Introdução: A incidência do câncer de estômago caiu bastante desde o início do século passado. Provavelmente em decorrência da mudança dos hábitos alimentares, melhores práticas de conservação dos alimentos da redução da prevalência e tratamento do Helicobacter pylori. O câncer gástrico (CG) é o quarto tumor maligno mais frequente do mundo, no Brasil, a estimativa de incidência do CG conforme o Instituto Nacional do Câncer (INCA-MS) para 2014 foi de 12.870 casos novos em homens e 7.520 em mulheres para o Brasil, no ano de 2014. Esses valores correspondem a um risco estimado de 13,19 casos novos a cada 100 mil homens (5º mais incidente) e 7,41 a cada 100 mil mulheres (7º mais incidente). A infecção pela bactéria Helicobacter Pylori aflinge cerca de 50% da população mundial e está relacionada a gastrite crônica assintomática e perda de acidez gástrica. A exposição das células epiteliais gástricas a este agente resulta em reações inflamatórias e imunológicas induzindo a ativação de oncogenes e a inativação de genes supressores do tumor, principalmente no carcinoma gástrico do tipo intestinal. Adenocarcinomas constituem mais de 95% dos tumores gástricos representando o tipo histológico mais frequente, sendo divididos entre os tipos morfológicos: intestinal e difuso. O tipo intestinal é relacionado ao H. Pylori, ao tabaco e dieta. É mais prevalente em áreas de risco, mais comum em homens e faixa etária mais elevada. O tipo difuso geralmente tem pior prognóstico e ocorre em indivíduos mais jovens. Outros tipos histológicos incluem: tumor carcinóide, tumor do estroma gastrointestinal (GIST), carcinomas epidermóides e linfomas. Vale ressaltar que o estômago é o sítio mais comum dos linfomas do trato gastrointestinal. O Hospital Universitario Oswaldo Cruz (HUOC) tem uma grande demanda no que se refere aos anatomopatológicos de estômago, sendo necessário avaliar e traçar o perfil epidemiológico dessas amostras no serviço. Metodologia: Foi selecionada uma amostra aleatória de 234 biópsias de estômago de pacientes que realizaram Endoscopia Digestiva Alta no ano de 2013 no HUOC, Pernambuco, sendo revisados seus dados histopatológicos. Resultados: Foi observada predominância do sexo feminino, com 54,7% da amostra e a média de idade foi de 51 anos. Através de exame realizado com amostra colhida da mucosa gástrica, aproximadamente 50% apresentaram gastrite, sendo 37,5% gastrite crônica, 10% já com presença de metaplasia intestinal e 7,5% gastrite erosiva. Pangastrite foi observada em 30% dos pacientes, sendo 17,5% crônica, 10% inespecífica e 2,5% leve. Presença de Helycobacter pylori foi encontrada em 25,4%. O Adenocarcinoma foi evidenciado em 7,5% das amostras, Adenoma tubular em cerca de 3% e o tumor estromal do tubo gastro-intestinal em apenas 1,5%.
SFS, masculino, 50 anos, chegou ao serviço com queixas de dor epigástrica, perda ponderal em torno de 19 Kg em três meses e disfagia para sólidos. Realizou Endoscopia Digestiva Alta em janeiro do corrente ano, a qual demonstrou uma lesão ulcerada de corpo e antro gástrico. EDA, sugestiva de Linite Plástica. O resultado do anátomo patológico confirma a existência de um adenocarcinoma pouco diferenciado, com células em Anel de Sinete. Realizou tomografia do abdome total, o qual reforçou a impressão de se tratar de um caso de Linite Plástica. O paciente é tabagista e etilista pelos últimos 30 anos. Não apresenta histórico familiar de neoplasias conhecidas na família. Não apresentava queixas hemorrágicas. O PS Score -ECOG do paciente foi 1. Foi colocado em programação de Quimioterapia Peri-operatória com DCF (DCF 3X + cirurgia + DCF 3x). O paciente foi submetido à gastrectomia total com linfadenectomia DI, em virtude do intra-operatório ter-se observado múltiplos implantes peritoneais. A cirurgia transcorreu sem intercorrências, bem como o pós-operatório imediato, recebendo alta hospitalar no nono DPO. Todavia, retornou quatro dias após, com forte dor abdominal e vômitos. Foi internado, iniciada hidratação, antibiótico-terapia e levado ao bloco cirúrgico, cujo achado, demonstrou peritonite difusa por fístula esôfago-jejunal. Em virtude do grande edema de alças e distensão, foi optado por colocar o paciente em peritoneostomia e levado à UTI (fotos 1, 2 e 3). No dia seguinte foi instalado curativo à vácuo (foto 4). Após cinco dias, foi retirado o primeiro curativo (foto 5) e instalado o segundo curativo (foto 6). Naquele momento, já estava demonstrada a melhora da condição local do abdome, com selamento das alças, ausência de coleções abdominais e a fístula orientada. O paciente já se encontrava extubado, sem drogas vaso-pressoras e com parâmetros clínicos e metabólicos controlado. Assim permaneceu por mais quatro dias, quando veio a apresentar parada cardíaca súbita e choque cardiogênico, seguido por grande instabilidade hemodinâmica, refratária à terapêutica, seguida por óbito. O quadro foi sugestivo de IAM ou embolia pulmonar maciça, todavia, foi fornecida a declaração de óbito sem encaminhamento ao serviço de verificação de óbitos local. O presente caso, ilustra bem a importante contribuição da terapia à vácuo em pacientes com Abdome Aberto. Tal procedimento, promove a retirada do exsudato inflamatório do abdome, retirada de líquidos, com diminuição dos edemas, diminui a concentração de oxigênio no meio, dificultando assim, o crescimento bacteriano, e ainda, por outro lado, estimula a oxigenação tecidual e a granulação tecidual, melhorando as condições locais peritoneais e controle do foco infeccioso e facilitando o fechamento definitivo da parede abdominal. O anátomo patológico da peça cirúrgica estadiou o paciente como T4 N2 M1.
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