Introdução: Diante da pandemia de Covid-19, mudanças profundas no processo de ensino e aprendizado da Medicina, em geral, e da Obstetrícia, em particular, emergem como uma necessidade. No contexto de atividades teórico-práticas da disciplina de Obstetrícia, um caráter visual e interativo se revela essencial como facilitador do processo de aprendizagem discente. Portanto, a partir do uso de ferramentas digitais, buscamos analisar a transmissão do conhecimento sobre pelviologia nesse cenário novo e desafiador. Objetivos: Avaliar o uso de tecnologias digitais adaptadas ao contexto de um ensino mais prático da Obstetrícia, mais especificamente no âmbito da pelviologia, bem como analisar efeitos dessa metodologia na formação médica. Material e Métodos: Trata-se de um relato de experiência no qual se apresentou o emprego de metodologias ativas de conteúdo virtual para a sedimentação do estudo da pelviologia. Outrossim, foi aplicado um questionário por meio do Google Forms aos alunos do módulo de Obstetrícia da disciplina de Medicina Interna da Criança e do Adolescente II da Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense. O questionário contou com perguntas em formato de Escala Likert acerca de uma videoaula sobre o tema de pelviologia. Foi avaliada a satisfação de 19 alunos quanto às ferramentas utilizadas durante uma apresentação sobre pelviologia, entre as quais estão: o aplicativo Human Anatomy Atlas, que expõe estruturas anatômicas em modelos tridimensionais e que foi empregado para o ensino dos estreitos superior, médio e inferior da pelve, assim como dos planos de Hodge e DeLee; o editor de vídeo Lightworks, no qual se acoplou uma apresentação de figuras a uma narração sem a transmissão da imagem do apresentador; e o aplicativo Kinemaster, no qual se acoplou uma apresentação de figuras a uma transmissão de vídeo do apresentador concomitante. Também foi considerada a opinião dos alunos acerca da apresentação de figuras e slides com e sem a transmissão concomitante da imagem do apresentador. Resultados e Conclusão: Comparando o método “apresentação de figuras explicativas concomitante à transmissão da imagem do apresentador” e “apresentação de figuras explicativas sem a transmissão da imagem do apresentador”, percebe-se que o primeiro garante a maior satisfação dos alunos (89,4%) em relação ao segundo (78,9%). No entanto, quando se considera o uso do aplicativo Human Anatomy Atlas para a representação da anatomia pélvica em 3D, o grau de satisfação se eleva para 94,7%, embora não se tenha utilizado a transmissão concomitante da imagem do apresentador. Sobre a probabilidade de recomendar a apresentação a outras pessoas, 89,5% dos alunos declararam que “muito provavelmente” a recomendariam, e 10,5%, que “provavelmente” a recomendariam. O uso dos aplicativos demonstrou-se, portanto, benéfico para o melhor aprendizado dos alunos, e a transmissão da imagem do apresentador se apresentou como um atrativo.
Introdução: Dermatoses vulvares crônicas são condições inflamatórias frequentes em queixas de dor vulvar, prurido e dispareunia. A psoríase é uma doença dermatológica crônica que se apresenta como placas eritematosas com escamas prateadas e que acomete até 5% da população feminina. A apresentação em região genital pode ocorrer isoladamente em 2–5% dessas pacientes e se apresentar clinicamente de maneira atípica, na forma de psoríase invertida. Contudo, nas pacientes com lesão ativa em vulva, até 65% apresentam sinais de psoríase em outra localização. Diagnósticos diferenciais relevantes incluem candidíase vulvovaginal, dermatite de contato e dermatite liquenoide. Relato de caso: Paciente de 25 anos, sem histórico de atividade sexual, portadora de albinismo, de psoríase pustuliforme e de gastroenteropatia autoimune tratados com corticoide sistêmico em dose imunossupressora, com histórico de múltiplos episódios de pneumonias e diversas internações hospitalares, somando-se investigação para imunodeficiência primária. No atendimento ginecológico, a queixa principal era de lesão avermelhada e pruriginosa em vulva, de evolução crônica, com períodos de exacerbação, associada a evidência de atividade de doença da psoríase em outras topografias do corpo. Durante exame ginecológico, observou-se vulva apresentando extensa placa eritematosa em toda a sua extensão, associada a sateliose, sugestiva de foliculite fúngica ou estafilocócica associada a doença crônica de base. A paciente referia piora do quadro associada ao uso de absorventes no período menstrual. Em face de imunocomprometimento e uso prolongado de corticosteroides, considerou-se terapia antifúngica e antibacteriana. Medidas voltadas para o estabelecimento de barreira cutânea durante o período menstrual também foram aplicadas, com prescrição de pomada com óxido de zinco e otimização da higiene íntima com sabonete bactericida. Conclusão: A psoríase vulvar é uma condição clínica que afeta a qualidade de vida das pacientes, sendo indispensável a realização do diagnóstico para o tratamento adequado. No entanto, a apresentação atípica não é rara quando ocorre acometimento da vulva e, por isso, ela pode ser um desafio diagnóstico para profissionais não especialistas, especialmente quando não há atividade da doença em outros locais do corpo. A infecção secundária por Candida albicans e Staphylococcus aureus é comum e precisa sempre ser avaliada e tratada, mesmo que empiricamente, quando métodos diagnósticos não estão disponíveis, já que essa condição tende a intensificar os sintomas da paciente e piorar sua qualidade de vida.
