Resumo: O artigo busca refletir sobre o processo que permitiu a formação do agronegócio no Amazonas, tomando como foco o município de Apuí. Para tal, analisamos os diversos fluxos migratórios e as políticas de desenvolvimento dirigidas para o Sul do Amazonas desde a década de 1980. Procurou-se demonstrar como o maior assentamento rural do país (Projeto de Assentamento Rio Juma) tornou-se uma das áreas de maior crescimento do rebanho bovino da Amazônia. Demonstramos também como iniciativas do estado, produzidas para o fortalecimento da agricultura familiar e segurança territorial de pequenos agricultores, foram utilizadas para o investimento nas criações de gado e regularização fundiária de grandes fazendas. Por fim, analisamos como essa configuração incentivou o agronegócio, dinamizou o mercado de terras e estimulou os grandes incêndios florestais em Apuí.
Esse artigo busca refletir o impacto causado pelas políticas governamentais da década de 1970 na Mesorregião Sul do Estado do Amazonas a partir das trajetórias das pessoas que migraram em busca de trabalho. O Estado Nacional foi responsável pelo estímulo para o processo migratório, o que gerou os conflitos agrários provocados por essa ação, uma vez que o território vem sendo modificado pelo aumento no número de fazendas. Esse estudo foi possível por meio de trabalho etnográfico descritivo realizado pelas autoras a partir de duas realidades no interior do Amazonas: a localidade Riozinho, ao sul no município de Lábrea e o Projeto de Assentamento Rio Juma, no município de Apuí. No entanto, essas regiões, vêm se tornando espaço para a expansão da fronteira agropecuária, implicando em novas dinâmicas territoriais, seja por parte das entidades sindicais patronais e pelo Estado do Amazonas, a partir de políticas desenvolvimentistas, como a demarcação da Zona de Desenvolvimento Sustentável Abunã-Madeira. O enfraquecimento dos canais de ouvidorias agrárias tem deixado uma lacuna no que diz respeito ao combate da violência no campo, deixando um espaço propício para conflitos em regiões sem a presença efetiva do Estado.
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