The article critically reviews the recent publications in the field of social sciences regarding the themes of ‘Southern theories’, ‘theories from the South’ and ‘epistemologies of the South’ seeking to understand the limits and perspectives of this current wave of critique to the social sciences establishment. Analyzing the works of Boaventura Santos, Raewyn Connell and Jean and John Comaroff the article defines the use of the term ‘South’ as a circumstantial project under which different notions of theory are in a dispute for legitimacy. Such disputes are bringing to the center of the sociological debate the very notion of ‘theory’ and its production in a geopolitical context where Southern social scientists are actively participating in the international debates.
D esde os anos 1980, centenas de milhares de indivíduos têm ocupado terras no Brasil. Nelas montam acampamentos e passam a reivindicar sua redistribuição. Tais ocupações distinguem-se das que, ao longo da história do país, foram e ainda são feitas em áreas desocupadas por interessados em formar lavouras. Enquanto naquelas a entrada nas terras era diluída no tempo, agora elas são realizadas de uma só vez e em grupo, implicando a formação de um acampamento. Se antes as ocupações não necessariamente vinham acompanhadas de reivindicações ao Estado, atualmente se apresentam como demandas de reforma agrária e são assim interpretadas pelas autoridades da República que as têm acolhido e redistribuído as terras entre os acampados.Até recentemente, as ocupações com acampamentos não atraíam a atenção dos estudiosos do mundo rural. A maioria deles, preocupada em examinar o que ocorria após a redistribuição das terras, interessou-se pelos assentamentos implantados pelo Estado nas áreas que haviam sido ocupadas (Medeiros e Leite, 1999;Martins, 2003;Spavorek, 2003;Leite et alii, 2004) e não se interrogou a respeito das ocupações que lhes haviam dado origem. Outros centraram o olhar nos movimen- 107
IntroduçãoA primeira vez que encontrei Mangaliso Kubheka foi em 2005. Naquela ocasião, ele recebia a visita de dois militantes brasileiros do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) -acompanhados por mim -na sede do Landless Peoples Movement (LPM) em Johanesburgo, África do Sul, na condição de national organizer do movimento. A partir daí, tive a oportunidade de encontrá-lo e acompanhá-lo em sete períodos distintos entre março de 2006 e janeiro de 2011. Durante todo esse período, Mangaliso foi minha porta de entrada para a pesquisa sobre o movimento que organizava e, ao mesmo tempo, um guia privilegiado para a compreensão da complexa questão da reforma da terra no pós-apartheid.1 Por ser um porta-voz, as atividades desempenhadas por ele soavam, para neófitos no país e seus problemas, como típicas ideias de um militante sem-terra sul-africano. Por um longo tempo, procurei associar a ele traços gerais que contribuíssem para a caracterização do movimento, de um tipo social, de uma identidade, entre outros rótulos que comumente usamos para falar de movimentos e militantes. 2O problema que este texto coloca, no sentido sociológico da palavra, é o de que, a cada novo encontro, a relação que ele mantinha com o LPM mostrava-se um pouco diferente. Apresentava um precedente nas palavras de Stengers (2002:36). Quanto mais tempo passávamos juntos, mais nos afastávamos do espaço físico da sede do movimento e do tempo dedicado à sua militância como sem-terra. Fora da atmosfera do movimento, passávamos a conversar sobre sua história pessoal, sua família, o local de moradia, sua paixão pelo futebol, sua religião e o que chama de sua cultura.3 Encontrá-lo por várias vezes, em situações distintas, permitia ainda interagir com outras pessoas com as quais ele se relacionava e que tinham também observações
Resumo: Este texto é resultado de pesquisas realizadas com o Landless People´s Movement, na África do Sul, e tem como tema a relação histórica estabelecida entre os trabalhadores rurais moradores de fazendas de brancos (denominados farm dwellers, em inglês, ou abahlali basimapulazini, em Zulu) e as terras em que vivem. A partir de dados bibliográficos, fontes documentais e pesquisa de campo, defendemos a hipótese de que essas pessoas compõem uma categoria fluida, do ponto de vista das políticas de restituição, de reforma e de direito à terra. Tratar-se-ia de uma categoria em que estariam entremeadas as consequências do apartheid, as transformações na agricultura, as religiões e as leis costumeiras. Trama e fluidez que constituem um problema para antropólogos e sociólogos que se aventuram a lidar com a questão, assim como para os próprios movimentos e ONGs que a representam. Tanto do ângulo das políticas, como dos textos de ciências sociais, esses trabalhadores encarnariam os dilemas de não serem vistos nem como suficientemente modernos, tampouco como tradicionais a ponto de garantirem status teórico no escaninho dos estudos sobre o campesinato e trabalhadores rurais ou no da Etnologia africana clássica Palavras-chave: Trabalhadores Rurais, África do Sul, Lutas por Terra, Sem Terras, Apartheid.Introdução 2 O programa de "reforma da terra" foi um elemento central na transição do apartheid para o regime democrático na África do Sul e visava reparar o processo que concentrou cerca de 87% das terras rurais do país na mão da população branca (correspondente a menos de 10% da população total), ao longo do século XX (HALL & NTEBEZA, 2007).
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
customersupport@researchsolutions.com
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.