Este artigo trata da densidade e dos vazios como elementos relevantes para as relações de urbanidade em habitação de interesse social. A densidade entendida como a relação de uma entidade espacial pela área que ela ocupa, quase sempre está associada com uma questão quantitativa dos cheios edificados. Mas toda parcela de terra é, por conseguinte um vazio preexistente, que precisa ser considerado nos estudos socioespaciais. As relações entre cheios e vazios são dualidades que se complementam, um (cheio) não existe sem o outro (vazio) e ambos são configurações espaciais que definem o dentro e o fora, o privado e o público. Essas relações são motivadas pela organização espacial entre cheios e vazios e têm derivações da forma construída em uma determinada parcela do solo urbano. Não o vazio residual, as sobras sem nenhum contributo às relações sociais vistas, por exemplo, em algumas obras impessoais e produzidas em larga escala, como se observa nos programas governamentais de Habitação de Interesse Social, com baixa qualidade urbanística. Sabe-se que questões quantitativas influenciando aspectos qualitativos de densidade urbana têm referência em abordagens contemporâneas de desenho urbano sendo fundamental aferir suas influências no desempenho da forma urbana e na qualidade de vida nos espaços urbanos, sobretudo em áreas mais carentes de infraestrutura básica. Esse enfoque ganha maior necessidade de aprofundamento em Habitação de Interesse Social (HIS), constituindo-se, portanto, um eixo central de discussão no presente artigo.
O artigo reflete sobre os danos que o parcelamento do solo hermético repercute no espaço urbano, derivado de legislações urbanísticas antiquadas que “desenham a quadra fechada” nos bairros. A partir dos lotes murados, dos edifícios isolados e da interferência míope do mercado imobiliário no processo de urbanização, é desencadeada a desertificação das calçadas, a hostilidade aos pedestres e a negação do espaço público. Como contraponto, este artigo apresenta uma proposta “piloto-investigativa” em uma quadra urbana típica do bairro de Mangabeira, em João Pessoa - PB, buscando avaliar comparativamente as relações dos pedestres com as calçadas, os usos, e a animação urbana no espaço citadino. É apontada a necessidade da revisão das legislações urbanísticas como pressuposto da qualidade urbana.
O Plano Diretor de João Pessoa-PB está sendo revisado, mas com tímida participação da sociedade civil. Entre os inúmeros temas a serem debatidos, as transformações nas escalas dos bairros merece uma preocupação dos gestores públicos, sobretudo a verticalização sem planejamento com impactos sócioespaciais na vida dos moradores. Sobre esse tema, como reflexão e investigação espacial, foi escolhido o bairro dos Bancários, localizado na região sul, ainda com margem para ser adensado, e inserido na Zona Adensável não Prioritária, próximo de duas instituições de ensino superior importantes (Universidade Federal da Paraíba e Centro Universitário de João Pessoa-PB), de serviços bancários, centros de compras, escolas, creches, praças, porém concentrados prioritariamente na avenida principal do bairro Avenida Emp. João Rodrigues Alves. A dinâmica urbana do bairro vem sendo transformado rapidamente, derivado do processo de verticalização e do intenso interesse do mercado imobiliário em especular o solo seguido da mercantilização do espaço sem regulação do poder público. Tal realidade é comum em vários bairros da capital paraibana, com impactos danosos ora já percebidos ou com tendência de serem acentuados tais como congestionamento no tráfego, monofuncionalismo, comprometimento da ventilação natural, relação de negação entre as edificações e os espaços públicos, e aumento da sensação de insegurança nas quadras mais distantes das vias principais pela ausência de movimento nas calçadas.
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