Este artigo propõe apontar os aspectos semelhantes, literários e sociais, entre o romance O Cortiço (1890), de Aluísio de Azevedo, e o álbum musical Sobrevivendo no Inferno (1997), lançado pelo grupo de Rap Racionais MC's. Para desempenhar tal proposta, foi realizada, primeiramente, uma apresentação do movimento Naturalista e do gênero musical Rap, procedida pela análise dos discursos, traçando possíveis comparações no que se refere às características narrativas e ao retrato da dura realidade da vida em ambientes precarizados, seja no cortiço Cabeça de Porco, retratado por Aluísio de Azevedo, seja no distrito periférico do Capão Redondo, habitado pelos membros do Racionais MC’s. Apesar de apresentarem distinções qualitativas e de estarem inseridos em diferentes tempos e espaços, além de somarem décadas de existência, concluímos que tanto O Cortiço quanto Sobrevivendo no Inferno continuam descrevendo cenários que ainda fazem parte do Brasil atual e, por isso, mantêm a sua relevância para o meio literário e cultural.
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