Resumo Frente às novas questões que se colocam, a partir da Reforma Psiquiátrica Brasileira, para os processos de desinstitucionalização da loucura no campo da saúde mental, esta pesquisa se debruça sobre os processos de produção de territórios existenciais na cidade, a partir da experiência de usuários de um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). Guiada pelas pistas do método cartográfico, e através da construção de mapas afetivos e da realização de trajetos pela cidade, foi possível acompanhar como os participantes tecem multiplicidades de territórios e redes vivas ao longo de seus itinerários, escapando de lugares instituídos pela lógica manicomial e concretizando princípios da desinstitucionalização na micropolítica de seu cotidiano. Neste movimento, informam-nos reflexões sobre quais cidades desejamos construir, reinventando coletivamente os territórios urbanos como mais sensíveis e permeáveis às forças instituintes, com novas formas de convivência e produção da diferença. Simultaneamente, trazem reflexões sobre de que formas estas vivências singulares de cidade podem comparecer e potencializar os itinerários terapêuticos de uma clínica que se propõe funcionar a partir da lógica do território.
Frente aos processos sócio-históricos de aprisionamento e silenciamento de sujeitos considerados loucos pelo saber colonial-psiquiátrico, este capítulo pretende trazer reflexões a partir das formas pelas quais estes persistem na atualidade. É traçado um paralelo entre o processo de construção do Outro da modernidade europeia, destacando o papel central da Razão para o pensamento hegemônico moderno, e a violência manicomial brasileira, com seus atravessamentos de raça, gênero e classe. A partir do conceito de pensamento abissal, e da potência a um só tempo disruptiva e reparadora da arte e do delírio, é proposta a ideia de "habitar o abismo" como horizonte ético, epistemológico, estético e político para a construção do conhecimento como ação decolonial. Visando, por fim, identificar caminhos por onde a vida resiste, abrindo brechas dentre as ruínas do mundo em escombros que habitamos, para os mundos que ainda poderemos criar.
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