Introdução: O papilomavírus humano (HPV) é fundamental para a ocorrência do câncer de colo uterino. Nesse sentido, a persistência do vírus no trato genital feminino aumenta o risco do desenvolvimento de lesões precursoras e do câncer. Entre os cofatores que contribuem para a persistência do vírus, estão tabagismo, uso de contraceptivos hormonais orais (ACO) e multiparidade. Alterações na microbiota vaginal têm sido destacadas como um deles, o que justifica a importância deste trabalho. Objetivo: Avaliar a associação entre a presença de Candida spp e de bactérias aeróbicas em mulheres com lesão intraepitelial escamosa cervical de alto grau (HSIL) e a persistência após o tratamento. Materiais e métodos: Estudo analítico, observacional, prospectivo, composto de 65 mulheres, sendo 35 casos e 30 controles. O grupo caso é composto de mulheres com diagnóstico citológico de lesão intraepitelial escamosa cervical de alto grau, e o grupo controle por mulheres sem alteração citológica. Citologia oncótica, pesquisa de Candida spp e de bactérias aeróbicas por meio de cultura de conteúdo vaginal foram realizadas, antes e seis meses depois do tratamento. Com relação aos cofatores ambientais, avaliamos: tabagismo, uso de contraceptivos hormonais orais (ACO) e multiparidade (três ou mais gestações). Resultados: No grupo caso, em 36 mulheres foi confirmado o diagnóstico histológico de lesão intraepitelial escamosa cervical de alto grau. Foram excluídas três mulheres, duas por câncer cervical e uma por hiperplasia endometrial complexa. Bactérias aeróbicas foram identificadas em seis casos e Candida spp em quatro, havendo persistência de um caso em cada situação seis meses após o tratamento. Com relação aos cofatores, nove eram tabagistas, sete estavam em uso de ACO, oito eram multíparas e sete imunossuprimidas. Estas últimas foram excluídas, pois a imunossupressão altera a microbiota vaginal, o que poderia gerar viés de resultado. Não foi identificada a persistência de HSIL, apenas lesão intraepitelial escamosa de baixo grau em três mulheres, na citologia após o tratamento. No grupo controle, a cultura para Candida spp foi positiva em quatro mulheres e bactérias aeróbicas foram identificadas em uma paciente neste grupo. Quanto aos cofatores, duas mulheres eram tabagistas, oito estavam em uso de ACO e 15 eram multíparas. Conclusão: A Candida spp é capaz de desencadear um processo inflamatório importante na microbiota vaginal, o que poderia facilitar o processo de carcinogênese cervical. No entanto, o estudo não evidenciou diferença significativa entre os grupos controle (13,3%) e caso (14,8%) antes do tratamento que confirmasse essa associação. Já com relação às bactérias aeróbicas, elas foram mais observadas no grupo caso (22 × 3,3%), sugerindo possível associação com a ocorrência de lesões precursoras do câncer de colo. O tabagismo é um importante cofator para o surgimento dessas lesões, o que não foi observado para a multiparidade e o uso de ACO.
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