ResumoO artigo analisa as representações sociais sobre o negro presentes na produção literária destinada à criança no Brasil, nas três primeiras décadas do século XX. A definição de tal periodização tem em vista a emergência, a partir da década de 1920, na produção artística e científica nacionais, da discussão em torno da identidade brasileira. Destaca-se a construção de referências estéticas e científicas voltadas para compreensão dos significados da composição racial da população, temática que ecoa nas obras endereçadas ao público infantil. Se nas obras produzidas até a década de 1920 os personagens negros eram ausentes ou remetidos ao recente passado escravocrata, observa-se um deslocamento: os personagens negros tornam-se freqüentes, descritos de maneira a caracterizar uma suposta integração racial, hierarquicamente definida. Mediante a descrição das características físicas e cognitivas dos personagens negros, de sua relação com os personagens brancos, sua inserção no espaço social, configura-se uma visão da temática racial endereçada ao público infantil. Os negros aparecem como personagens estereotipados, descritos a partir de referências culturais marcadamente etnocêntricas que, se buscam construir uma imagem de integração, o fazem a partir do embranquecimento de tais personagens. Na verdade, mais que embranquecer os personagens, a literatura infantil do período dirige-se e produz um leitor modelo identificado com os personagens e as referências culturais brancas, marcando, portanto, um embranquecimento do leitor. Palavras-chaveHistória -Literatura -Infância -Raça.
ResumoNo contexto da ampliação do ensino fundamental para nove anos, o artigo relata como foi vivida, por um grupo de crianças, a transição de uma escola de educação infantil para uma de ensino fundamental em Belo Horizonte. O processo de construção e análise dos dados da pesquisa baseou-se na abordagem interpretativa da sociologia da infância e na etnografia interacional. Verificou-se que as práticas educativas que assumiram centralidade na educação infantil e no ensino fundamental se estruturavam em torno da brincadeira e do letramento, mas situadas diferencialmente nos dois segmentos. Na escola de educação infantil, a centralidade do brincar esteve presente na organização das rotinas institucionais. No entanto, tendo em vista sua condição de sujeitos inseridos em uma cultura grafocêntrica, as crianças voltaram-se para a apropriação da língua escrita, engajando--se individual e coletivamente em diversos eventos de letramento. Ao inserir-se no ensino fundamental, as crianças depararam-se com um hiato entre as experiências desenvolvidas na educação infantil e as práticas educativas da nova escola: o brincar foi situado em segundo plano. Argumentamos que a falta de diálogo presente na organização do sistema educacional brasileiro em relação aos dois primeiros níveis da educação básica se refletiu no processo de desencontros vivenciados pelas crianças pesquisadas. Nesse sentido, a investigação, ao ter como foco o registro da experiência infantil, evidenciou a necessidade de uma maior integração entre o brincar e o letramento nas práticas pedagógicas da educação infantil e do ensino fundamental, ambas dimensões centrais da cultura infantil contemporânea.
O objetivo do presente texto é examinar, com base na análise do cotidiano de uma escola pública de educação infantil em Belo Horizonte, MG, os significados do ler, escrever e brincar para crianças pequenas. Este estudo situa-se no contexto das discussões sobre o lugar do letramento e da alfabetização na educação infantil que foram intensificadas com o estabelecimento da obrigatoriedade do ensino fundamental de nove anos (leis federais n. 11.114/2005 e n. 11.274/2006 e emenda constitucional n. 59/2009). A análise apresentada faz parte de estudo mais abrangente, desenvolvido tomando-se por base a abordagem etnográfica interacional (Green; Dixon; Zaharlick, 2005), a abordagem interpretativa da sociologia da infância (Corsaro, 2005) e a perspectiva social do letramento (Castanheira; Green; Dixon, 2007; Soares, 1999; Street, 1984). Tal análise nos permite demonstrar a possibilidade da integração do letramento e do brincar na educação infantil.
RESUMO:Neste texto, examinamos as condições sociais e semióti-cas em que a escrita se faz presente no cotidiano de uma turma da educação infantil de uma escola pública em Belo Horizonte, por meio da análise de eventos interacionais e de letramento identificados nesse contexto. Os eventos analisados integram o banco de dados de uma pesquisa que envolveu a observação participante e adotou as abordagens da etnografi a interacional e da sociologia da infância no exame de como, quando e por quem atividades com a escrita eram iniciadas e desenvolvidas na turma observada. A contraposição de diferentes formas de análise e de representação da interação entre participantes em eventos de letramento evidenciou que ora a professora, ora os alunos tornavam a escrita integrante das interações estabelecidas entre eles. Além disso, foi possível reconhecer aspectos que contribuem para a ocorrência de situações de incompreensão entre os participantes do grupo. O engajamento das * Doutora em Educação e professora titular
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