Recebido em 10/6/97; aceito em 26/2/98 THEODORO PECKOLT: NATURALIST AND PHARMACIST OF THE BRAZILIAN EMPIRE. In this paper we briefly describe the scientific career of Theodor Peckolt, naturalist and pharmacist, and his seminal contribution to the development of phytochemistry in Brazil. His achievements are discussed in the light of the historical background of the Brazilian science and University at his time.
PERFIL DA QUÍMICA NO BRASIL NO INÍCIO DO SÉCULO XXDurante toda a época do Império e nas primeiras décadas do século XX, a Química figurou como uma atividade suplementar aos poucos laboratórios analíticos existentes ou como disciplina básica dos cursos de Medicina, Engenharia e, mais tarde, Farmá-cia. A tradição seguida nesses cursos baseou-se na orientação francesa, limitada a algumas poucas escolas profissionalizantes, que tinham como incumbência a formação dos elementos indispensá-veis ao funcionamento da sociedade 1,2 . Assim, a evolução do ensino desta ciência ocorreu principalmente nas Escolas de Medicina, sendo ministrada por professores de formação médica, nos primeiros anos do curso e nas Escolas de Engenharia, com intuito de formar mão-de-obra com conhecimentos técnicos que pudessem ser aplicados de forma mais eficiente na exploração das riquezas naturais do Brasil, como mineração e metalurgia 3 . Ainda no século XIX são criados no Rio de Janeiro, na Escola Politécnica, no período de 1874 a 1896, os "cursos científicos", dentre os quais o curso de Engenharia Industrial (artes e manufatura), cuja cadeira de Química Industrial foi de responsabilidade de dois cientistas estrangeiros, Charles E. T. Guinet (1829-?) e posteriormente Wilhelm Michler (1846-1889) 2 . A instalação da indústria química no Brasil inicia-se no final do século XIX. Foram instaladas fábricas de sabão, de pólvora, de vidros, de papel e de velas. A indústria químico-farmacêutica também era uma realidade, surgindo os primeiros projetos e mesmo as primeiras fábricas de ácido sulfúrico, de ácido nítrico, de ácido clorídrico e de cloro. Mas ainda dependíamos da importação de técnicos, juntamente com equipamentos e processos, pela total falta de escolas que preparassem profissionais para este setor industrial 3,4 . Com a Primeira Guerra Mundial e suas conseqüências sociais e econômicas, o Brasil percebeu a importância da Química, principalmente no segmento industrial e a importância de seus profissionais especializados, para suprir as necessidades nacionais e garantir a defesa da nação. Contribuíram para o desenvolvimento dessa visão livros como o de Charles Moureu (1863-1929): "La Chimie et la Guerre: Science et Avenir" (1920) e inúmeros artigos ingleses e franceses, dentre eles os publicados no Moniteur Scientifique 5 . Nessa época, o Brasil começava a se industrializar e a atividade química, apesar de seu crescimento evidente, ainda era obra do "estrangeiro" ou ainda estava na mão daqueles que "praticavam" a mesma. Em muitas fábricas era a tradição que se transmitia do paiprático para o filho-aprendiz, e o acervo de conhecimento baseavase em um tipo de equipamento, uma matéria-prima e um esquema de aquecimento. Ao ocorrer variação em um desses pontos, era a confusão na fábrica e, talvez, sua ruína 6 . Em alguns casos, a fábri-ca estacionava largo tempo na fase de instalação, sem poder trabalhar a plena carga e desenvolver-se, porque a direção ficava experimentando pseudotécnicos ou curiosos inteligentes, um após o outro, em uma expectativ...
