Resumo: O presente texto tem por objetivo fazer uma reflexão sobre a imagem de infância tal como ela aparece em De Pueris, de Erasmo de Rotterdan. Como esse filósofo não criou, efetivamente, uma concepção de infância, queremos resgatar, na obra mencionada, a imagem de infância e sua relação com a educação. Nesse caso, observaremos que a função da educação na infância é instituir a racionalidade na criança, como um processo de humanização e substancialização do infante. Para isso, faremos uma breve contextualização histórica do renascimento, dando destaque para o aspecto pedagógico desse período. A partir da concepção antropológica de Erasmo, que parte da premissa de que o homem não nasce homem, mas transforma-se em homem, observaremos que é pela educação da criança que se faz esse homem. É pela educação, portanto, que se potencializa a substância racional da criança. Assim, o homem será o produto da educação que recebeu na infância. Palavras-chave:Educação. Infância. Erasmo. Abstract:The present text aims to reflect about the concept of childhood in De pueris, by Erasmus of Rotterdam. As this philosopher did not define a concept of childhood, this article aims to analyze in De pueris the image of childhood and its relation with education. It is observed that the function of education in childhood is to develop rationality in the child, as a process of humanization and substantiation of the infant. To this end, a brief historical contextualization of renaissance is presented, emphasizing the pedagogical aspect of that period. Based on Erasmus's anthropological concept who believed that man is not born a man but becomes a man, it is observed that it is through education that a child becomes a man. It is through education that the rational substance of the child is developed. Thus, a man will be the product of the education he received during his childhood.
Este artigo é o resultado de uma pesquisa bibliográfica que tem por objetivo fazer uma reflexão sobre o Movimento Escola sem Partido, particularmente sobre a proposta de gravação das aulas, denúncia e julgamento do professor nas redes sociais. Essa reflexão será feita a partir da filosofia da intersubjetividade presente na fenomenologia existencial de Jean-Paul Sartre. Com esta chave de interpretação, constatamos que essa tecnologia de vigilância e denúncia do Movimento Escola sem Partido sobre o professor produz, de fato, um profundo mal-estar ao tornar as práticas pedagógicas e o professor objetos de julgamento nas redes sociais. Palavras-chave: Educação. Fenomenologia e educação. Movimento Escola sem Partido. Olhar. Sartre.
A fenomenologia nasceu como teoria do conhecimento. Kant, antes mesmo de Husserl, foi o primeiro a encampar o uso do termo “fenômeno” em suas investigações acerca dos limites e possibilidades do conhecimento. Das reflexões kantianas acerca do dualismo entre fenômeno e noumenon, nasceu sua teoria do conhecimento, posteriormente classificada de criticismo. Assim, é no campo da gnosiologia que o termo fenômeno debuta na cena filosófica. A apropriação do termo fenômeno por Husserl se deu em seu profícuo projeto filosófico de resolução da querela entre racionalistas e empiristas, bem como do enfrentamento da problemática das diferenças, limites e possibilidades do conhecimento científico (entendido enquanto filosofia) e do conhecimento psicológico de um objeto, este tema de muito maior complexidade e fôlego filosófico. Em outras palavras, o enfrentamento do intrincado dualismo entre coisa real e coisa psicológica, o conhecimento do objeto real e o conhecimento psicológico do objeto. Dessas questões nasceu a proposta de Husserl de um método fenomenológico que asseguraria meios de superar essa traiçoeira armadilha que levaram muitas teorias do conhecimento a misturar o objeto real e o objeto psicológico. A fenomenologia deixou um legado de grande monta para as pesquisas na área da educação. A literatura é vasta, profícua e sedimentada no uso do método fenomenológico na interpretação de dados colhidos em pesquisas qualitativas. Aqui, o uso dos conceitos fenomenológicos na metodologia de pesquisa permite ao pesquisador apropriar-se do objeto investigado naquilo que ele tem de específico, bem como aferir as particularidades e movimentos típicos de um objeto