Eliane DominguesUniversidade Estadual de Maringá, Maringá, Brasil RESUMO a discussão sobre métodos de pesquisa deve ser referida à perspectiva epistemológica e teórica que lhe dá sustentação, uma vez que a teoria, o objeto e o objetivo de pesquisa é que devem definir qual o método mais adequado. Partindo desse pressuposto, apresentamos, neste artigo, algumas das controvérsias que acompanham a temática da pesquisa psicanalítica fora do contexto da clínica, a pesquisa psicanalítica de fenômenos sociais e políticos, com ênfase na especificidade que as técnicas chamadas de coleta de dados (entrevista e observação) assumem na pesquisa. Finalizamos com duas recomendações aos que trabalham nessa perspectiva: a necessidade de atentar para as determinações históricas e sociais dos fenômenos em estudo e o cuidado com a delimitação dos campos.Palavras-chave: métodos; pesquisa; psicanálise; entrevista; observação.ABSTRACT the discussion on research methods makes more sense when referred to a theoretical perspective, taking into account that, the theory, the object and the research objective are responsible for defining the most appropriate method to be used. Based on this assumption, the present study shows some ideas on the specificity that the techniques of data collection -interview and observation -assume in the research. In addition, some of the controversies that involve subjects related to psychoanalytic research out of the clinic context are discussed. the study is concluded with two recommendations to the professionals that work in such perspective: there is a need to focus on the historic and social determinations of the phenomena under investigation, and to take care with the delimitation of the fields.Keywords: methods; research; psychoanalysis; interview; observation. a discussão sobre métodos de pesquisa deve ser referida à perspectiva epistemológica e teórica que lhe dá sustentação, uma vez que é a teoria, o objeto e o objetivo de pesquisa que devem definir qual o método mais adequado. O método "não é um a priori da pesquisa, ele faz parte dela, ... é sempre um caminho provisório para entender uma determinada questão" (Furlan, 2008, p. 25). Partindo desse pressuposto, apresentamos, neste artigo, algumas das controvérsias que acompanham a temática da pesquisa psicanalítica fora do contexto da clínica, a pesquisa psicanalítica de fenômenos sociais e políticos, com ênfase na especificidade que as técnicas chamadas de coleta de dados (entrevista e observação) assumem na pesquisa. Entendemos que essas técnicas possibilitam um contato direto com os sujeitos referidos ao fenômeno a ser investigado, e sua utilização compõe um dos caminhos possíveis na pesquisa psicanalítica. a psicanálise fora do contexto da clínica é controversa e recebeu diferentes denominações. Em Freud, ela é chamada de psicanálise aplicada, em laplanche, de psicanálise extramuros e, em lacan, de psicanálise em extensão.Em Freud, a psicanálise aplicada incluía a própria prática clínica, e é questionada a separação entre, de um lado, a análise, e...
Este trabalho tem por objetivo problematizar a relação entre adolescência e estrutura, discutindo as possibilidades de que um acontecimento na adolescência modifique a constituição subjetiva do jovem. Aborda a questão a partir de reflexões sobre as operações subjetivas e sociais necessárias à passagem da cena familiar à cena social, trabalhando, mais especificamente, a relação identificação, ato e inserção no grupo social. Desta forma, aponta o encontro problemático entre os processos subjetivos dos adolescentes e de certos atos ditos delinqüentes em uma sociedade ancorada no neoliberalismo.
A condição errante do desejo: os imigrantes, migrantes, refugiados e a prática psicanalítica clínico-política*
O artigo relata pesquisa que quer compreender como a constituição subjetiva de crianças e adolescentes que vivem na rua, os chamados meninos de rua, articula-se ao laço social, a partir da especificidade da escuta psicanalítica de crianças e adolescentes. Um processo de desqualificação e desvalorização social da família destes jovens, propicia a ruptura destes com a família e escola, levando-os para a rua. Tal ruptura faz surgir o discurso social, que substitui o discurso dos pais, de onde poderiam extrair os significantes de sua filiação e sexuação, e destitui estes meninos do lugar de crianças e adolescentes, justifica o abandono, o descaso e o medo, e oferece-lhes como única possibilidade de nomeação a identidade de delinqüente.
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