A inteligibilidade da relação de povo com seu território depende do enfoque que se use para compreendê-la. A avaliação social dos impactos ambientais representa uma perspectiva profundamente occidental, cuja aplicação tem efeitos devastadores para as comunidades locais, sendo a consequência principal o desalojamento da memória que está ancorada na paisagem. A separação da memória da paisagem constitui o fim da sustentabilidade socioambiental para um grupo humano, em cujo caso a memória migra desde o mundo das coisas em direção à memória das coisas. A encarnação paisagística da uma comunidade é desenraizada e condenada a seguir existindo somente na lembrança que as pessoas têm de seu território. O estudo de avaliação de impactos ambientais para a construção do projeto da usina hidrelétrica nas imediações do Lago Neltume, no sul do Chile, mostra que o olhar externo erra em identificar adequadamente os contornos da ocupação humana do território. O estudo do caso convida a formular uma análise paisagística para mostrar a existência da simbiose socioambiental que encapsula a memória da comunidade na paragem local, garantir-se no longo prazo a continuidade do povoamento e, com ele, a sustentabilidade. A discussão permite sugerir formas alternativas de avaliar impactos ambientais, cuidando dos padrões que regem os modos de localização das populações humanas.
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