INTRODUÇÃO
Ser mulher migrante significa estar em uma complexa intersecção entre diferentes demarcadores sociais. O racismo, o sexismo, a colonialidade, as desigualdades de classe e a condição de migrante marcam suas vidas. As mulheres migrantes são, por vezes, menosprezadas pelo país de destino e esquecidas pelo país de origem. No que diz respeito à ciência, as mulheres migrantes foram negligenciadas por algum tempo. Os estudos sobre imigração tradicionalmente enfocavam fluxos, aspectos laborais, demografia, questões legais e pensavam o migrante enquanto homem (Padilla, 2007). Na década de 1980, ganham maior relevância, no entanto, abordavam a mulher migrante como objeto/recorte, através do binarismo homem e mulher, e não a partir da perspectiva relacional de gênero (Donato et. al., 2006). A partir dos anos 1990 surgem perspectivas interdisciplinares para abordar gênero e migrações (idem). Emergiram temas como: a forma como as relações de gênero afetam de forma diferente mulheres e homens migrantes, mudanças nos papéis e nas subjetivações de gênero no contexto migratório, emancipação da mulher migrante, imigração LGBTT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Transgêneros), o racismo e o sexismo interseccionados no contexto da migração, entre outros.
Este artigo analisa discursos oficiais portugueses (do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, e, do Alto Comissariado para Imigração e Diálogo Intercultural), bem como, discursos institucionais de associações de imigrantes (da Casa do Brasil de Lisboa, da Associação Lusofonia, Cultura e Cidadania, e, da Associação Comunidária) no que tange a (re)(des)construção do imaginário em torno da “brasileira imigrante” em Portugal. Para este fim, utiliza-se o método da Análise de Discurso, sob uma inspiração foucaultiana; empregando-se as técnicas da pesquisa documental e da entrevista. Na perspectiva teórica, insere-se nos debates sobre Feminização das Migrações e Colonialidade do Gênero. As conclusões apontam que a maioria dos discursos institucionais reproduz elementos do imaginário de hipersexualização das mulheres brasileiras.
O artigo analisa o “Manifesto contra o preconceito às Mulheres Brasileiras em Portugal”, através de observação participante. Uma ciber-mobilização realizou-se em 2011, através das redessociais, com objetivo de dar visibilidade a estigmatização que essas mulheres sofrem nesse país. Agregou mais de 500 participantes, 1.000 assinaturas e 20 organizações sociais e entidades governamentais portuguesas e brasileiras. A análise enfoca o ciberativismo, o empoderamento de mulheres através do ativismo, e, a construção de uma mobilização social a partirda interseccionalidade de gênero, raça/etnia, classe e condiçãoimigrante.
Resumo: O artigo se insere nos debates sobre a memória do colonialismo português, analisando-a a partir da Interseccionalidade entre Gênero, Raça e Sexualidade. São investigadas as narrativas em torno do Corpo Colonial dos Museus dos Descobrimentos Portugueses, a fim de perceber em que (des)(re)constroem discursos das Exposições do Império Português. A metodologia segue uma inspiração na analítica foucaultiana dos discursos: a arque-genealogia. Como técnicas de pesquisa, são utilizadas: observação direta e entrevistas, no caso dos Museus; e a análise documental histórica em fontes secundárias, no caso das Exposições. As conclusões apontam que há uma tentativa de deslocamento discursivo por parte dos Museus, os quais buscam dissociar Descobrimentos e Colonização. No entanto, há elementos discursivos que se repetem, como a nudez e o exotismo, reconstruindo a Colonialidade dos Corpos de origem não europeia.
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