigma da linguagem, sinalizamos o potencial da AC-ED como uma proposta meta-reflexiva para desenvolvimento de análise de discurso no campo social.
Resumo Este estudo investiga a forma como a ideologia do crescimento lida com as contradições do discurso do desenvolvimento sustentável. Foram analisadas reportagens da mídia noticiosa que vinculavam empresas estatais e de economia mista do ramo de geração de energia elétrica listadas no Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bolsa de Valores de São Paulo (ISE BM&FBOVESPA) às dimensões do desenvolvimento sustentável do Triple Bottom Line (3BL). Também foram analisados seus relatórios de sustentabilidade. Os dados coletados são datados de 2005 a 2013. Às reportagens foi empregada análise de conteúdo, buscando evidências de acontecimentos noticiados que relacionam aquelas empresas ao tema desenvolvimento sustentável. Aos relatórios de sustentabilidade foi empregada análise de discurso, com a finalidade de identificar manifestações ideológicas no discurso da sustentabilidade. Os resultados foram discutidos dialeticamente, pautados na conceituação de ‘ideologia’ sugerida por Giddens (1979). Verificou-se que os componentes ideológicos do crescimento transferem-se para o discurso do desenvolvimento sustentável mediante eufemismos e deslizes semânticos, permitindo às empresas usufruir das propriedades polissêmicas da linguagem para ressignificá-la por meio da (i) reificação do presente; (ii) defesa do crescimento como algo de interesse primariamente coletivo; e (iii) negação das contradições, evidenciadas como conflitos entre as dimensões ambiental, econômica e social do modelo 3BL.
Resumo O objetivo deste ensaio é argumentar em favor da frankfurtianidade de Jürgen Habermas, isto é, estudar os pontos de convergência de sua obra em relação ao projeto teórico do Instituto de Pesquisa Social de Frankfurt e, a partir dessa ênfase, apontar novas possibilidades de pesquisa no campo de Estudos Organizacionais (EO). Para isso, refletimos sobre aspectos teóricos essenciais do ensaio “Teoria tradicional e teoria crítica” (HORKHEIMER, 1975) e elaboramos uma crítica aos intérpretes que utilizam a cronologia geracional como principal critério para a compreensão de diferenças no movimento intelectual da Escola de Frankfurt. Metodologicamente, inspiramo-nos na proposta de crítica à interpretação por meio da hermenêutica filosófica (RICOEUR, 1990) e na natureza propositiva de interpretação de um ensaio teórico (MENEGHETTI, 2011). Para sustentar a proposição expressa de forma provocativa no título deste artigo, dialogamos com comentadores (BOTTOMORE, 2001; FREITAG, 2004; NOBRE, 2004; MELO, 2013), a fim de propor uma caracterização não geracional de seus membros e a proximidade de Habermas em relação ao marco fundador da Teoria Crítica. Nesse sentido, acreditamos que (a) a releitura da intenção emancipadora (HABERMAS, 2002), (b) a desconstrução da isenção do conhecimento científico (HABERMAS, 1987) e (c) a incorporação da filosofia da linguagem à crítica social frankfurtiana (HABERMAS, 2012) são contribuições importantes de sua obra à Teoria Crítica de Frankfurt. Como proposição para a área de EO, em nossas considerações finais argumentamos que a recolocação do autor no posto de genuíno teórico crítico da Escola de Frankfurt pode constituir uma nova agenda de pesquisa para o campo. Acreditamos que nosso esforço pode auxiliar pesquisadores da área de EO a compreender a obra de Habermas a partir de uma via que os afasta da armadilha de considerá-lo um teórico não crítico e/ou utópico. Sob esse enfoque, torna-se evidente sua produção intelectual politicamente engajada nos problemas sociais contemporâneos - dimensão que vem sendo negligenciada pelos pesquisadores do campo de EO no Brasil.
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