Mais cedo ou mais tarde, a morte afetará todas as pessoas, em todos os lugares. No entanto, essa dura realidade é enfrentada de formas diferentes em culturas distintas. Os obituários podem ajudar a revelar algumas dessas diferenças e seu impacto para a tradução (LOOCK & AMP; LEFEBVRE-SCODELLER, 2014). Usando a Linguística de Corpus como metodologia (BAKER, 1993; LAVIOSA, 2002; McENERY & AMP; HARDIE, 2012; PHILIP, 2009; ZANETTIN, 2012), investigamos se e até que ponto um corpus comparável de obituários em inglês estadunidense e em português brasileiro pode ajudar na tarefa de conscientizar os aprendizes sobre as peculiaridades culturais observadas em um mesmo gênero textual escrito em diferentes idiomas, e suas consequências para a identificação de equivalentes. Para atingir nossos objetivos, selecionamos textos publicados em jornais brasileiros e estadunidenses entre 2015 e 2017. Apesar de abordarem um assunto cotidiano, os obituários são pouco explorados academicamente. No entanto, essa negligência não é proporcional nos dois países, e resulta da popularidade do gênero. Enquanto nos Estados Unidos os obituários são lidos regularmente, no Brasil eles são raros, quase exclusivamente dedicados a falecidos famosos. Análises qualitativas e quantitativas mostraram que a ausência de termos em português se deve a diferenças culturais que permeiam o tema, e que a falta de familiaridade com o gênero, além das peculiaridades dos rituais praticados nos dois países / culturas, pode ajudar a explicar as dificuldades enfrentadas pelos aprendizes brasileiros na tarefa de traduzir obituários estadunidenses para o português brasileiro.
Hoje em dia, o tradutor tem um sem-número de recursos para auxiliá-lo em seu ofício, sendo que saber usá-los faz parte da subcompetência de tradução denominada instrumental (HURTADO ALBIR, 2005, 2015a, 2015bPACTE, 2009). Sem dúvida, é necessário ter competência para surfar em meio a tanto material, grande parte do qual disponibilizada em formato eletrônico. Mas, se, por um lado, o tradutor precisa saber usar os recursos a ele oferecidos, por outro, é preciso desenvolver material que seja prático, eficaz e confiável. A falta de material de referência para lidar com a tradução de abreviaturas médicas foi a base para a construção de um glossário bilíngue (português/ inglês) de abreviaturas na área da reumatologia. Ainda que essas formas reduzidas sejam recorrentes no texto médico, elas continuam a desafiar o tradutor. Este artigo descreve algumas das fases de construção desse glossário e discute a relação entre a elaboração de material de referência e a subcompetência instrumental.Palavras-chave: subcompetência instrumental; tradução médica; abreviatura; glossário bilíngue.
Pode ou deve o tradutor engajar-se política e socialmente em suas traduções ou em seus trabalhos acadêmicos em tradução? Em que medida tradutores e intérpretes, incluindo aqueles que estão em formação, refletem sobre a natureza ideológica do conhecimento que produzem e seus efeitos para a sociedade? Partindo da problematização dessas questões, que diz do próprio lugar social e político do profissional da tradução, defendemos que uma visão crítica da prática tradutória e o engajamento ”“ capazes de resultar em ações emancipatórias e de resistência ”“ devem ser exercitados desde a graduação. Afinal os aspectos cognitivo, afetivo, social e político interrelacionam-se continuamente no sujeito em formação. Propomos, assim, um observatório da pesquisa inicial em tradução ”“ aquela realizada por graduandos ao final da graduação ”“ que se apoia na concepção de terrenos sensíveis, conceito tomado da antropologia francesa, e na abordagem narrativa da interação aplicada à tradução (Mona Baker) e, para nós, também ao trabalho acadêmico. Ao atualizarmos os dados levantados pelo observatório (que cobrem o período de 2016 a 2019), apontamos em resumos e introduções de TCCs a maneira como os estudantes se posicionam em relação a temas sensíveis, seja por escolhas da tradução de uma obra ou autor(a), seja em razão de como problematizam questões atinentes a práticas tradutórias e a traduções, o que funciona como um termômetro para o que, enquanto formadores, temos fomentado nas instituições de ensino superior brasileiras.
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