No último número de 2002 da Revista Brasileira de Anestesiologia, Soares e col.
1, num estudo muito bem conduzido em pacientes oftalmológicos, investigaram a Mistura Enantiomérica da Bupivacaína. Este estudo, é o primeiro em que a Mistura Enantiomérica da Bupivacaína foi utilizada na anestesia ocular. Todavia, notamos que na discussão, passou desapercebida a impropriedade da citação bibliográfica de nú-mero 13, fato que confirma a confusão terminológica reinante. Esta referência 2 trata-se da pesquisa básica de nossa autoria, no modelo nervo ciático de rato, onde comparamos a levobupivacaína com a bupivacaína, quanto à atividade bloqueadora de nervo. A impropriedade da citação deveu-se ao fato dos Autores justificarem a ausência de toxicidade da Mistura Enantiomérica da Bupivacaína, valendo-se de uma pesquisa que absolutamente não aborda aspectos toxicoló-gicos enquanto outro agente foi estudado, diferente da Mistura Enantiomérica da Bupivacaína. Embora que a citação ao nosso trabalho tenha sido lisonjeira, urge uma correção e esperamos que os Autores aceitem esta nossa observação. A guisa de colaboração sugerimos a leitura do trabalho de Delfino e col.
3, que aborda com muita precisão os conceitos enantioméricos que redundaram na Mistura Enantiomérica da Bupivacaína. Ainda, mencionamos os nossos estudos na fase pré-clínica, que versam sobre cárdio e neurotoxicidade deste novo anestésico local [4][5][6] . No primeiro estudo investigamos a toxicidade potencial de anestésicos locais inclusive do isômero dextrógiro no rato in vivo, comparados com a Mistura Enantiomérica da Bupivacaína. Nesta pesquisa, concluímos que a cardiotoxicidade potencial da Mistura Enantiomérica da Bupivacaína (S75:R25 e/ou S90:R10) é igual a da levobupivacaína. Portanto, a despeito de conter o isômero R(+) ou dextrógiro ou ainda "isômero mau", em proporções reduzidas, esses racemados demonstram eficácia no bloqueio do nervo, enquanto a toxicidade potencial não é aumentada, o que lhe confere a segurança que não existe na bupivacaína racêmica (S50:R50). Seguramente, este achado justifica a vantagem da Mistura Enantiomérica da Bupivacaína, um composto talhado isomericamente visando a obtenção de índice terapêutico favorável. O novo anestésico local brasileiro, ou ex-Simocaína, nasceu de uma especulação científica que nos fez realizar uma obviedade estereoisomérica, resultando no binômio Eficá-cia/Segurança. E fizemos antes que alguém no mundo, o fizesse. Outro problema que gostaria de ressaltar é que mesmo assim, está havendo imprecisões nominais para designar este novo agente na nossa comunidade. Senão vejamos:Poucos diferenciam a Levobupivacaína da Mistura Enantiomérica da Bupivacaína. Numa pesquisa que realizamos em diferentes encontros científicos, pudemos captar a confusão reinante entre os colegas quanto à terminologia. Qualquer que seja o nome que se venha dar ao composto, fruto da "modificação estereoisomeria baseada em evidên-cia", o racemado específico vem se consagrando graças aos trabalhos clínicos publicados pela Revista Brasileir...