Neste artigo, iremos apresentar os arquivos de duas historiadoras da arte brasileira: Marta Rossetti Batista e Aracy Amaral –salvaguardados pelo Instituto de Estudos Brasileiros–, como fontes para reflexão sobre a construção da memória das artistas Anita Malfatti, Tarsila do Amaral e da escul-tora Adriana Janacópulos. Buscaremos demonstrar que esses arquivos podem ser lidos como biografias das artistas e autobiografias das historiadoras, onde se percebem as imagens construídas das artistas e, ao mesmo tempo, fragmentos das imagens das historiadoras.
Os textos aqui reunidos são o resultado das comunicações apresentadas, bem como dos debates ocorridos no fórum, revelando as possibilidades fecundas dos diálogos interdisciplinares travados no interior do programa de Pós-Graduação do Instituto de Estudos Brasileiros, que toma o Brasil, em toda em toda a sua complexidade, como tema de reflexão sobre a cultura e a identidade brasileira.
Desde a década de 1970, historiadoras vêm apontando a ausência das mulheres nas narrativas da história tradicional. Como lembra Michelle Perrot, em seu hoje clássico texto "Práticas da Memória feminina", "no teatro da memória as mulheres são sombras tênues". As razões para isso estavam no fato da história privilegiar o espaço público, a política e a guerra, lugares sociais que foram durante muito tempo pouco acessíveis às mulheres, mas também à ausência de fontes para uma escrita da história das mulheres, o que Perrot denominou de "o silêncio dos arquivos". A ausência das mulheres nas narrativas da história, contrapunha-se com o seu papel como guardiãs da memória. Se, como defendeu Perrot, "a memória feminina é verbo", as fontes primeiras de uma história das mulheres que começou a ser escrita nas décadas de 1970 e 1980 foram os relatos orais, os diários e autobiografias.Atualmente, como demonstra Joana Maria Pedro, é possível traçar uma historiografia da "história das mulheres"de vocação interdisciplinare mapear um vocabulário específico que foi construído ao longo do tempo pelo uso de categorias como "mulher", "mulheres", "gênero" e "feminismo", impactado mais recentemente por reflexões decoloniais. A proliferação desse campo de estudo a partir dos anos 2000 e a
Since the 1970s the history of feminist art has shown that women participated in various ways of artistic production system. Many studies have tried to analyze the obstacles faced by women artists in their career building efforts, and the obfuscation of their trajectories and the absence of their names in the canon. However, there are few studies regarding the recognition of the women artists. The main objective of this research is to reflect on how women sculptors, particularly those working in Brazil in the 1950s and 1960s, built their name, focusing in how gender dynamics affect the construction of the artistic recognition process. This thesis is structured on three scales. In the first, more comprehensive, we seek to analyze in a comparative and quantitative way the awards of the Biennials of São Paulo and Paris in the period from 1951 to 1967, emphasizing the dimensions of nationality and gender of the women artists awarded. In the second, the trajectories of the sculptors awarded in the two Biennials are investigated, seeking to understand the role of the prizes in the projection of the career of these artists and in the consolidation of their recognition. In the third, the microscale, the focus is directed to the trajectories of Maria Martins, Mary Vieira and Lygia Clark -Brazilian sculptors awarded in the Biennials of São Paulo that had greater recognition and international circulation.We analyze the beginning of their careers, some of their works, the various strategies adopted for the construction of recognition, with special attention to the exhibitions, the critical reception, the international circulation, the contact networks and the construction of their identities as artists.
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