Esta coletânea aborda políticas de saúde dirigidas aos povos indígenas no Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Venezuela e México. São análises antropológicas sobre políticas públicas em curso, desenvolvidas por autores com importante contribuição nessa temática, a partir de pesquisa participativa ou de engajamento direto nas ações em saúde. O livro tem o intuito de indicar uma abordagem comparativa para saúde indígena, tendo em conta as diferentes políticas institucionais em ação nos países latino-americanos diante dos avanços em comum no reconhecimento dos direitos indígenas. Com a intenção de fomentar amplamente esse debate, as organizadoras mantiveram os artigos em espanhol e português.A publicação é muito oportuna, pois revela, passada mais de uma década da implementação de políticas públicas específicas, uma tendência dominante no campo do indigenismo latino-americano: a discrepância entre avanços na ordem jurídica e reveses nas práticas estatais.Os ângulos e focos de análise são bastante variados entre os artigos, incluindo pesquisas sobre práticas indígenas de cura e cuidados de saúde, bem como seu inverso, ou seja, estudos etnográficos centrados nos serviços, em rotinas administrativas e na atuação de profissionais de saúde. Alguns autores oferecem um contexto histórico e social mais ou menos amplo em que inserem as políticas, enquanto outros enquadram sistematicamente aspectos da assistência à saúde. Em conjunto, os dez artigos oferecem uma visão complementar dos problemas, avanços e desafios ligados à implementação de ações em saúde indígena na América Latina, também destacados na introdução feita por Langdon e Cardoso.
Desde que comecei a visitar Te’yikue, a Terra Indígena Caarapó1, em 2004, a fim de conhecer um pouco a realidade associada à desnutrição nas crianças guarani, soube da existência dessa enfermidade conhecida como “coaio virado”. Logo de início tive oportunidade de visitar, em companhia de agentes indígenas de saúde, algumas casas em que havia crianças com baixo peso, para conversar com as mães sobre o que poderia estar causando o emagrecimento das crianças. Sistematicamente, elas se referiram ao coaio virado ou coaiado virado – kambyryrujere em guarani – e explicaram que esse tipo de doença não pode ser tratado pelos médicos, que não conseguem diagnosticá-la. Quando a criança adoece, as mães buscam benzedores ou rezadores, atividade xamanística desempenhada por mulheres e homens kaiowá e guarani, pois apenas eles conhecem a forma de “arrumar” o coaio virado. A partir de então, acompanhei alguns casos e recolhi outras informações sobre esse problema de saúde, basicamente com as mulheres, quando a ocasião propiciou o assunto.
A quarta edição do Seminário Povos Indígenas e Sustentabilidade foi promovida pelo Projeto Rede de Saberes – uma parceria entre a Universidade Católica Dom Bosco (UCDB),a Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) e a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), cuja agenda é voltada para ações de apoio aos acadêmicos indígenas – e pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas das Populações Indígenas(NEPPI/UCDB). Essa edição do evento, cujo tema proposto foi“Saberes Tradicionais e Formação Acadêmica”, contou coma participação de estudantes, professores e pesquisadores de Mato Grosso do Sul, de outros estados brasileiros e de alguns países da América do Sul, como Colômbia, Peru e Paraguai.
Resumo O artigo aborda um conjunto de pesquisas etnográficas, realizadas sobretudo nos anos 1980, que marcaram indelevelmente uma vertente dos estudos antropológicos sobre saúde e doença entre os povos indígenas no Brasil. Parte da categoria ‘doença de branco’ para apresentar como esses estudos, embasados em construtos teóricos da etnologia indígena, deslocaram os debates cristalizados em torno da lógica das etnomedicinas e sua eficácia para as diferenças ancoradas nas teorias ameríndias de substancialidade. Nesta abordagem, os debates sobre a política de saúde, envolvendo a política indígena e o diálogo interdisciplinar, já estão dados inicialmente na produção antropológica e convergem para o caráter implicado do fazer etnográfico.
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