A proposta textual, de caráter reflexivo, propõe um balanço avaliativo dos catorze anos de atuação do curso de bacharelado em Museologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e seus desdobramentos, como o Programa de Pós-Graduação em Museologia e Patrimônio, que completou cinco anos de funcionamento. Tal exercício envolve uma dimensão informativa, produto de uma análise acadêmica de fatos e dados, e uma dimensão poética, que se vale de memórias compartilhadas por diferentes sujeitos que têm a Museologia da UFRGS como um marco em suas vidas: seja na condição de discentes, docentes, egressos, técnicos-administrativos, ou mesmo colaboradores da formação. A mescla das dimensões permite identificar objetividades e subjetividades que dão dinamicidade ao exercício de formar futuros profissionais do campo museal. O estudo avaliativo, ancorado nos preceitos da Memória Social, se valerá de fontes documentais (projetos político-pedagógicos, ementários, documentos oficiais, entre outros) e de fontes orais (memórias compartilhadas na subcoleção Afetividades Sonoras, do programa de extensão Museologia na UFRGS: trajetórias e memórias) que constituem um patrimônio histórico-educativo da formação em questão e permitem a inserção da Museologia na produção da História da Educação do Ensino Superior. A proposta estimula a partilha de experiências que a dimensão material não contempla isoladamente. A investigação valoriza as pessoas e suas relações, força motriz da formação.
Este artigo aborda a criação do Museu do Instituto de Química (MIQ) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), propondo a problematização acerca dos desafios institucionais e do âmbito coletivo e social de implementação de um museu. Apresentamos a trajetória de trabalho multidisciplinar nesta constituição, que envolve docentes, técnicos e discentes dos cursos de Química, Museologia, Arquivologia, História e Publicidade e Propaganda. Contamos com a adesão de profissionais do patrimônio, parceria que está se constituindo nas ações firmadas por sua direção. Debatemos a eficácia da Rede de Museus e Acervos da UFRGS no apoio técnico e político, bem como propomos uma reflexão sobre o papel do MIQ em tempos de pandemia e crise multidimensional no Brasil. Operamos com conceitos centrais da Museologia, da Gestão de Museus, da teoria simmeliana relativa à crise e ao conflito em grupos sociais, da noção de “necropolítica” e de aproximações às noções de ethos do campo de conhecimento em questão e de suas linguagens específicas.
O texto apresenta as formas renovadas de organização de museus: ecomuseu, museu comunitário, museu de favela, incluindo pontos de memória, seus conceitos e entrelaçares. Observa quais são estes novos contornos de museus para identificá-los na articulação entre o on-line e o real. Destaca a origem nos conceitos da Museologia Social que, aqui, relaciona diálogos interdisciplinares entre Geografia, Antropologia e os métodos de pesquisa de uma etnografia digital e virtual. Parte de pesquisa bibliográfica anterior desenvolvida para apresentação e publicação em encontro científico em 2021 e, também, de pesquisa sobre o futuro dos museus realizada pelo ICOM-BR, em 2020. Infere que a realidade da cultura brasileira inserida na sociedade complexa da atualidade apresenta inúmeras possibilidades de preservação das memórias e patrimônios.
Ana e Márcia: Bom, vamos iniciar nossa conversa. Primeiramente, gostaríamos que você abordasse, do seu ponto de vista, os laços que unem os estudos de Antropologia urbana e audiovisual com os estudos que você vem desenvolvendo na área da Museologia e Patrimônio.Jeniffer: Inicialmente acho que é importante dizer que quando eu entrei na Faculdade de Arquitetura da UFRGS, em 1994, eu não queria fazer Arquitetura, mas eu optei por cursá-la porque me parecia mais fácil de se obter um emprego nessa área e eu gostava muito de Matemática e de Física. Eu queria fazer Direito, mas o curso, na época, tinha uma densidade em torno de 25 candidatos por vaga. Era mais difícil eu entrar na UFRGS pelo Direito e minha única opção era estudar na UFRGS. Entrei na faculdade contrariada. Foi quando eu conheci um colega que, hoje, é artista plástico, e foi quem me apresentou a área do patrimônio, por meio de cursos e ações voluntárias que ele fazia na área. Depois de algum tempo, montamos um grupo de estudos sobre patrimônio na Faculdade de Arquitetura da UFRGS, antes ainda da disciplina Técnicas Retrospectivas existir. Percebi uma concepção conservadora do patrimônio, na época, mas eu não sabia muito bem como argumentar sobre isso. Essa concepção de valoração histórica como única e central, que dita o conceito de Patrimônio Histórico, acho que não acompanha a dinâmica social do mundo contemporâneo. Hoje nós operamos com mais de 30 valores para pensar a concepção de patrimônio. Minha visão de patrimônio vem muito do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), onde trabalhei no final dos anos 1990 e início dos anos 2000. Eu era estagiária de arquitetura e fiquei bastante próxima do Custódio (Luiz Antônio Bolcato Custódio, foi arquiteto e superintendente do IPHAN; já está aposentado). Trabalhei com o cadastro (no sentido arquitetônico) de Santo Amaro e de Antônio Prado e com outros projetos. Quase ao final de minha formação surgiu no curso de Arquitetura a disciplina Técnicas Retrospectivas e eu
Dossiê 60 -Antropologia, Pesquisa Museológica e Patrimônio Cultural ApresentaçãoA pesquisa desenvolvida pelas professoras Ana Luiza Carvalho da Rocha e Cornelia Eckert, no âmbito do Banco de Imagens e Efeitos Visuais -BIEV/UFRGS, sobre coleções etnográficas, método de convergência e etnografia da duração, analisando coleções e fundos documentais e os reconfigurando em estudos de sua autoria e de suas/seus orientandas/os, permitem uma aproximação com a chamada Pesquisa Museológica. Cabe aos campos da
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