de pesquisa que é vivo e pulsante como a educação. Além disso, também é sedimentada a contribuição da fenomenologia para a Psicologia. Ora, as reflexões inaugurares de Husserl se debruçaram sobre o tema da consciência, em específico, da consciência posicional – aquela que se lança sobre o mundo e se debruça sobre algo visado. Assim, há que se considerar Husserl um psicólogo e, por decorrência, que a Psicologia, há de se considerar também, possuir pés fincados na fenomenologia. Não obstante isso, fenomenologia ainda é um campo aberto para outros temas afetos à educação. Refiro-me, em particular, as contribuições da fenomenologia para as reflexões em torno de uma antropologia existencial e de uma ética existencial. Refletir sobre o que o homem é, enquanto ser vivido em meio ao mundo, e que este homem é único, com um êthos (modo de vida) singular, são campos de investigações fundamentais para a educação. De fato, aferir que a criança tem uma historicidade própria e irrepetível, que ela é uma singularidade em meio ao mundo e, por fim, que o mundo da vida (lebenswelt) é o universo em que ela se apresenta enquanto pessoa, permitem entender os processos educativos desde um lugar não homogêneo, mas singular e diverso. Ao contrário disso, partir do entendimento de que a criança possui características iguais ou similares entre si e que a aprendizagem segue um padrão de desenvolvimento, são armadilhas típicas que as pesquisas na área da educação se tornam reféns, para não dizer multiplicadoras. Os tão decantados bordões típicos da área da Educação, tais como: “cada criança aprende de um jeito”, “cada criança se desenvolve de forma particular”, “cada criança vem para a escola com um universo cultural próprio”, encontram na fenomenologia aspectos conceituais que permitem uma leitura e interpretação profícuas acerca dessas máximas. Se “[...] a educação tem haver com o nascimento, com o fato de que constantemente nascem seres humanos no mundo”[1], então é sobre a antropologia e a ética da existência que a educação encontra um campo dialógico importante, mas ainda incipiente e em aberto. De fato, são poucas as investigações no campo da educação fundamentadas numa antropologia existencial - aquela que concebe o humano enquanto singularidade -, e numa ética da existência – aquela que concebe modos de vida singulares. Se cada ser que nasce é único e é esse ser que torna possível a educação, então uma antropologia existencial e uma ética da existência emergem como teorias afetas à educação. É, enfim, nesse campo, profícuo e em aberto, que este dossiê propõe apresentar contribuições para as pesquisas na área da educação e da fenomenologia. [...] [1] ARENDT, Hannah. A crise na educação. In: Entre o passado e o futuro. São Paulo: Perspectiva, 1972, p. 223.
Algum dia necessitarão de instituições em que se viva e se ensine como eu entendo viver e ensinar; talvez mesmo sejam instituídas cátedras próprias para a interpretação de Zaratustra.(F. Nietzsche) RESUMO: Pretende-se, com este texto, elaborar uma reflexão em torno do ensino de filosofia recuperando como ferramenta teórica/ conceitual a filosofia de Nietzsche. Para isso, partiremos do conceito nietzschiano de filosofia deslocando-o para a temática do ensino de filosofia. Nesse cenário conceitual, iremos propor um ensino de filosofia cuja tarefa seja, num primeiro momento, a de instaurar o caos e o abismo na realidade humana como meios necessários para se forjar um homem forte. Num segundo momento, afirmaremos um ensino de filosofia que possa contribuir para a emergência daquilo que Nietzsche chamou de além-do-homem.Palavras-chave: Filosofia. Força. Caos. Além-do-homem. FOR A TEACHING OF PHILOSOPHY OF CHAOS AND FORCE: ACCORDING TO THE NIETZSCHEAN PHILOSOPHYABSTRACT: The aim of this paper is to elaborate a reflection on the teaching of Philosophy recovering the Nietzschean philosophy as a theoretical tool. For this, we will consider the Nietzschean philosophy moving it to the thematic of the teaching of philosophy. In this conceptual stage, we will propose a teaching of philosophy which has in the first moment to restore the chaos and the abyss of the human reality as a necessary means to forge a * Doutor em filosofia da educação pela
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