Skinner sistematicamente descreveu o mentalismo como um obstáculo para a resolução dos problemas humanos. Segundo ele, a adoção desse modelo explicativo acabaria por encobrir as variáveis críticas, acessíveis e manipuláveis, que estariam na base da produção e/ou manutenção dos problemas sociais, especialmente os comportamentais. O presente trabalho descreve um caso real no qual tal modelo explicativo mentalista foi usado por um Ministro da Justiça brasileiro como referencial para tentar compreender um fenômeno comportamental complexo (a violência), e de como a adoção desse modelo acabou por direcionar um tipo particular de política pública de intervenção (aumentar a conscientização da população). Discutem-se os conceitos de violência e de consciência a partir do instrumental teórico analítico-comportamental, contrastando diagnósticos e soluções indicadas por cada alternativa teórica.
Em 1990 iniciou-se o Projeto Genoma Humano com a tarefa de mapear que genes comporiam o código genético do homem. Recentemente, o coordenador geral do projeto Genoma Câncer no Brasil, sugeriu a existência de um conjunto de genes responsáveis pelo comportamento criminoso, descartando o papel relevante de variáveis ambientais (ontogenéticas e culturais). O presente ensaio teve por objetivo discutir a origem e a pertinência do determinismo reducionista biológico na explicação do comportamento. Identificou-se uma longa tradição no pensamento ocidental de busca, na base orgânica, de uma explicação estritamente biológica para as ações humanas, especialmente para aquelas entendidas como socialmente problemáticas. Tal tradição é confrontada com o modelo de seleção pelas conseqüências de Skinner e com a descrição de experimentos mostrando a atuação conjunta dos determinantes filogenéticos e ontogenéticos no comportamento. Discutem-se os limites de uma explicação inteiramente genética da ação e os perigos sociais e políticos de sua disseminação.
Skinner em 1 981 propôs um modo causal geral para explicar o comportamento envolvendo doisprocessos básicos e complementares: variação e seleção. Algumas vezes o selecionismo é apresentadocomo um substituto do mecanicismo dentro e fora do âmbito comportamental. Contudo, há um ponto detensão nessa interpretação: o comportamento/condicionamento reflexo. Esse tipo de comportamento e deaprendizagem seria explicado através de leis compatíveis com o mecanicismo, as leis do reflexo, nãoenvolvendo variação e seleção. Em que medida, então, a seleção pelas consequências seria um modoexplicativo geral se nem mesmo seria aplicável a todos os casos de comportamento? Uma interpretaçãoalternativa é oferecida sobre a natureza e o alcance do selecionismo skinneriano.
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