Apresenta-se, neste artigo, o quadro histórico da institucionalização das ciências no Brasil, procurando identificar, em diferentes períodos, a articulação (ou falta de articulação) dos quatro componentes fundamentais para que ocorra a institucionalização de qualquer área do conhecimento, a saber: ensino, pesquisa, divulgação e aplicação do conhecimento.
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Recebido em 4/10/99; aceito em 18/4/00 THE PRODUCTION OF SALTPETER IN COLONIAL BRAZIL. This article discusses the processes inherent in the production of salpeter in Colonial Brazil. In the main, the texts seen here present recipes accompanied by chemical explanations of the processes which denote a knowledge of science at the time. Various difficulties confronting the authors, however, prevented an effective contribution to the development of techniques for the production of salpeter. Consequenttly, at the end of the Nineteenth Century, Brazilian rulers are still facing many problems to obtain this precious material.Keywords: history of chemistry; science in Colonial Brazil; natural resources; saltpeter. ASSUNTOS GERAISA utilização do salitre como fertilizante e, ainda, como matéria-prima para a produção industrial de ácidos é objeto mais recente. Entretanto, sua importância na fabricação de materiais explosivos é sobejamente conhecida desde muito tempo e mereceu o cuidado dos governos preocupados, em maior ou menor extensão, com a defesa de seus domínios. Tratavase, por um lado, da obtenção de umas das matérias-primas básicas para a produção da pólvora e, por outro, da fabricação da pólvora própriamente dita e do aperfeiçoamento de sua eficiência destrutiva.Para ficarmos em poucos exemplos situados no período que queremos discutir, lembremo-nos dos trabalhos realizados na segunda metade do século XVIII no Arsenal de Paris por pensadores proeminentes como L. -B. Gutyton de Morveau, P. -J. Macquer e C. -L. Berthollet, assim como na Administração da Pólvora e do Salitre, onde vamos encontrar A. -L. Lavoisier. Esses trabalhos, por sua importância, já renderam estudos de diversos historiadores da ciência abordando os aspectos da produção e das explicações químicas para os processos envolvidos. Acabaram por receber de um historiador francês, por uma analogia com a chamada "Revolução Química", o epíteto de "Revolução da Pólvora" 1 . Um outro exemplo que merece ser comentado liga-se mais diretamente ao nosso passado político. Senão vejamos. Como sabemos, ao mudar-se para o Brasil em 1808, o governo português deixou a Metrópole entregue ao destino que poderiam dar-lhe os súditos que lá foram obrigados a ficar. Não faltou empenho, sem dúvida, e a história registra atividades que buscavam defender o extremo da Península Ibérica da ação dos franceses invasores, como são os trabalhos desenvolvidos pelo corpo universitário de Coimbra, fosse na formação de um batalhão composto por alunos e professores, fosse na fabricação dos cartuchos para suas armas. Também a pólvora foi aí preparada, ocupando todos os meios de que dispunha o Laboratório Químico da Universidade 2 . Até onde sabemos, pouco salitre estava disponível em Portugal e o governo mandou recolher por toda parte o que fosse encontrado, tornando ainda mais escasso o material. Mesmo a Casa da Moeda -onde o salitre era fundamental para a manipulação de metais preciosos -encontrou problemas para desenvolver as atividades que utilizavam esse material 3 .Na Universidade de...
Recebido em 12/11/09; aceito em 26/2/10; publicado na web em 21/5/10 "NEW" WORLD SUBSTITUTES FOR ANCIENT RARE PLANTS: A STUDY CASE ON BALSAMS. Convinced that the "true balsam" was lost forever, Conrad Gesner described other substances with similar healing virtues. However, he was not the only one in the 16 th to search for other varieties of balsamic oleoresins. The arrival of the Europeans to the Americas allowed the finding of native plants with properties similar to those of the original balsam, including Balsam of Peru, Balsam of Tolu and particularly in the Brazilian area, Balsam of Copaiba. Focusing on the Brazilian context, this paper analyzes two different moments in the transit of the newly found varieties of balsams to the pharmacopeia and materia medica.Keywords: History of Chemistry; balsams; Brazil. INTRODUÇÃO: A ORIGEM DE UM MITOComo muitas outras Simpliceae, os bálsamos tiveram grandes problemas de identificação e classificação desde tempos antigos. Nesse caso particular um dos focos de tais problemas parece ter sido a criação de um "mito de origem". Na enorme e variada literatura sobre essa classe de substâncias persistiria, até o século XVIII, o mito de um bálsamo "original", o único verdadeiro e insuperável, chamado pelos antigos de Bálsamo do Egito ou da Judeia. 1Para um farmacólogo moderno, pode parecer incrível que essa substância, semelhante em composição e propriedades a outros bálsa-mos, tenha causado tanta comoção por milênios. No entanto, há razões que explicam o nascimento desse mito que, uma vez estabelecido, chegou até a modernidade virtualmente por inércia.Antes de tudo, é preciso lembrar que essa substância já era rara na Antiguidade, assim como rara e difícil de cultivar sempre foi a planta de que provinha. Acrescente-se a isso o fato de sua fragrância e poder de cura inigualáveis serem conhecidos desde tempos antiquíssimos, encontrando-se mencionados no texto bíblico (Gênese 37:25; Jeremias 52:16). Finalmente, recordemos que, provavelmente, esse óleo fragrante teria sido o primeiro a receber o nome de "bálsamo", uma possível epêntese do termo hebraico equivalente a "principal" ou "senhor" dos óleos, apenas mais tarde atribuído a substâncias similares.Assim, é fácil entender que esses elementos gerassem lendas, contadas e ampliadas por autores respeitados, como Plínio, Flávio Josefo e Galeno, chegando como fontes fidedignas até o início dos tempos modernos.2 Do outro lado, a escassez efetiva desse bálsamo foi motivo de muita cobiça, fraudes e uma busca intensa por substitutos. Desde Dioscórides (século I EC) até pelo menos Andrés Laguna (século XVI), dezenas de autores alertaram sobre as constantes falsificações desse bálsamo, mas também ofereciam possíveis substitutos -certamente, sempre considerados inferiores. 3Por outro lado, os autores árabes medievais se distinguiram por sua minuciosa diferenciação entre esse bálsamo e os demais, seguramente por conhecerem de perto a planta de que era extraído. A pequena árvore que hoje chamamos de Commiphora gileadense (L.) C. Chr. (ou C. o...
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