Em 1928, Virginia Woolf publica, em sua editora Hogarth Press, o livro Orlando: A biography, composto com nove retratos, entre fotografias e pinturas. Traduzido pela primeira vez por Cecília Meireles em 1948, atualmente Orlando apresenta-se ao público brasileiro em seis traduções diferentes, mas somente em 2015 em edição e tradução de Tomaz Tadeu, tivemos acesso, pela primeira vez, a todo seu paratexto editorial (em conceito expandido de GENETTE, 2009). Tadeu, por meio da coleção Mimo do Grupo Autêntica, ao restaurar o subtítulo e outros elementos paratextuais, especialmente as imagens, torna-se responsável por inserir no mercado literário do Brasil outro perfil do texto e do modernismo woolfianos. Os retratos são imprescindíveis nas negociações dos significados em Orlando, pois caracterizam as personagens visualmente, assim como o biógrafo o faz narrativamente. Imagens e vozes narrativas devem ser concomitantemente equiparadas, porém, à função de agentes duplos, sempre atuando na subversão do binômio realidade/ ficção. As pinturas e as fotografias participam na composição das mudanças (de século, de estilo, de sexo) ao longo do texto, mas em contraposição às palavras do biógrafo, que tentam imprimir-lhes uma função documental, invocando-as como evidências, elas – as imagens – nada provam. Antes, como veremos, forjam.