O trabalho apresenta os resultados de uma investigação sobre as relações entre a burocracia escolar e as famílias dos estudantes durante os processos de matrícula na rede municipal do Rio de Janeiro. Nela, há escolas com diferentes desempenhos e reputações; por isso, há diferenças de demanda pelas vagas oferecidas. Embora exista legislação específica para a matrícula que inclui, inclusive, regras para desempate entre famílias no caso de maior demanda do que oferta, nossos dados permitem afirmar que existem diferentes estratégias utilizadas pelas famílias para escolher e acessar as melhores escolas, ora regidas exclusivamente pelo acompanhamento das regras e normas da regulamentação de matrícula, ora através do contato pessoal com profissionais da burocracia estatal e/ou com pessoas conectadas a eles. A análise desse cenário de escolha e acesso às escolas revela um conjunto de sociabilidades entre as famílias e o Estado. Nosso objetivo é descrever e analisar esse cenário e os resultados objetivos das ações empreendidas pelas famílias e pelos profissionais da escola. Concluímos que as famílias que estabelecem contatos pessoais diretos ou indiretos com a burocracia escolar têm maiores chances de acessar as vagas nas escolas mais disputadas. Isso ocorre porque as ações discricionárias da burocracia, em conjunto com as ações familiares, definem as trajetórias dos estudantes com base em critérios por vezes antagônicos à lógica republicana que deveria organizar a distribuição de vagas em escolas.
O artigo analisa como a literatura na área de educação no Brasil vem abordando as relações entre família e escola na Educação Infantil. Realizou-se uma revisão no Portal de Periódicos da CAPES e no banco de dados do SciELO. A partir das palavras-chave e dos critérios de inclusão e exclusão utilizados, obteve-se um conjunto de vinte e dois artigos. A análise revelou que as divergências entre as concepções de professores e responsáveis sobre o compartilhamento da educação de crianças pequenas entre a escola e a família é o principal tema apresentado nas publicações. Conclui-se que há uma lacuna nas investigações brasileiras que abordem a relação família e escola de Educação Infantil sob a ótica das desigualdades sociais.
O artigo analisa o acesso às Creches e Centros de Atendimento à Infância Caxiense. São escolas para crianças desnutridas ou em risco nutricional. Oferecem educação infantil, assistência social e alimentação. Trata-se de uma política intersetorial do município de Duque de Caxias/RJ. Observamos a pesagem das crianças e mapeamos as ações e decisões discricionárias dos gestores escolares, nutricionistas e assistentes sociais envolvidos no processo. As interações entre os profissionais e as famílias definem a ocupação das vagas, sobretudo quando a demanda é maior do que a oferta.
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