resumo: O presente trabalho é uma interrogação à teoria psicanalítica acerca das ressonâncias do traumatismo na função psíqui-ca da memória, a partir da leitura das obras de Sigmund Freud, Sandor Ferenczi, Nicolas Abraham e Maria Torok. Sustenta-se que o traumático subverte o registro psíquico dos acontecimentos. A imagem paradoxal do trauma enquanto avesso da memória espera oferecer uma figurabilidade a esta subversão, indicando a alteração no direcionamento dos investimentos psíquicos. Palavras-chave: Psicanálise, trauma, memória, investimento psíquico.a bsTracT: Trauma: the reverse of memory. The present essay comprises an interrogation to psychoanalysis theory on the consequences of trauma in the psychic role of memory, based on the works of Sigmund Freud, Sandor Ferenczi e Nicolas Abraham e Maria Torok. We state that the traumatic subverts the psychic registry of events. The paradoxical image of trauma as the reverse of memory intends to offer a symbolism to this subversion, indicating the change in the direction of the psychic cathexis.
A presente dissertação configura-se como uma interrogação à teoria psicanalítica acerca das ressonâncias do traumatismo na função psíquica da memória. Ambos são conceitos que remetem aos fundamentos da psicanálise, apontando para a constituição do psiquismo, bem como para seus limites. A dissertação procura ampliar o estudo da temática para além da obra de Freud e alcançar as contribuições de Sandor Ferenczi e seus desdobramentos na obra de Nicolas Abraham e Maria Torok. Em Freud, as relações de trauma e memória, principalmente a partir da conceituação de um além do princípio do prazer, apontam para o funcionamento, ou melhor, às falhas de funcionamento nos limites do psíquico-entre corpo e psique, entre percepção e representação-responsáveis pela instauração da memória e a diferenciação psíquica. O traumático foi associado à dinâmica da pulsão de morte e a da angústia automática, que faz continuamente uma demanda de trabalho psíquico, de ligação, anterior à instauração do princípio de prazer. Quando não há possibilidade de ligação e transcrição do acontecimento, seus efeitos apresentam-se de forma negativa como danos narcísicos. Ferenczi considera o papel do objeto como determinante em relação ao destino traumático de um acontecimento. Caso o objeto não possa adaptar-se às necessidades do sujeito e fornecer ou legitimar um sentido ao vivido, interrompe-se o processo de introjeção e inscrição psíquica. Frente ao desamparo psíquico decorrente da ausência de investimento do objeto, o psiquismo se defende por meio da clivagem das impressões traumáticas ou imerge em comoção, da qual não resta memória. Nicolas Abraham e Maria Torok acrescentam que um acontecimento que permaneceu clivado no psiquismo de uma geração-impossibilitado de circulação e figurabilidade-é transmitido enquanto lacuna de memória para a próxima geração. A imagem do trauma como avesso da memória é paradoxal, pois remete tanto às impressões que aguardam uma revelação por meio de uma ligação com uma imagem, no modelo dos sonhos traumáticos, como à pura negatividade relativa à falta de representação, da qual um sentido pode advir mediante somente uma construção que produza um sentimento de convicção. Tal imagem paradoxal pretende oferecer uma reserva psíquica/teórica ao analista enquanto uma figurabilidade possível das ressonâncias do traumático na memória.
Junior, meu professor orientador, minha profunda gratidão pela sua presença reservada e por sua aposta silenciosa, ao longo destes anos, que me possibilitaram trilhar e me apropriar deste caminho; por sua orientação cuidadosa e generosa, e por sustentar o grupo de orientação, verdadeiro dispositivo de troca e construção de ideias, essencial para a formação de pesquisadores. A todos que participaram deste grupo e que me ensinaram muito durante minha passagem, pelo apoio e acolhimento das angústias suscitadas durante o percurso, especialmente
Resumo: Este artigo propõe um diálogo entre as teorizações psicanalíticas de Sandor Ferenczi e Donald Winnicott a respeito do papel do objeto no psiquismo, tanto em sua dimensão traumática como constitutiva. Serão discutidas as contribuições convergentes dos autores à concepção psicanalítica de trauma e suas vicissitudes no psiquismo. Seguindo uma tradição de valorização do meio ambiente, o trauma passa a ser pensado como falha na relação entre o sujeito e outro.Palavras-chave: Trauma. Constituição psíquica. Papel do objeto. IntroduçãoEncontramos pouca referência no texto winnicottiano às suas filiações no campo psicanalítico. Talvez o motivo tenha sido evidenciado por Winnicott em uma carta a Klein a respeito do seu desejo de falar e escrever sobre psicanálise com as próprias palavras. Não queremos adentrar na discussão se tal atitude reflete uma retórica particular ou uma tentativa criativa de apropriação em psicanálise. Contudo, apoiados em Ogden (2005), podemos pensar que existem diversos autores de diferentes épocas se comunicando em seu texto. É nesse contexto que pretendemos realizar um diálogo entre as ideias de um psicanalista contemporâneo a Freud, Sandor Ferenczi, e suas ressonâncias no pensamento de Donald Winnicott. Pensando
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