Este artigo apresenta uma análise do processo de profissionalização dos bacharéis-advogados no Brasil, durante o período imperial. Centra-se na investigação sobre o Instituto da Ordem dos Advogados Brasileiros (IOAB), fundado em 1843, na trajetória que esta organização percorreu até 1930, 1 perseguindo um projeto de profissionalização que articulava a influência sobre o Estado no âmbito técnico-jurídico com o monopólio profissional. Meu argumento é que a construção da profissão ocorreu simultaneamente à construção do Estado, no contexto posterior à Independência, como uma via de mão dupla interdependente. Partindo da visão de que profissão é um processo, pretendo mostrar como os bacharéis se foram demarcando de outras elites, tomando como referência a sua expertise para fundamentar a indispensabilidade de sua assessoria ao Estado. Outro aspecto central em meu argumento é apontar os limites tanto dos modelos que priorizam analisar as profissões no mercado de trabalho, quanto daqueles que as concebem como um projeto de mobilidade social coletiva, para a compreensão da experiência brasileira no campo do Direito.A bibliografia da Sociologia das Profissões na década de 70 foi feita, em parte, por uma geração que viveu o clima de contestação de 1968. Daí o predomínio de um olhar que focalizava o fenôme-no profissional de forma crítica, vinculando o ideal de serviço à construção de uma ideologia que fornecia as bases de legitimação dos poderes profissionais e do monopólio de mercado. Magali Larson (1977) expandiu esta visão para incluir no tipo ideal 2 de profissionalização um processo duplo de controle de mercado e de mobilidade social coletiva. Como meu propósito é apontar os limites da abordagem das profissões no mercado para a compreensão do caso brasileiro, vou detalhar minha crítica à perspectiva desta autora, que englobou os dois aspectos no modelo que propôs.O estudo de Larson investigou a Medicina e a Engenharia nos Estados Unidos e na Inglaterra a partir do século XIX, quando, segundo a autora, terse-ia iniciado o processo de profissionalização moderno, centrado na organização de escolas superiores e de associações profissionais autônomas.
IntroduçãoNas últimas décadas registra-se o aumento da participação feminina no total de (2000) identificam o crescimento bipolar da participação feminina no mercado de trabalho brasileiro. Para elas, essa inserção é marcada pela formação de guetos de gênero, com as mulheres ocupando as áreas do "cuidar". As autoras mostram que o estereótipo sobre a falta de disponibilidade das mulheres para a dedicação à profissão cai por terra quando se focaliza a Enfermagem,
Resumo: Este artigo analisa as mudanças na composição de gênero da magistratura paulista, que ocorreram simultaneamente ao processo de reforma do Judiciário. Argumenta que o tribunal usou de estratégias de recrutamento e de controle para se manter como carreira pública de elite. Ao enfrentar um ambiente externo que pressionava por reformas e um ambiente interno mais heterogêneo, deu centralidade à postura profissional, procurando homogeneizar a diferença através da identificação com "ser magistrado(a)". A diferença é conceituada e sugerida às formas como ela é interpretada na magistratura. Destaca-se a diferença como subjetividade, parte da esfera íntima, vindo a público o compartilhamento de uma corporalidade que distingue o grupo e produz sua eficácia simbólica. O artigo baseia-se em 20 entrevistas semiestruturadas realizadas com magistrados (as) para o projeto Profissionalismo e gênero nas carreiras jurídicas, financiado pelo CNPq, além de dados quantitativos e fontes documentais. Palavras-chave: Profissões, magistratura, diferença, gêneroAbstract: This article focuses on the changes in the gender composition of the São Paulo magistrature, which occurred simultaneously to the judicial reform process. The argument is that the Appellate Court adopted strategies of judicial recruitment and control to maintain itself as an elite public career. The Tribunal de Justiça de São Paulo had to deal with an external environment claiming for the judicial reform as well as a more heterogeneous internal environment. In this context, it gave centrality to the professional posture, searching to restore homogeneity through the collective identification of magistrate. The article conceptualizes the difference and suggests forms of how it is interpretated within the magistrature. The difference stands out as subjectivity, as part of the interiority, presenting a shared corporality that distinguishes the group and that produces its symbolic efficacy. The empiric base for the study is the data gathered by the project Professionalism and gender in the legal careers, sponsored by CNPq, with quantitative data, 20 qualitative interviews, and documental sources.
Já se passaram 20 anos desde que a autora cunhou o termo trabalho das emoções para referir-se ao processo no qual as pessoas tomam como referência um padrão de sentimento ideal construído na interação social, e procuram manusear e administrar suas emoções profundas para adequá-las a essa expectativa quando não estão sentindo assim internamente. Como a autora observa, o trabalho das emoções é mais acentuado entre os subalternos do que entre os senhores, entre os dominados do que entre os dominantes. Assim, em uma perspectiva de gênero, ele é mais acentuado entre as mulheres do que entre os homens.A análise de Arlie Hochschild sobre a divisão de gênero no trabalho emocional 3 focaliza como as mulheres administram as * Recebida para publicação em junho de
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