Resumo A pesquisa buscou identificar e avaliar os problemas bioéticos envolvidos no cotidiano de trabalho de profissionais de duas equipes da Estratégia Saúde da Família. Neste estudo qualitativo, realizaram-se entrevistas individuais semiestruturadas com 16 profissionais da equipe de saúde da família de Salvador, Bahia, de fevereiro a outubro de 2015. Utilizou-se a análise de conteúdo proposta por Bardin, assim como a bioética principialista e o pensamento complexo de Edgar Morin. Identificaram-se duas categorias: 'Problemas bioéticos no cotidiano de trabalho da equipe de saúde da família' e ' A relação interprofissional na equipe de saúde da família'. Na primeira categoria, evidenciaram-se falta de companheirismo e colaboração entre os membros da equipe; ações verticalizadas da gestão; dificuldades em preservar a privacidade do usuário e dos profissionais. Na segunda, destacaram-se a disparidade de poder nas relações interprofissionais e o encontro 'frio' entre núcleo de apoio e assistência à saúde da família e equipe. Concluiu-se que a equipe de saúde da família não tem avançado no aperfeiçoamento do trabalho em equipe interdisciplinar. Os problemas identificados ferem os princípios do enfoque principialista da bioética, esgarçam o tecido social do trabalho na Estratégia Saúde da Família e contribuem para a descaracterização da atenção básica. Palavras-chave bioética; Estratégia Saúde da Família; relações interprofissionais. AbstractThis study sought to identify and evaluate the bioethical issues involved in the daily work of professionals comprising two Family Health Strategy teams. In this qualitative study, we conducted semi-structured individual interviews with 16 professionals from the Salvador, Bahia, Brazil, family health team from February to October 2015. Content analysis proposed by Bardin was used, as was mainstream bioethics and the complex thinking of Edgar Morin. Two categories were identified: 'Bioethical issues in the daily work of the family health team' and 'Interprofessional relationships in the family health team.' In the first category, there was evidence of a lack of fellowship and collaboration among team members; vertical management actions, and difficulties in preserving the privacy of users and professionals. In the second one, standing out were power disparity in interprofessional relations and the 'cold' meeting between the support center and family health care and team. It was concluded that the family health team has not advanced in improving interdisciplinary teamwork. The issues that were identified undermine the principles of the mainstream approach of bioethics, they tear the social fabric of work in the Family Health Strategy, and contribute to the de-characterization of basic care.
Resumo Buscou-se avaliar os limites da Estratégia Saúde da Família (ESF) a partir do cotidiano de trabalho de seus profissionais. Neste estudo qualitativo, realizaram-se entrevistas individuais semiestruturadas com 16 profissionais da equipe de Saúde da Família de um município da região metropolitana de Salvador, Bahia. O exame dos dados utilizou a análise de conteúdo proposta por Bardin e os referenciais da Política Nacional de Atenção Básica e da Política Nacional de Humanização para Atenção Básica. Identificaram-se duas categorias: a atenção básica (AB) do Sistema Único de Saúde (SUS) e a cogestão e humanização na AB. Na primeira categoria, evidenciou-se o contexto atual que permeia a AB, caracterizando os desafios que se apresentam no cotidiano de trabalho dos profissionais da ESF e as dificuldades encontradas para mudar o modelo de atenção à saúde. Na segunda categoria, destacaram-se as condições concretas em que se realizam as práticas no cotidiano de trabalho, indo de encontro aos pressupostos da humanização. Os problemas apresentados evidenciam descaracterização da AB, contradizem os preceitos da ESF e revelam dificuldades na proposta de reorientação do modelo de saúde.
A partir da reforma das Diretrizes Curriculares dos Cursos de Graduação em Medicina (DCN), os estudantes de medicina passaram a vivenciar a Atenção Primária à Saúde (APS) em seu contexto mais amplo. Porém, a satisfação dos profissionais de saúde frente a essa integração ensino-serviço-comunidade ainda não é plenamente evidenciada. Este estudo tem como objetivo determinar a satisfação dos profissionais das Equipes de Saúde da Família (eSF) em relação à presença de estudantes de medicina na APS. Trata-se de um estudo transversal com 95 profissionais de saúde que trabalham em Unidades de Saúde da Família (USF) do município de Lauro de Freitas-BA. A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário elaborado pelos pesquisadores, e a satisfação dos profissionais quanto à presença de estudantes de medicina foi mensurada através da aplicação da escala Likert e da Escala Visual Analógica (EVA). Em relação à presença desses estudantes nas USFs, 40% dos profissionais concordam plenamente que a rotina de trabalho teve uma mudança positiva e 48,4% deles acreditam que a presença de estudantes contribui para a agilidade do serviço. O nível de satisfação com a presença dos estudantes nas USFs, apresentou mediana de 8,0 (7,0 – 10,0) na EVA.
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