RESUMO. Crianças e adolescentes em situação de rua refletem um sintoma social marcado essencialmente por violência, transgressões, abandono e a precocidade que a vida na rua impõe. Uma realidade perpassada por aspectos sociais, políticos, culturais, históricos, econômicos, que configuram uma complexa trama social. Na experiência em uma instituição (Olinda-Brasil), deparamonos com sujeitos com histórias singulares, que adotaram a mesma saída-a rua-para o conflito vivido. Partindo de um recorte dessa realidade, propomos uma leitura de aspectos da dinâmica familiar que fragilizam o sujeito, como as palavras que lhe são endereçadas, as quais o marcam com atributos que culminam com a identidade "menino de rua". Que lugar é atribuído ao sujeito que faz um rompimento com a casa e a família? Propomos também pensar estratégias de intervenção junto às famílias no sentido de restituir ou construir um lugar de pertencimento para essas crianças e para esses pais no âmbito familiar..
Ce travail part d’une expérience clinique institutionnelle auprès d’adolescents, marqués par la violence, l’abandon, l’exclusion sociale, qui vivent dans la rue (Brésil) et errent en quête d’un lieu vers lequel se tourner. Tandis que, dans la rue, ils se qualifient de « pelletée de gens », une adolescente a un jour appelé sa psychologue une « fouilleuse d’ordures », ce que nous considérons comme une demande d’unification face à la menace de « dilacération ». Nous nous appuyons sur le schéma optique de Lacan afin d’analyser la place qu’occupent ces adolescents et l’institution de l’Assistance sociale qui, en tant qu’adresse symbolique, véhicule l’émergence du sujet.
A errância do adolescente em situação de rua reflete uma segregação social perversa, marcada pela destituição simbólica e pela mutilação social. Em meio ao despedaçamento e ao desamparo, um adolescente enuncia e ameaça: "Vou pintar o terror!". Uma violência que ora se apresenta como um reflexo do organismo ora ancora-se num esboço de discurso endereçado ao Outro, numa tentativa de inscrição. Partimos de uma experiência clínico-institucional (Olinda, PE) e propomos situar, na radicalidade da violência, uma tentativa de enodamento entre o ato e o apelo ao Outro.
"Street kids" seek, in public space, a "way out" for violence, abandonment, ruptures, and complex situations of social vulnerability. In the midst of psychological distress, laceration, as well as the imperative of survival, the appeal and search of the subject for a place of addressing is herein highlighted. Based upon an experience with children and adolescents living on the streets (Olinda -Brazil) and founded on the theoretical contribution provided by Freudian and Lacanian psychoanalysis, questions are raised about the demand addressed to the institution, which, by feeding them with words, plays the role of the Other -treasure of signifiers -giving them symbolic consistency, making a hole in the Real of the street.Keywords: "Street kids"; addressing; word; institution; Psychoanalysis.RESUMO: Na exclusão social, palavras que alimentam e incluem o sujeito. Os "meninos de rua" buscam no espaço público uma "saída" para a violência, o abandono, as rupturas, a complexa situação de vulnerabilidade social. Em meio ao sofrimento psíquico, ao dilaceramento, ao imperativo de sobrevivência, destacamos o apelo e a procura do sujeito por um lugar de endereçamento. Partimos de uma experiência com crianças e adolescentes em situação de rua (Olinda/PE -Brasil) e, baseando-nos no aporte teórico da psicanálise freudlacaniana, indagamos acerca da demanda endereçada à instituição que, ao alimentá-los com palavras, cumpre o papel do Outro -tesouro de significantes -, dá-lhes consistência simbólica, fazendo um furo no Real da rua.Palavras-chave: meninos de rua; endereçamento; palavra; instituição; Psicanálise.
Ce travail part d'une expérience clinique institutionnelle auprès d'adolescents, marqués par la violence, l'abandon, l'exclusion sociale, qui vivent dans la rue (Brésil) et errent en quête d'un lieu vers lequel se tourner. Tandis que, dans la rue, ils se qualifient de « pelletée de gens », une adolescente a un jour appelé sa psychologue une « fouilleuse d'ordures », ce que nous considérons comme une demande d'unification face à la menace de « dilacération ». Nous nous appuyons sur le schéma optique de Lacan afin d'analyser la place qu'occupent ces adolescents et l'institution de l'Assistance sociale qui, en tant qu'adresse symbolique, véhicule l'émergence du sujet.
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