O objetivo desse estudo foi verificar os principais efeitos imediatos da crise do coronavírus (Covid-19), em particular, sobre a comercialização de hortaliças produzidas em estabelecimentos agropecuários denominados familiares. Para realização desse estudo recorreu-se à revisão bibliográfica e a realização de entrevistas semi-dirigidas. O estudo aponta que a maior diferenciação social entre os produtores decorrente da pandemia tem estreita relação com o canal de comercialização dominante. Verifica-se que os produtores que comercializam para os supermercados, diretamente ou indiretamente, conseguem manter o escoamento de forma mais regular, uma vez que esses estabelecimentos seguem abertos por serem “serviços essenciais”. Mas parte considerável dos agricultores familiares que dependem do funcionamento dos restaurantes e das feiras está em situação de maior vulnerabilidade econômica. Outro importante canal de comercialização para o agricultor familiar são as compras institucionais, em especial, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Para o PAA, a modalidade mais utilizada pelos agricultores familiares é a “Compra com Doação Simultânea”, a qual apresentou decréscimo vertiginoso desde o ano de 2013. O PNAE, por sua vez, diminuiu as aquisições em função da suspensão das aulas em vários municípios. Conclui-se que são dois programas que constituem alternativas concretas para minimizar os impactos causados pela atual crise sobre os agricultores familiares, além de garantir alimentos às pessoas em condições mais vulneráveis.
Este artigo pretende comparar um conceito-chave que é típico das Ciências Sociais, embora mais discutido e analisado na Ciência Política – o conceito de poder. Apresenta-se a visão tridimensional do poder, originalmente proposta por Steven Lukes, em 1974. A comparação é com uma formulação tipicamente sociológica, a teoria cultural do poder proposta por Pierre Bourdieu e resultante da vasta produção científica do autor francês. As contribuições dos dois autores são apresentadas sucintamente em duas seções, e uma terceira seção analisa comparativamente o alcance interpretativo dos conceitos de poder em ambos os autores.
O artigo analisa a passagem do “Brasil agrário” do passado para um Brasil rural atual, profundamente reconfigurado em todos os aspectos da vida econômica e social no último meio século. Adicionalmente, introduz diversos fatos demarcadores, exatamente para descrever não apenas esta transição para um “mundo novo”, mas, sobretudo, para demonstrar que o Brasil agrário que marcou tão fortemente a cultura e as mentalidades da história do país está rapidamente deixando de existir. E, finalmente, sugere brevemente algumas tendências que estão emergindo, as quais, provavelmente, irão aprofundar ainda mais esse “novo rural”, como um espaço essencialmente econômico e produtivo – mas esvaziado de interação humana, pois esta reconfiguração tem significado, também, o nascimento de uma sociedade rural que, cada vez mais, é subordinada à vida urbana, particularmente no tocante aos processos econômicos.
O Brasil, em termos de desenvolvimento tecnológico aplicado à agricultura, tem-se mostrado capaz de desenvolver produtos biotecnológicos poupadores de insumos, assim como os Estados Unidos. Ambos os países desenvolveram produtos transgênicos extremamente semelhantes em termos tecnológicos. No entanto, no que diz respeito à política de inovação agropecuária para esse tipo de produto, os dois casos apresentam diferenças cruciais. O artigo destina-se a apontar diversas características, comparando dois casos de desenvolvimento de produtos biotecnológicos poupadores de agroquímicos nos respectivos países, que podem explicar resultados diferentes para situações iniciais similares e exemplificar as fundamentais diferenças entre capacidade de pesquisa e inovação tecnológica.
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