O termo pós-verdade foi escolhido como palavra do ano pelo dicionário Oxford em 2016. Hoje, vemos a proliferação do termo fake news bem como a divulgação de visões alternativas à ciência, como o terraplanismo, terapias integrativas, e negação do aquecimento global antropogênico. Não raramente, o pós-modernismo é responsabilizado por subsidiar teoricamente tais movimentos. No presente artigo, defendemos a tese de que tanto o discurso oficial da ciência (discurso modernista) bem como algumas de suas principais críticas (inclusive o pós-modernismo) parecem ser proposições que sustentam o atual cenário de produção e proliferação de pós-verdades. A partir dos Estudos das Ciências de Bruno Latour, fazemos uma reflexão sobre as bases metafísicas de tais perspectivas e apresentamos uma explicação de como se dá a formação da “pós-verdade” através de dois mecanismos distintos, a dizer, a apresentação de uma visão reduzida da natureza da ciência e o apagamento da rede que sustenta proposições científicas. Defendemos, também, como a Educação em Ciências pode se valer de uma base metafísica alternativa, desenvolvida por Latour e colaboradores em dialogia com diferentes vertentes filosóficas e sociológicas, contribuindo para a formação de cidadãos capazes de se posicionar criticamente no cenário sociocientífico contemporâneo.
Nathan Willig Lima [nathan.lima@ufrgs.br] Matheus Monteiro Nascimento [matheus.monteiro@ufrgs.br] Fernanda Ostermann [fernanda.ostermann@ufrgs.br] Cláudio José de Holanda Cavalcanti [claudio.cavalcanti@ufgrs.br] Programa de Pós-Graduação em Ensino de Física, Universidade Federal do Rio Grande do Sul -UFRGS. ResumoA linguagem e o discurso desempenham um papel importante nos Estudos das Ciências (Science Studies) e na Pesquisa em Educação em Ciências. Nesse artigo, buscamos contribuir para essa tendência de pesquisa apresentando uma discussão sobre a Teoria do Enunciado Concreto de Bakhtin. Em especial, discutimos como a visão de mundo de Bakhtin se opõe à metafísica kantiana e se apoia em uma filosofia fenomenológica, influenciada pela Física Moderna, pelo Marxismo e pela monadologia de Leibiniz. À luz dessa discussão filosófica, apresentamos, então, sua Teoria do Enunciado Concreto e traduzimos sua visão de mundo em possíveis reflexões metodológicas para os Estudos das Ciências e para a Pesquisa em Educação em Ciências. A partir disso, fazemos uma proposta de "trajetória analítica", a qual serve como uma sugestão de possível organização da Interpretação Metalinguística de Bakhtin. Por fim, exemplificamos a utilização de tal trajetória analítica. Palavras-Chave:Bakhtin; Metalinguística; Análise do Discurso; Linguagem. AbstractLanguage and discourse play an important role in Science Studies and in the Research in Science Education. In this article, we seek to contribute to this research trend by discussing Bakhtin's Theory of Concrete Utterance. We discuss how Bakhtin's world view opposes Kantian metaphysics and rests on a phenomenological philosophy, influenced by Modern Physics, Marxism and Leibiniz's monadology. Under the light of this philosophical discussion, we present his Theory of Concrete Utterance and we translate his worldview into possible methodological reflections for Science Studies and for the Research in Science Education. From this perspective, we make a proposal of "analytical trajectory", which serves as a suggestion of a possible organization of Bakhtin's Metalinguistic Interpretation. Finally, we exemplify the use of such analytical trajectory. INTRODUÇÃOO século XX é marcado pela ascensão de diferentes tendências filosóficas, como a valorização da empiria (positivismo lógico), do "mundo da vida" (fenomenologia) e da matéria (marxismo). Em especial, a partir dos escritos de Ludwig Wittgenstein (1889-1951, a linguagem ganhou destaque como objeto de estudo para muitos pesquisadores, desempenhando não só um papel na descrição do mundo; mas sendo, outrossim, parte do mundo: "A linguagem tornou-se, em si, sua própria lei e seu próprio mundo" (Latour, 2013, p. 63). Nesse sentido, diferentes visões ontológicas e epistemológicas fundamentaram estudos semióticos, linguísticos e discursivos.
Neste trabalho propomos a visão não moderna de Bruno Latour como referencial teórico para fundamentar a Educação em Ciências. Apresentamos os conceitos basilares de sua teoria, partindo da Antropologia Simétrica e suas implicações ontológicas. À luz de conceitos como híbridos, redes, mediação e purificação, explicamos o seu posicionamento “não moderno” e interpretamos conclusões polêmicas de A Vida de Laboratório. Trazemos, por fim, uma discussão sobre implicações da visão de Latour para a área da Educação em Ciências, sugerindo quatro pontos principais: a abordagem da ciência em ação, a preocupação com o processo de formação das teorias científicas e não somente a apresentação das teorias “prontas”, a problematização das redes sociotécnicas e a formação de uma comunidade de leitores escritores.
The Mach–Zehnder interferometer has played an important role both in quantum and classical physics research over the years. In physics education, it has been used as a didactic tool for quantum physics teaching, allowing fundamental concepts, such as particle–wave duality, to be addressed from the very beginning. For a student to understand the novelties of the quantum scenario, it is first worth introducing the classical picture. In this paper, we introduce a new version of the software developed by our research group to deepen the discussion on the classical picture of the Mach–Zehnder interferometer. We present its equivalence with the double slit experiment and we derive the mathematical expressions relating to the interference pattern. We also explore the concept of visibility (which is very important for understanding wave–particle complementarity in quantum physics) to help students become familiar with this experiment and to enhance their knowledge of its counterintuitive aspects. We use the software articulated by the mathematical formalism and phenomenological features. We also present excerpts of the discursive interactions of students using the software in didactic situations.
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