RESUMO Este artigo parte da compreensão de interdisciplinaridade como modo de operar face às visões fragmentadas presentes nos processos de produção e de socialização do conhecimento. Objetiva compartilhar reflexões que problematizam a interdisciplinaridade a partir da experiência de formação acadêmica na pós-graduação de um grupo de pesquisa cujos integrantes expressam diversidade de formação e inserção profissional e se debruçam sobre relações entre políticas públicas, saúde e necessidades das pessoas. As reflexões foram elaboradas com base em questões emergentes nos encontros sistemáticos do grupo, que foi tomado como estratégia teórico-metodológica, e sustentadas a partir do diálogo entre saúde coletiva, como campo de saber e de prática, e psicologia social da práxis, formulada por Enrique Pichon-Rivière. O eixo articulador dessa experiência é a formação em sentido amplo que se manifesta pelo princípio de indissociabilidade ensino-pesquisa-extensão, i.e., aprender-investigar-fazer, e como autoformação em um processo mútuo e de ação reflexiva, de aprender a aprender. Nesse sentido, argumenta-se que é metaformação e só pode se dar na perspectiva de diálogos de saberes e interdisciplinares.
RESUMO Pretendeu-se refletir sobre a relevância de contribuições feministas como referenciais contrahegemônicos para uma análise crítica de práticas de saúde desenvolvidas em um serviço da atenção básica do Sistema Único de Saúde. Observaram-se ações de profissionais em uma Unidade Básica de Saúde com o objetivo de analisar como se manifestam questões de gênero na atenção básica a partir de perspectiva da psicologia social postulada por Pichon-Rivière em diálogo com produções feministas. A partir de discussão crítica perante visões dicotômicas, como público e privado, e discursos naturalistas, foram identificados três aspectos relevantes: divisão sexual do trabalho, maternidade e ausência paterna; centralidade das práticas de saúde da mulher na reprodução; e binarismo das políticas públicas de saúde. Isso permitiu identificar aspectos importantes acerca das práticas de saúde na atenção básica. Espera-se que este estudo, ao examinar a naturalização e a reprodução de sexismo, racismo e classismo em meio às práticas consideradas, fomente discussões futuras no campo da saúde que caminhem no sentido de uma produção de saberes e práticas comprometidos com a contestação de tais desigualdades.
Gênero no campo da saúde é um tema de relevância atualmente, que vem sendo discutido por autoras feministas. Esta pesquisa teve o objetivo de analisar como se manifestam questões de gênero na Atenção Básica do Sistema Único de Saúde (SUS), bem como suas implicações nas práticas de saúde, tanto do ponto de vista do cuidado, quanto das relações, concepções e políticas públicas, a partir de uma perspectiva da Psicologia Social. Para tanto, foram realizadas visitas a uma Unidade Básica de Saúde no município de São Paulo, onde foram observadas diversas ações de profissionais de saúde no contexto da Atenção Básica do SUS, entre atendimentos, grupos, visitas domiciliares e discussões de caso. Como modo de sustentar esta pesquisa, lançou-se mão dos pressupostos da Psicologia Social postulada por Enrique Pichon-Rivière, tendo o grupo operativo como instrumento de investigação. As observações e reflexões realizadas na UBS foram registradas em diário de campo, que foi analisado tomando-se como referência o aporte teórico pichoniano a fim de verificar o que se emergia das situações vivenciadas. A partir da articulação dessas observações a estudos feministas que criticam dicotomias como público/privado, cultural/natural, homem/mulher, bem como discursos naturalistas, foram feitas discussões que se articularam em três pontos: a) divisão sexual do trabalho, maternidade e ausência paterna; b) centralidade das práticas de saúde da mulher na reprodução; e c) binarismo das políticas públicas de saúde. Considerando a análise em três direções (psicossocial, sociodinâmica e institucional), como postulada por Pichon-Rivière, assim como a perspectiva da interseccionalidade (em que gênero, raça e classe são tomados em suas interconexões), foram feitas indagações a respeito das possibilidades do campo da saúde se relacionar com outros setores da sociedade, promovendo políticas intersetoriais.
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