RESUMO:O artigo descreve a história da pereirina, um alcaloide extraído das cascas da Geissospermum vellosii Allemão, uma espécie de planta brasileira da família Apocynaceae, conhecida popularmente como Pau-pereira. A classificação botânica desta espécie e o emprego da pereirina na medicina popular foram as razões que acirraram a disputa entre os farmacêuticos brasileiros e estrangeiros pela glória de sua descoberta no Brasil do século XIX. Neste estudo constatou-se que a glória desta descoberta é do farmacêutico brasileiro Ezequiel Corrêa dos Santos e desta maneira, a pereirina é o primeiro alcaloide isolado no Brasil. As cascas do Pau-pereira foram, durante dois séculos, um importante remédio no combate a diversas doenças, devido às propriedades terapêuticas dos alcaloides presentes nas cascas da espécie e atualmente pesquisas estão sendo realizadas para comprovação científica de sua eficácia no combate a doenças virais como Aids, herpes e hepatite C.Unitermos: Pau-pereira, Geissospermum vellosii, alcaloide, Apocynaceae, Ezequiel Corrêa dos Santos.ABSTRACT: "Was pereirina the first alkaloid isolated in Brazil?" This article describes the history of pereirina, an alkaloid extracted from Geissospermum vellosii Allemão barks, a Brazilian plant of Apocynaceae's family, popularly known as "pau-pereira". The botanical classification of this species and the use of pereirina in popular medicine were reasons for controversies and irritated disputes for the glory of the discovery among Brazilians and foreigners pharmacists. For two centuries, the pau-pereira's barks were important remedy to combat various diseases, because the therapeutic properties of alkaloids present in the barks of the species. The currently researches are being carried out for scientific proof of its effectiveness in combating viral diseases such as AIDS, herpes and hepatitis C.Keywords: Pau-pereira, Geissospermum vellosii, alkaloid, Apocynaceae, Ezequiel Corrêa dos Santos.descrever os habitantes da terra, os animais, os minerais e com especial destaque às plantas. As plantas despertaram o merecido cuidado, de diversas formas. Belas e coloridas eram usadas como alimento, veneno ou medicamento. Descrevê-las era a forma de as revelar. Dizer de suas utilidades, principalmente como remédio, era o critério adotado para inseri-las em uma ordem natural. Os cronistas inicialmente as mencionaram, depois descreveram-nas e os cientistas, mais tarde, classificaram-nas.Homens sem escrita, os indígenas das terras do pau-brasil eram os portadores dos saberes sobre as plantas nativas. Os europeus encontraram aqui uma série de práticas que extrapolavam seu repertório cultural, porém muitos atentaram para os usos empíricos de espécies vegetais feitos pelos ameríndios, aprendendo com Este artigo é dedicado ao professor Nuno Álvares Pereira, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, por sua grande contribuição a farmacologia brasileira.
Recebido em 23/6/06; aceito em 9/11/06; publicado na web em 14/5/07 FROM DOCTRINE TO PRACTICE: EZEQUIEL CORRÊA DOS SANTOS AND NATIONAL PHARMACY. This article presents a sample of the activities of apothecary Ezequiel Corrêa dos Santos. He was notable not only for his professional career, but also for his political militancy, making an important contribution to the development of pharmaceutical sciences in Brazil, in the XIXth century.Keywords: history of pharmacy in Brazil; Ezequiel Corrêa dos Santos; alkaloid. INTRODUÇÃOA ligação entre a Química e a Farmácia, no contexto do Brasil do século XIX, mostra-se um campo fecundo nos estudos em História das Ciências. Personagens ligados à farmácia brasileira permitem análises sobre o ensino e a prática da química 1 .Hoje, com a valorização da história cultural, os pesquisadores debruçam-se cada vez mais sobre as biografias e trajetórias individuais. Há um interesse pela biografia contextualizada, não pelo indivíduo em si, mas inserido em uma sociedade de determinado período e local, bem como as ligações que este estabelece em seu meio, a rede de relações que tece, os processos de tomada de decisões e os estágios intermediários 2 .O estudo sobre Ezequiel Corrêa dos Santos (1801-1864), Figura 1, deve-se à importância da carreira profissional deste boticário na formação e consolidação da ciência farmacêutica no Brasil do século XIX, que pode ser verificada através de seus inflamados discursos lidos na Academia Imperial de Medicina, como membro titular da Seção de Farmácia (1836) e pela fundação da Sociedade Farmacêuti-ca Brasileira (1851-1878?). Destacamos também a sua prática, nas suas boticas 3 , na produção de conhecimentos sobre medicamentos feitos com substâncias brasileiras, isolando princípios ativos de plantas, como o da casca do pau-pereira, ao qual denominou pereirina (ou geissospermina), descoberta que pode ter sido o primeiro alcalóide isolado no Brasil a partir da flora nacional 4 . Estes mesmos espaços eram utilizados no ensino médico-farmacêutico, voltado mais especificamente para a prática farmacêutica. Sua importante contribuição fez com que historiadores de medicina e farmácia brasileiras como Licurgo dos Santos Filho 4 , Messias do Carmo 5 e Coriolano de Carvalho 6 o considerassem como "o mais notável farmacêutico brasileiro do século XIX", referindo-se a ele como o "pai da farmácia brasileira". Ezequiel também se destacou, em uma faceta esquecida, por sua militância política nos tempos da juventude à frente dos liberais exaltados, como panfletário político, reformista social e rebelde das ruas 7 . O CENÁRIOO século XIX já foi reconhecido por muitos autores, como aquele do entusiasmo pelo progresso alicerçado na ciência e na tecnologia. Ocorre o abandono lento e não linear da matriz artesanal dos séculos precedentes. A institucionalização e a profissionalização da ciência marcham juntas, a partir do século XVIII, respaldadas pela crescente ingerência das autoridades políticas nas atividades científicas. Como um dos resultados desse processo de transição...
Este trabalho descreve, analisa e avalia a produção científica de Theodoro Peckolt, naturalista e farmacêutico alemão, e sua contribuição decisiva para o desenvolvimento da fitoquímica no Brasil. Suas realizações são discutidas tendo como pano de fundo o meio cultural e científico do século XIX, compondo o seu legado e influência nas ciências brasileiras.
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