The present study explored the phenomenological characteristics of anomalous experiences (AEs) reported during Umbanda rituals, a mediumistic Brazilian religion, with the aim of comparing AEs reported during rituals involving the use of Ayahuasca (an entheogen frequently used in some Umbanda contexts) and rituals without the use of this substance. In order to do so, we compared individuals with different levels of involvement with the mediumistic practices. The study was based on an auto-ethnographic approach. This methodological perspective allowed us to confront subjective data with the available knowledge in the scientific literature about AEs, dissociative phenomena and altered states of consciousness and was of fundamental importance for a more sensitive understanding of the nuances and characteristics of these experiences. The results attest to a significant similarity between the experiences reported with and without the use of Ayahuasca in mediumistic contexts. In both groups, the experiencers were able to identify certain similarities in their experiences regarding a reduction of voluntary motor control, changes in memory and perception, communicability and accessibility of experiences, anomalous information reception and increases in interpersonal sensitivity. The results support the methodological feasibility of autoethnography as a research tool and point to its relevance to a deeper understanding of AEs and other subjective experiences usually of difficult investigation by other research methods.
Não sei quantas almas tenho Não sei quantas almas tenho. Cada momento mudei. Continuamente me estranho. Nunca me vi nem acabei. De tanto ser, só tenho alma. Quem tem alma não tem calma. Quem vê é só o que vê, Quem sente não é quem é, Atento ao que sou e vejo, Torno-me eles e não eu. Cada meu sonho ou desejo É do que nasce e não meu. Sou minha própria paisagem; Assisto à minha passagem, Diverso, móbil e só, Não sei sentir-me onde estou. Por isso, alheio, vou lendo Como páginas, meu ser. O que segue não prevendo, O que passou a esquecer. Noto à margem do que li O que julguei que senti. Releio e digo: "Fui eu?" Deus sabe, porque o escreveu.
Resumo O poeta Fernando Pessoa e o psiquiatra C. G. Jung desenvolveram suas obras em consonância com suas biografias. Ambos descreveram episódios que podem ser interpretados como mediúnicos, buscando, também, compreendê-los psicologicamente. Na literatura psicológica atual, a mediunidade pode ser entendida por meio do conceito de dissociação da personalidade. Dessa maneira, este artigo buscou examinar as relações entre dissociação e mediunidade a partir de episódios biográficos de Pessoa e de Jung, à luz da psicologia analítica e da psicologia anomalística. Hipotetiza-se que eles vivenciaram experiências dissociativas criativas e não patológicas, embora algum nível de sofrimento estivesse envolvido. Em Pessoa, as experiências dissociativas são relacionadas com sua produção hetoronímica, enquanto em Jung e suas investigações, com o desenvolvimento de seu modelo psicológico, que oferece elementos para um estudo psicobiográfico e artístico do poeta.
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