Este artigo pretende contribuir para uma elucidação sobre alguns aspectos técnicos do método de instrução ao sósia dentro da metodologia da clínica da atividade, que busca ampliar o poder de agir dos trabalhadores. Apesar da vasta literatura sobre o tema, consideramos que há uma lacuna no que diz respeito a uma orientação mais específica sobre "como" realizar uma instrução ao sósia dentro dessa abordagem. Apresentaremos alguns elementos da aplicação da técnica que podem apoiar os profissionais que utilizam a clínica da atividade como um caminho promissor para transformar as situações degradadas de trabalho e preservar a saúde dos trabalhadores. Assim, visamos contribuir para a ampliação e a discussão dos contextos de intervenção.Palavras-chave: Instrução ao sósia, Clínica da atividade, Trabalho, Método, Metodologia. Imagine I'm your double... Technical aspects of a method in clinical activityThis article aims at contributing for the elucidation of some technical aspects of the method of instruction to a double under the methodology of clinical activity, which seeks to expand the worker's force. Despite the wide bibliography on the theme, we think that there is a lack of more specific guidance on "how to" conduct an instruction to a double through this approach. We will present some elements of this technique that can stimulate professionals who use the clinical activity as a promising path for changing degraded work situations and preserving the health of workers. This way, we aim to contribute to the expansion and to the discussion on intervention contexts.Keywords: Instruction to a double, Clinical activity, Work, Method, Methodology. Origemormulado inicialmente pelo médico e psicólogo italiano Ivar Oddone, em 1970, o método de instrução ao sósia era utilizado em seminários de formação operária junto aos trabalhadores da FIAT, em Turim. Preocupado em recuperar e discutir a experiência concreta dos operários, ele propôs a instrução ao sósia que visava trazer à tona a forma como cada trabalhador realizava sua atividade. Tratava-se de desenvolver uma psicologia do trabalho na qual o trabalhador estivesse no papel central, pois, até aquele momento, essa disciplina prescindia de tal abordagem 1 . Oddone solicitava que os trabalhadores instruíssem um euauxiliar, um sósia. A demanda era formulada da seguinte maneira: F Se existisse outra pessoa perfeitamente idêntica a você, do ponto de vista físico, como você diria a ela para se comportar na fábrica, em relação à tarefa, aos colegas, à hierarquia e à organização informal, de forma que ninguém percebesse que não se trata de você mesmo? (Oddone, Re & Briante, 1981, p. 57, tradução livre).1 Inclusive podemos nos perguntar se, atualmente, os avanços propostos por Oddone são levados a termo ou se continuamos a nos pautar em uma psicologia que pretende observar de fora o que se passa na realidade de trabalho.
O presente texto foi publicado originalmente como prefácio de uma obra de Yves Clot em homenagem a Ivar Oddone. Decidimos publicá-lo no formato de artigo, com a autorização do autor, por considerarmos que traz importantes e atuais contribuições para o campo do trabalho em intercruzamento com diversas teorias: Clínica da Atividade, Ergologia, Ergonomia, Saúde do Trabalhador, dentre outras. Neste texto, Yves Clot retoma aspectos significativos da obra de Ivar Oddone e tece reflexões sobre aspectos originais dessa, nem sempre considerados pelos estudiosos da área. Assim, faz uma análise comparativa com as propostas apresentadas por Elton Mayo, as quais se sagraram como importante ferramenta para o desenvolvimento do capitalismo industrial sob a suposta égide do enaltecimento do aspecto humano nas situações de trabalho. Ao contrário das concepções e práticas de Mayo, que foram efetivamente voltadas para o aumento da produtividade das empresas e, portanto, para a exploração dos trabalhadores, Oddone buscou reconhecer e valorizar o saber dos operários, com o intuito de que esse se configurasse como um contrapoder ao ampliar o seu poder de agir na situação de trabalho, aspectos que são amplamente discutidos por Clot no texto que ora apresentamos.
IIFaculdade Novos Horizontes (Belo Horizonte, MG, Brasil) III Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais (Ouro Preto, MG, Brasil) O artigo pretende fomentar a discussão em torno das relações entre saúde e trabalho, a partir de um diagnóstico sobre as causas de afastamento de trabalhadores de uma empresa do setor siderúrgico de Minas Gerais. Seu objetivo principal foi o de explicitar as estratégias que permitem a alguns trabalhadores preservarem sua saúde, apesar de estarem inseridos em um contexto patogênico de trabalho. A entrevista em profundidade foi o instrumento adotado na coleta de dados. Os resultados apontaram que os trabalhadores que conseguiam manter, ao mesmo tempo seu emprego e sua saúde, construíram, através da experiência profissional acumulada ao longo de sua história laboral, estratégias de enfrentamento da "gestão pelo medo", adotada pela empresa após sua privatização. Observou-se que eles privilegiam a qualidade ao invés da quantidade, sendo a boa qualidade de seu trabalho uma forma de garantir seus empregos. De modo geral, eles não temem a demissão, o que representou também um importante elemento na preservação da saúde. O artigo conclui, alertando para os riscos de se cometer reducionismos como o de atribuir o adoecimento ou a preservação da saúde às características pessoais do trabalhador. Ele propõe que a organização do trabalho seja percebida como um espaço cujo papel é preponderante nos processos saúde/doença. Palavras-chave: Desemprego, Estratégias de preservação da saúde, Experiência, Organização do trabalho.The health preservation at pathogenic work context: a case study in the still manufacturingThe article intends to foster the discussion on the relationship between health and work, from a diagnosis of the causes of workers removal from a steel company of Minas Gerais. Its main goal was to clarify the strategies that allow some workers to preserve their health, although they are inserted in a context of pathogenic work. The in-depth interview was the instrument used in the collection of data. The results showed that workers who managed to keep their job and health at the same time, built, through their professional experience accumulated throughout their labor history, confronting strategies of "management by fear", which came to be used by the company after its privatization. It was observed that they focus on quality instead of quantity, being the good quality of their work a way to guarantee their jobs. In General, they do not fear resignation, which represented an important element in the preservation of health. In its conclusions, the article warns of the danger of making reductionism as attributing the illness or the health preservation to the personal characteristics of the worker. It proposes that the work organization should be perceived as a space whose role is important in the health/disease process.Keywords: Unemployment, Health preservation strategies, Experience, Work organization. Introduçãomedo do desemprego acomete trabalhadores de formas ...
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