Objetivamos, neste trabalho, discutir possíveis aproximações entre a ideia de empreendedorismo e a servidão voluntária dos trabalhadores artistas a partir da análise do Cultura Gera Futuro, campanha federal, amplamente veiculada, que centralizou as ações do Ministério da Cultura, a partir do governo Temer. Utilizamos para análise do conteúdo da campanha, dados do site oficial e da observação não participante realizada na etapa de circuito de divulgação realizada em Florianópolis-SC. Pudemos evidenciar a vinculação, no Cultura Gera Futuro, da figura do artista à imagem difundida de empreendedor de si, discurso que reforça e dissemina como positiva e natural uma forma sofisticada de dominação contemporânea.
Propomos entender a técnica moderna e o perigo que ela apresenta a partir da noção de trágico. Para isso, buscamos conectar a teoria da técnica de Jünger e seu realismo heroico à filosofia do trágico pensada desde o idealismo alemão. Em seguida, procuramos contrapor esta concepção à interpretação heideggeriana sobre o perigo da técnica enquanto limiar catastrófico do Ocidente. Entre as duas concepções “trágicas” sobre a técnica, vislumbramos aquilo que Schürmann denominou, em Heidegger, de uma trágica “discordância temporal” no domínio da técnica capaz de conduzir à catástrofe planetária ou a um outro início a partir do pensamento do ser.
A proposta deste artigo é apresentar duas diferentes formulações do pensamento trágico de Nietzsche que se oporiam à concepção que o filósofo tinha da metafísica. O primeiro momento é o do livro O nascimento da tragédia (1872). Nessa obra, o autor expõe seu pensamento sobre a era trágica grega e opõe a essa visão a figura de Sócrates, como manifestação do espírito lógico e da tirania da razão. A outra formulação se verifica em Assim falou Zaratustra (1883–1885). Nesse livro, podemos ver contrapostos o niilismo proveniente da interpretação metafísica do mundo desde Sócrates e as possibilidades que o autor encontra para superá-lo. Analisando esses dois pensamentos, pretendemos encontrar o leitmotiv capaz de nos mostrar a filosofia afirmativa de Nietzsche em confronto com interpretações metafísicas do mundo.
Partindo da interpretação heideggeriana de Nietzsche pretendemos pensar a questão do fim da metafísica nos situando na contenda entre esses dois pensadores. Para isso, centraremos nossa análise na discussão sobre a vontade de poder. A maneira pela qual Heidegger interpretou Nietzsche como o filósofo do fim da metafísica, inserindo-o radicalmente nessa tradição, e o sentido que deu para a noção de vontade de poder é foco de discordâncias entre intérpretes “pós-heideggerianos” de Nietzsche. Por isso, trataremos de apresentar também uma outra versão da doutrina da vontade de poder, partindo de Müller-Lauter e dialogando com outros intérpretes, pois é nossa intenção mostrar que uma nova concepção da vontade de poder aliada à interpretação de uma ontologia não-essencialista em Nietzsche pode desvincular o filósofo de ter seu pensamento adequado à metafísica e ao mundo da técnica, tal como pensou Heidegger.
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