Resumo O artigo explora contribuições epistemológicas e metodológicas de duas pioneiras da sociologia, Flora Tristan e Harriet Martineau, como parte de um programa mais amplo de reavaliação da formação da disciplina no século XIX. Argumenta-se que, não obstante as diferenças, essas autoras apresentaram reflexões originais à época que permanecem relevantes nos debates sociológicos contemporâneos sobre interseccionalidade, posicionalidade, conhecimento e método na pesquisa social. Ao resgatar a originalidade das ideias de ambas, o texto reforça a necessidade de revisar a história fundacional da sociologia. Por fim, essa perspectiva articula-se à preocupação interseccional com as condições de produção e circulação do conhecimento.
Este artigo tem o objetivo de situar a obra de Flora Tristan (1803-1844) na tradição socialista e de identificar pontos de contato e de contraste com o chamado socialismo utópico. Mostro como os debates sobre o pauperismo e a questão social, tão em voga no início do século XIX, dialogavam diretamente com a negação do trabalho das mulheres fora do ambiente doméstico. A partir da análise do livro União Operária (1843), aponto para a originalidade do pensamento de Flora Tristan ao desenvolver uma visão mais abrangente sobre as definições de trabalho e de classe operária. Sugiro que o apagamento de suas ideias nas narrativas hegemônicas sobre a história do socialismo e do movimento operário está relacionada, por um lado, à vinculação de Tristan ao quadro geral do “socialismo utópico” e, por outro, ao fato de ela ter entrelaçado a emancipação da classe operária à emancipação das mulheres.
Tradução inédita da primeira publicação da escritora franco-peruana Flora Tristan (1803-1844). Publicado em 1835, “Necessidade de acolher bem as mulheres estrangeiras” marca o início de sua vida literária e ativista, abordando interesses que serão desenvolvidos com mais rigor em sua obra futura. A questão central do texto é analisar a situação das mulheres estrangeiras que viajam sozinhas, especialmente nas grandes cidades, tomando Paris como exemplo. Partindo de sua própria experiência como mulher sozinha e estrangeira, a autora faz uma análise pioneira dos deslocamentos humanos a partir de um olhar atento para como categorias como gênero, classe e nacionalidade se articulam na criação de possibilidades e limites à mobilidade e à autonomia feminina. Além disso, a autora propõe a criação de uma sociedade filantrópica para o acolhimento de mulheres estrangeiras, para a qual cria um estatuto, apresentado na parte final do texto.
Resumo Este artigo tem o objetivo de explorar a presença de Harriet Martineau na imprensa da primeira metade do século XIX. A autora inglesa viveu da escrita, transitando por diversos gêneros – livros didáticos, escrita de viagem, ficção, jornalismo, romance, autobiografia, análise social etc. – e explorando temas de cunho social, político e econômico caros ao campo contemporâneo da Sociologia. O artigo apresenta a autora, destacando elementos de uma carreira duradoura como escritora profissional e pioneira da sociologia. Em seguida, contextualiza a produção das obras How to observe morals and manners e Society in America e caracteriza a sua recepção a partir da análise de resenhas publicadas na imprensa britânica e norte-americana.
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