OBJETIVO: Verificar o efeito do Pacto Pela Saúde na mortalidade prematura (30–69 anos) atribuída a câncer de colo uterino no Brasil e nas suas macrorregiões, utilizando modelagem de séries temporais interrompidas. MÉTODOS: A regressão segmentada foi usada para avaliar “mudança de nível” e “mudança de tendência” das taxas de mortes prematuras por câncer de colo uterino no período pós-Pacto (2010–2018), controlando pelo período pré-Pacto (1998–2006). Entendendo o triênio 2007–2009 como essencial para adesão e implantação da política ele foi excluído da modelagem principal, mas avaliado na análise de sensibilidade. RESULTADOS: De 1998 a 2018, houve mais de 119 mil óbitos por câncer de colo uterino, em mulheres de 30 a 69 anos, no Brasil. A região Norte experimentou as taxas mais altas (> 20 por 100 mil). Comparando à linha de base (1998–2006), a regressão segmentada mostrou progressiva elevação das mortes por câncer de colo uterino no Brasil como um todo (coeficiente angular = 0,513; IC95% 0,430 a 0,596) e nas regiões Sudeste (coeficiente = 0,515; IC95% 0,358 a 0,674), Sul (coeficiente = 0,925; IC95% 0,642 a 1,208), e Centro-Oeste (coeficiente = 0,590; IC95% 0,103 a 1,077). A região Nordeste apresentou os efeitos mais promissores com redução imediata no nível (-0,635; IC95% -1,177 a -0,092) e redução progressiva na tendência de mortes prematuras (coeficiente= -0,151; IC95% -0,231 a -0,007). CONCLUSÕES: As taxas de mortalidade prematuras por câncer de colo uterino são altas no Brasil e nas suas macrorregiões. Esta série temporal interrompida não foi capaz de revelar efetividade das iniciativas relacionadas ao Pacto pela Saúde sobre as mortes prematuras por câncer de colo uterino nacionalmente e tampouco em todas as macrorregiões igualmente. Os melhores resultados estão restritos à região Nordeste.
Introdução: Mortalidade prematura corresponde a óbitos de pessoas na faixa de 30 a 69 anos. Embora o rastreamento do câncer do colo do útero (CCU) seja dirigido prioritariamente a mulheres de 25 a 64 anos, os óbitos acontecem mais frequentemente nessa mesma faixa etária. Objetivo: Estimar as taxas de mortalidade por CCU em Niterói e São Gonçalo, de 2000 a 2015, entre mulheres residentes na faixa de idade de 30 a 69 anos e analisar o efeito da adesão ao Pacto Pela Saúde na mortalidade por esse tipo de câncer. Métodos: Estudo descritivo de séries temporais conduzido com dados de óbitos obtidos no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde DATASUS, consultando o Sistema de Informações sobre Mortalidade. Calcularam-se taxas específicas de mortalidade por CCU, por faixa etária (3039; 40‒49, 50‒59, 60‒69), dos municípios de São Gonçalo e Niterói, de 2000 a 2015. Para o cálculo das taxas específicas, consideraram-se no numerador os óbitos corrigidos (etapas de correção de óbitos: (i) redistribuição dos óbitos por câncer do útero, porção não especificada (C55); (ii) inclusão dos casos de óbito por CID D06 (carcinoma in situ do colo do útero) e N87 (displasia acentuada do colo do útero); (iii) redistribuição dos óbitos com causa básica mal definida (CID R00-R99)) e, no denominador, considerou-se a população residente na mesma faixa etária e localidade. Fez-se a padronização das taxas segundo a população mundial de 1960, e apresentaram-se os coeficientes por 100 mil mulheres. Realizaram-se as análises de tendência pela inspeção visual de gráficos e pela regressão de Prais-Winsten, para o período todo (2000‒2015), para o período antes do Pacto pela Saúde (2000‒2006) e para o período depois da sua implantação (2009‒2015). Resultados: As taxas de São Gonçalo foram sistematicamente mais elevadas que as de Niterói. As faixas de idade mais altas tiveram também as maiores taxas em ambos os municípios. No início do período de análise (ano 2000), as taxas foram de 12,48 por 100 mil mulheres e de 20,64 por 100 mil mulheres para Niterói e São Gonçalo, respectivamente. No encerramento do período (2015), São Gonçalo apresentou taxas mais elevadas (28,53 por 100 mil mulheres) que no início do período, enquanto Niterói apresentou importante redução (3,86 por 100 mil). A regressão de Prais-Winsten mostrou tendência estacionária em ambos os municípios e não evidenciou efeito da adesão ao Pacto pela Saúde nesse indicador de mortalidade. Conclusão: A análise de situação de saúde ao longo dos anos de 2000 a 2015 indica que a mortalidade prematura por CCU é alta em Niterói e em São Gonçalo, mas é mais grave neste último município. A implantação do Pacto pela Saúde e as políticas dele derivadas não impactaram esse importante indicador de saúde, embora os dois municípios tenham aderido precocemente às determinações de gestão e político-administrativas nele contidas.
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