A descoberta das propriedades terapêuticas das plantas é algo antigo, mas para sua utilização, precisa-se identificar as espécies corretamente, e muitas vezes, caracteres morfológicos não são o suficiente. Portanto, o objetivo deste trabalho foi diferenciar através da anatomia, histoquímica e fitoquímica três espécies do gênero Ocimum, amplamente utilizadas para produção de remédios naturais. Para tanto, foram coletadas Ocimum basilicum, O. gratissimum e Ocimum campechianum em quintais urbanos no município de Alta Floresta, estado de Mato Grosso, Brasil. Anatomicamente as espécies Ocimum basilicum e O. gratissimum são similares, enquanto a diferença de O. campechianum se dá pelo número de feixes vasculares e estrutura de raiz. Os testes histoquímicos mostraram a semelhança nos compostos produzidos de potencial medicinal, assim como a fitoquímica revelou a presença de taninos, flavonoides e alcaloides, compostos antioxidantes, expectorantes e anestésicos. A partir dos resultados obtidos, podemos concluir que as espécies possuem anatomia similar assim como a presença de compostos secundários, os quais são tradicionalmente indicados para uso medicinal.

Eumachia DC. é um gênero de Rubiaceae que recentemente teve sua circunscrição ampliada devido a estudos baseados em dados moleculares e distribuição geográfica. Rubiaceae, representanda por 13.235 espécies distribuídas em 614 gêneros é uma das maiores famílias de Angiospermas. Diante dessa grande diversidade e presença em diferentes estratos vegetacionais, espécies da família Rubiaceae possuem grande importância para estudos relacionados a ecologia, conservação e preservação em regiões tropicais. A anatomia ecológica pode ser uma abordagem útil para compreender as mudanças estruturais e entender os processos de colonização e sobrevivência de espécies. O objetivo deste estudo foi comparar a anatomia foliar de Eumachia kappleri (Miq.) Delprete & J.H. Kirkbr., ocorrente em três diferentes áreas, buscando identificar caracteres-chave que mostrem estratégias adaptativas em seus ambientes naturais. Os indivíduos foram coletados em três áreas inseridas em uma região onde ocorrem duas estações climáticas definidas. Para o estudo dos caracteres anatômicos, em cada área foram identificados três indivíduos e, destes, coletadas cinco folhas adultas, antes totalmente expostas ao sol, que foram fixadas em FAA50 por 48 horas e depois conservadas em etanol 70%. Posteriormente, com técnicas usuais em anatomia vegetal e com uso de lâminas de aço, foram obtidas secções transversais e procedeu-se a dissociação de epidermes. Lâminas histológicas semi-permanentes foram montadas, para visualização e registro fotográfico em fotomicroscópio fotônico trinocular acoplado a um computador. Para o estudo quantitativo serviram onze atributos anatômicos, analisados com o auxílio do software de análise de imagem. Após normalizar os dados necessários, uma matriz de correlação foi construída e posteriormente uma MANOVA foi realizada. Após identificar quais variáveis colaboraram para a significância da MANOVA, foi aplicado o teste de Tukey. Através da MANOVA foi possível identificar diferença significativa entre as áreas. Na maioria das variáveis morfoanatômicas os indivíduos da área Reserva FA (Reserva do Floresta Amazônica Hotel Resort) apresentaram medidas significativamente maiores que as outras duas áreas. A análise da anatomia foliar mostrou que E. kappleri apresenta características anatômicas que são consideradas comuns à família, porém quando comparadas em ambientes distintos, diferem em alguns aspectos. Conclui-se que algumas das variações anatômicas entre as amostras analisadas como espessura de epiderme e mesofilo favorecem a aclimatação da espécie às clareiras florestais, tornando-a bem ajustada em ambientes abertos.

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