Partindo de um interesse em pensar a relação entre arqueologia e antropologia, apresento neste artigo a experiência de uma pesquisa em que as fronteiras disciplinares são fluidas e flexíveis. O mote da minha reflexão é a prática de uma pesquisa de arqueologia com um grupo indígena do tronco tupi, os Wajãpi do Amapá. Com o desenrolar da pesquisa, ficou claro que, além dos sítios arqueológicos, havia muito para conhecer sobre o que os Wajãpi pensam a respeito dos sítios. Sem falar no que os Wajãpi conhecem sobre outras coisas que nós arqueólogos não consideramos sítios, mas que podem funcionar como sítios nos seus próprios termos. Com isso, eu me voltei a conhecer a maneira como os Wajãpi constroem narrativas sobre o passado utilizando vestígios, os traços materiais que seguem disponíveis hoje na sua terra. Ao pensar a arqueologia como uma prática de sentido, vejo esse processo de construção de relações entre os vestígios materiais e o conhecimento wajãpi como uma versão da arqueologia. Neste artigo, apresento alguns exemplos deste processo para argumentar que as aproximações disciplinares podem ser férteis e produtivas.
ResumoAo ampliar a pesquisa arqueológica no Amapá, emergiram contextos inéditos, exigindo reflexão sobre como classificar o material. A discussão que realizo aqui tem início com uma investigação sobre a forma como a fase Koriabo tem sido utilizada em outras áreas do Escudo Guianense. Os usos que têm sido feitos, na maior parte dos casos, do termo Koriabo na arqueologia da região, como busco demonstrar, têm um caráter generalizador. Como decorrência, as semelhanças são ressaltadas e as diferenças negligenciadas, com uma forte tendência à homogeneização. No entanto, escavações recentes na Guiana Francesa e no Amapá apontam para contextos diversos de deposição desta cerâmica característica. A partir daí, volto-me ao contexto no Amapá, salientando o quanto escavações amplas com informações detalhadas oferecem novas bases para refletirmos sobre as classificações, já que enriquecem nosso conhecimento sobre os contextos arqueológicos de deposição. A partir da reflexão que apresento aqui, sugiro que, no contexto da arqueologia das Guianas, é necessário ampliar o foco em contextos particulares antes de nos voltarmos às classificações generalistas, a fim de refinar dados e nossas interpretações.Palavras-chave: fase Koriabo, arqueologia das Guianas, classificação. COLLECTING POTSHERDS: SOME THOUGHTS ON THE CLASSIFICATION OF THE KORIABO PHASE IN AMAPÁ AbstractBy expanding the archaeological research in Amapá, new contexts emerged, demanding thinking on how to classify the archaeological material. The argument I make here begins with an investigation into how the Koriabo phase concept has been used in other areas of the Guyana Shield. In most cases, the term Koriabo has been widely generalized in the archeology of the region. As a result, the similarities and differences are neglected, with a strong tendency towards homogenization. However, recent excavations in French Guyana and Amapá point to different contexts of pottery deposition. In Amapá, detailed excavations over wide surAmazônica 3 (1): 88-106, 2011Cabral, M. P. 91faces have offered new basis for thinking about classifications, departing from the knowledge of depositional contexts. Based on argument here developed, I suggest that it is necessary to broaden the focus in particular contexts before we turn to the general classifications, so we can to refine our data and interpretations.Keywords: Koriabo phase, archaeology of Guyanas, classifcation JUNTANDO TIESTOS: UNA REFLEXIÓN SOBRE LA CLASIFICACIÓN DE LA FASE KORIABO EN AMAPÁ ResúmenAl ampliar la investigación arqueológica en Amapá, contextos inéditos han surgido, lo que requiere reflexión sobre cómo clasificar el material. El argumento que hago aquí se inicia con una investigación sobre cómo se ha utilizado la fase Koriabo en otras áreas del Escudo de Guayana. Los usos que se han hecho, en la mayoría de los casos, el término Koriabo en la arqueología de la región tienen un carácter generalizador. Como resultado, las similitudes y las diferencias se destacan, con una fuerte tendencia a la homogeneización. Sin embarg...
ResumoPartindo do princípio de que arqueologia é um modo de construir narrativas a partir dos vestígios materiais que apontam para outros tempos, sigo algumas proposições -na arqueologia e na antropologia -que sugerem, apesar do indiscutível fardo modernista da ciência, que é possível pensar (e, portanto, praticar) modos desta construção de conhecimento que não se atêm ao modelo modernista. A partir da posição de sujeito moderno, formada no seio da epistemologia científica, aventuro-me a refletir sobre estas possibilidades com base em uma experiência em andamento junto a um grupo indígena no norte amazônico. Fugindo dos qualitativos costumeiramente empregados para localizar práticas arqueológicas realizadas com populações atuais, argumento que esta qualificação é mais uma maneira de domesticar outros modos de conhecimento dentro da Arqueologia (com A maiúsculo, já supostamente universal). Palavras-chave: Modos de conhecer, práticas arqueológicas, diálogos OF SHERDS, SOFT STONES, AND OTHER VESTIGES: PATHS OF AN UNQUALIFIED ARCHEOLOGY AbstractAssuming that archeology is a way to construct narratives from the material traces from other times, I follow some propositions -in archeology and anthropology -which suggests that, despite the undeniable burden of modernist science, we can consider (and therefore practice) modes of knowledge building that does not cling to the modernist model. From the modern subject position, however, formed within scientific epistemology, I venture to think about these possibilities based on an experiment in progress with an indigenous group in the northern Amazon. Fleeing the qualitatives customarily employed for locating archaeological practices conducted along the existing populations, I argue that this qualification is more a way of domesticating other modes of knowledge within archeology (with a capital A, as supposedly universal).
ResumoAs estruturas megalíticas do norte do Amapá podem ser descritas como grupos de blocos graní-ticos dispostos no topo de colinas em diferentes formatos. Desde 2005 um projeto de pesquisa é desenvolvido no Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA) tendo como um dos objetivos levantar dados empíri-cos para a análise dos fenômenos arqueológicos associados com este tipo de estrutura. Além de novas estruturas megalíticas, diferentes tipos de sítios foram registrados, fornecendo as primeiras indicações sobre a relação dos conjuntos megalíti-cos e a paisagem no entorno. Escavações em uma estrutura megalítica bem preservada foram feitas, permitindo novas interpretações sobre a natureza e função deste tipo de sítio. Palavras-chave:Megalitismo; arqueologia amazônica; poços funerários. AbstractMegalithic structures at Northern Amapá may be described as assemblages of granitic blocks placed on hill tops in different arrangements. Since
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