Os estudos de memória organizacional vêm sendo criticados por sua visão instrumental, a-histórica, da memória. Como alternativa, Rowlinson, Booth, Clark, Delahaye e Procter (2010) propuseram a abordagem dos estudos de memória da sociologia e da história em sua vertente estrutural, na qual a memória priorizada é a supraindividual, acessada pelas comemorações e monumentos. Consequentemente, a memória individual e a História Oral como opções epistemológicas para se entender uma coletividade no tempo e no espaço acabaram em segundo plano. Sendo assim, o artigo tem como objetivo propor a História Oral como mais uma possibilidade teórico-metodológica aos estudos de memória nas organizações, por meio da discussão (1) sobre as distintas historiografias dos estudos de memória e da História Oral, assim como seus respectivos entrelaces com a pesquisa organizacional, e (2) sobre dois possíveis caminhos para se partir da memória individual para a social, apresentando exemplos clássicos da literatura de História Oral.
Resumo O artigo analisa a representação discursiva da mídia escrita hegemônica sobre a privatização das telecomunicações no Brasil. Desde a redemocratização política no país, a privatização de empresas estatais permanece na pauta de governos de diferentes posições ideológicas. Assumindo a grande imprensa como uma das principais influenciadoras da opinião pública, analisamos um corpus de 869 artigos de jornais de grande circulação e o comparamos a 344 artigos de mídias pró e antiprivatização. A análise, quantitativa e qualitativa, mostrou como a imprensa restringe o campo lexical das privatizações às empresas e aos negócios, sugerindo o discurso de que as telecomunicações são como qualquer outro negócio e tornando desnecessária sua discussão com a sociedade. A análise das principais colocações também mostrou como a privatização vem sendo representada como um marco histórico. A pesquisa contribui de duas maneiras para a administração pública e para os estudos organizacionais: traz uma materialidade para a discussão acerca das representações da privatização e apresenta uma metodologia de análise discursiva com base em grandes coleções de documentos.
A crescente pesquisa em Empreendedorismo Social (ES) vem trazendo novas contribuições para a busca de soluções de problemas sociais complexos. Pesquisas na área têm enfatizado os desafios do ES, como a gestão da tensão entre objetivos sociais e de negócios e a mobilização criativa de recursos escassos. Embora essas questões sejam relevantes, pouca ênfase tem sido dada a uma questão fundamental para o ES, como o engajamento da comunidade-beneficiária. Este artigo visa contribuir nesse sentido, respondendo a seguinte pergunta: “Como ONGs tentam engajar comunidades pobres e marginalizadas em seus programas para mudanças sociais?” Ao levantar as estratégias utilizadas pela ONG Pro-Natura na implementação do programa de desenvolvimento socioeconômico na favela do Salgueiro, na cidade do Rio de Janeiro, o estudo de caso contribui para a pesquisa em ES, destacando questões como ganho de confiança pela ONG e desenvolvimento do capital social da comunidade, essenciais para a atividade de ES.
Oral history has been increasingly used in management research in recent years, bringing to the forefront the view of individuals about past organizational phenomena. However, this use has not yet fully explored the construction of knowledge about the past. Instead, it has focused on studying the present and, therefore, hardly distinguishes oral history from qualitative methods such as case studies and in-depth interviews. How then should we use oral history and its historiography that has made it quite distinctive in history? How should we use individuals’ views to construct new knowledge of the past? This paper addresses these two questions, advocating for the use of oral history both as a theoretical-methodological approach and subfield of history, as well as firmly engaged with historical organizational studies. To that end, we review the trajectory of oral history, then we analyze 16 Brazilian papers on oral history, highlighting the distinctive characteristics of the approach, and, finally, we present research possibilities in historical organizational studies.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.