INTRODUÇÃO: O uso de máscara é recomendado universalmente para a prevenção da transmissão da COVID-19, sendo frequente a observação de erros. Pretendeu-se avaliar conhecimentos e práticas de uso de máscaras, de forma a determinar a necessidade de medidas de educação para a saúde.MATERIAL E MÉTODOS: Estudo analítico observacional transversal através de questionário de autorresposta aplicado a uma amostra por conveniência de utentes adultos de três unidades de Cuidados de Saúde Primários.RESULTADOS: Obtiveram-se 299 questionários válidos, com uma amostra predominantemente constituída por elementos do sexo feminino (71,6%), com uma média de idades de 45,0±15,1 anos. O tipo de máscara identificado como mais usado foi a máscara cirúrgica (82,4%), sendo o principal motivo da escolha a eficácia de proteção (53,6%). Quem percecionou maior risco de infeção opta por máscaras com maior eficácia (54,6% vs 26,5%; p=0,046), enquanto quem referiu não sentir necessidade de usar máscara escolhe em função da disponibilidade (50,0% vs 22,2%; p=0,025). Quem considerou a máscara necessária apresentou menor número de erros na utilização (p<0,001) e uma maior taxa de desinfeção das mãos (82,3% vs 23,5%, p<0,001). Não se observou nenhum caso de utilização da máscara sem erros.DISCUSSÃO: Cerca de 98% das pessoas referiu usar máscara sempre ou a maioria das vezes que saía de casa, cumprindo as recomendações em vigor. As pessoas não vacinadas sentem-se em maior risco de contrair a doença, revelando confiança na eficácia da vacina.CONCLUSÃO: O conhecimento da população em relação às máscaras e ao seu objetivo potencia a sua eficácia e correta utilização.
Introdução: A articulação entre os cuidados de saúde primários e secundários e os Centros de Diagnóstico Pneumológico reveste-se de particular importância na gestão de uma doença insidiosa e com grande impacto na saúde pública como a tuberculose. O presente caso destaca o papel do médico de família na articulação de cuidados e a importância desta para a identificação e orientação de um possível quadro de tuberculose. Descrição do caso: Adolescente do sexo feminino, 16 anos de idade, com antecedentes de tiroidite autoimune sob levotiroxina, anemia ferropénica sob suplementação e perturbação da ansiedade. Recorre a consulta com a médica de família em 2019 por adenomegalia cervical com duas semanas de evolução, sem sinais de alarme, tendo sido prescrito anti-inflamatório. Referenciação a consulta de cirurgia pediátrica de um hospital central, por indicação do atendimento pediátrico urgente do hospital de referência, por persistência da adenomegalia após tratamento antibiótico empírico e estudo analítico normal. Realizada biópsia aspirativa cinco meses depois, com alta da consulta por ausência de malignidade, sem outras informações relevantes. Observada em contexto de urgência no hospital de referência, seis meses depois, por adenomegalias cervicais de novo, tendo sido feito alerta pela médica de família após deteção de isolamento de Mycobacterium tuberculosis em biópsia ganglionar. Consequente seguimento no Centro de Diagnóstico Pneumológico por tuberculose ganglionar e pulmonar, tendo sido submetida a exérese ganglionar e encontrando-se sob tratamento antibacilar, com evolução clínica favorável. Comentário: A tuberculose constitui um particular desafio clínico pela diversidade de apresentações. Este caso demonstra a complexidade da gestão destes doentes e a importância da criação de alertas em caso de resultado micobacteriológico positivo. O papel do médico de família, dado ser frequentemente o primeiro contacto do doente com os cuidados de saúde e a ponte com os restantes serviços, acarreta uma importante responsabilidade na identificação destes doentes e na prevenção da cadeia de transmissão.
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