ResumoEste artigo tem como objetivo entender os processos recentes de reestruturação urbana que vêm tomando corpo no centro antigo de Salvador, mais particularmente, as ações corporativas e públicas apoiadas na lógica da gentrificação e da privatização do espaço urbano. Para tanto, concentramos a presente análise na proposta de intervenção no Bairro 2 de Julho, buscando entender como esse processo vem se constituindo nesta área reconhecida pela Unesco como Patrimônio da Humanidade. Nos empreendimentos privados apoiados pelo poder público, evidencia-se processos de exclusão social, produzidos por um modelo de planejamento urbano excludente pautado na concepção do urbanismo corporativo, que se utiliza de mecanismos de desvalorização e revalorização de patrimônio histórico-cultural. Contribuindo assim, para facilitar e ampliar o processo de ressignificação do patrimô-nio urbano e a expulsão da população mais pobre.Palavras-chave: centro antigo de Salvador; gentrificação; Bairro 2 de Julho; Patrimônio da Humanidade; privatização do espaço. AbstractThe purpose of this article is to understand the recent urban restructuring processes that have taken shape in the historic center of Salvador, particularly the corporate and governmental actions supported by the logic of gentrification and privatization of the urban space. The analysis focuses on the proposal for intervention in the Neighborhood 2 de Julho, in order to understand how this process has taken place in this area, which has been recognized by Unesco as a World Heritage site. In the private developments supported by the government, social exclusion processes are evident. They are produced by an exclusionary model of urban planning based on a conception of corporate urbanism that uses mechanisms of devaluation and revaluation of the historic-cultural heritage. This contributes to facilitate and expand the process of resignification of the urban heritage and the expulsion of the poor population.
As favelas e os condomínios fechados expressam a dualidade das formas de morar de ricos e pobres na metrópole paulistana. As ocorrências desses assentamentos acontecem desde a primeira metade do século XX, no caso das favelas, e a partir dos anos 1970, no caso dos condomínios e loteamentos fechados. Este trabalho pretende analisar e identificar tanto os espaços das moradias em condição de extrema vulnerabilidade, particularmente as favelas e unidades habitacionais localizadas em assentamentos periféricos precários, bem como as formas de estruturação do espaço de morar dos ricos e da classe média, destacando, preferencialmente, os condomínios horizontais fechados, como formas de moradia que representam os dois extremos da desigualdade socioterritorial existente no contexto urbano e metropolitano de São Paulo. Trataremos também de refletir sobre as novas formas de apropriação do espaço de morar dos ricos e dos pobres, procurando compreender se existe realmente um novo padrão de ocupação do solo na Região Metropolitana de São Paulo. PALAVRAS-CHAVE: favelas, condomínios fechados, exclusão socioespacial, RMSP. INTRODUÇÃOAs favelas e os condomínios fechados vêm sendo usualmente associados à dualidade das formas de morar de pobres e ricos, respectivamente, na metrópole paulistana. As ocorrências desses assentamentos acontecem desde o inicio do sécu-lo XX, no caso das favelas (desde os anos 1940, no caso das favelas paulistanas), e a partir dos anos 1970, no caso dos condomínios e loteamentos fechados. A segregação socioterritorial tem se dado no contexto das cidades brasileiras historicamente, de várias formas: cortiços, bairros segregados, bairros altos e bairros baixos, etc. Se, de fato, a segregação socioterritorial das cidades brasileiras não é um fenômeno recente, as favelas e os loteamentos e condomínios fechados se consolidam como paradigma da segregação socioespacial brasileira a partir de meados dos anos 1980. Apesar de fenômenos distintos, essas formas de moradia representam dois extremos da desigualdade socioterritorial existente no contexto urbano metropolitano.Para Mike Davis (2006), as favelas são a expressão mais clara desse novo modelo de desenvolvimento urbano. Para o autor de Planeta Favela, nas cidades pós-modernas do século XXI, ao contrário do que previam os urbanistas, verifica-se que:... as cidades do futuro, em vez de feitas de vidro e aço, como fora previsto por gerações anteriores de urbanistas, serão construídas em grande parte de tijolo aparente, palha, plástico reciclado, blocos de cimento e restos de madeira. Em vez das cidades de luz arrojando-se aos céus, boa parte do mundo urbano do século XXI instala-se na miséria, cercado de poluição, excremento e deterioração. Na verdade, o bilhão de habitantes que moram nas favelas pós-modernas podem olhar com inveja as ruínas das robustas casas de barro de Çatal Hüyük, na Anatólia, construídas no alvorecer da vida urbana há 9 mil anos (p.29).
Este artigo tem como objetivo analisar o mercado imobiliário de locação em Salvador. Num primeiro momento, caracterizaremos o problema habitacional em Salvador, para o que nos apoiaremos nas diretrizes e ações previstas no Plano Municipal de Habitação de Interesse Social (PMHIS). Em seguida, trataremos das políticas implantadas pelos governos do estado e federal, destacando a experiência do Programa de Arrendamento Residencial (PAR) e incorporando algumas considerações sobre o Programa Minha Casa, Minha Vida. Também será abordada a questão do mercado de locação em Salvador a partir do perfil de moradores e da dinâmica do mercado.
Este trabalho avalia impactos do Programa de Recuperação Ambiental e Urbanização na área da bacia da represa Guarapiranga. Foi realizado dentro do Projeto Cities and Health em parceria da Organização Mundial de Saúde, Kobe Centre do Japão, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo e da Prefeitura Municipal de São Paulo.Para avaliação foram escolhidas duas favelas abrangidas pelas intervenções do Programa: Jardim Souza, com 552 domicílios e área de 6.011,86 m² e Jardim Arnaldo com 542 famílias e área de 28.210,00 m , ambas no Município de São Paulo, distrito do Jardim Ângela, à margem esquerda da represa Guarapiranga e sub-bacia do córrego Guavirituba. São núcleos próximos, inseridos no mesmo contexto socioeconômico e ambiental. A sub-bacia do Guavirituba foi identificada como responsável pelo maior aporte de cargas poluidoras à Represa, sendo priorizada pelas ações de saneamento. A favela Jd. Souza teve sua urbanização concluída em 1998, mas a favela Jd. Arnaldo ainda não tinha sofrido as intervenções, na ocasião da presente pesquisa. A comparação entre as duas, como exemplos da situação anterior e posterior às ações do Programa, foi objeto deste artigo. Uma das virtudes do Programa foi atuar em ocupações irregulares e em favelas situadas na área de proteção dos mananciais, buscando a compatibilização da moradia dos pobres e a manutenção da qualidade ambiental da represa. Ainda que as soluções não tenham causado o efeito desejado, ao intervir nestas áreas, o poder público demonstra capacidade de reconhecer o problema, o primeiro passo para resolvê-lo.
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